'A Substância', com Demi Moore, é horror original, mas peca pelo exagero

Longa de Coralie Fargeat tem se destacado pela abordagem sobre a ditadura de beleza e o estigma do envelhecimento entre as mulheres da mídia

Publicado em 04/10/2024 às 11:51

Produzido pela MUBI em colaboração com a Imagem Filmes, "A Substância", da diretora francesa Coralie Fargeat, tem se tornado um sucesso nos cinemas pelo "boca a boca" das ruas e das redes. O filme tem se destacado pela abordagem sobre a ditadura de beleza e o estigma do envelhecimento entre as mulheres - especialmente as estrelas da mídia.

A protagonista, Elisabeth Sparkle, é vivida por Demi Moore, uma atriz que sentiu na pele os dilemas impostos pelo longa. Com um passado glorioso no cinema, Sparkle é uma celebridade em decadência, trabalhando programa de aeróbica na TV. A abertura do filme, com uma estrela na calçada da fama que vai sendo ignorada por transeuntes com o passar o tempo, é genial.

Após ser desligada da atração por conta da idade, ela decide usar uma estranha droga do mercado negro: uma substância que replica células e cria temporariamente uma versão mais jovem e melhor de si mesma. Essa nova versão dura uma semana, então as versões "revezam". A partir de então, surge a personagem Sue, interpretada por Margaret Qualley e que dá origem a uma série de acontecimentos bizarros.

Desconforto

A direção de Coralie Fargeat faz questão de gerar desconforto já a partir da fotografia. Desde pequenos detalhes, até pela forma como o chefe de Sparkle, Harvey (Dennis Quaid), come um prato de camarões, até a cena em que o clone é obrigado a costurar o corpo da sua versão original.

Elisabeth e Sue "são uma só", ao mesmo tempo em que desenvolvem visões completamente distintas - aí que mora o perigo e o principal dilema de "A Substância".

Com uma premissa sci-fi original e um tom que facilmente se integrará à cultura pop, o filme talvez só exagere justamente nessa busca pela repulsa constante, sobretudo em seu encerramento.

O final é muito, muito trash. Por outro lado, se afasta de um final poético como "Cisne Negro", de Darren Aronofsky, (que também trata da "melhor versão de si") e escracha até o limite. O equilíbrio e sutileza talvez tornassem o filme ainda mais marcante.

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