CAIXA Cultural Recife | Notícia

Exposição "Gold – Mina de Ouro Serra Pelada" de Sebastião Salgado chega ao Recife nesta terça-feira (25)

Mostra traz 56 fotografias do premiado fotógrafo, retratando o maior garimpo a céu aberto do mundo e sua história marcada por ambição e desafios

Por Giovanna Lopes Publicado em 24/03/2025 às 13:56

A CAIXA Cultural Recife recebe, a partir do dia 25 de março de 2025, a exposição "Gold – Mina de Ouro Serra Pelada", do renomado fotógrafo Sebastião Salgado. A mostra apresenta um conjunto de 54 fotografias capturadas na década de 1980, revelando o cotidiano dos milhares de garimpeiros que se aventuraram na maior mina de ouro a céu aberto do mundo, localizada na Amazônia Paraense. A entrada é gratuita e a exposição fica em cartaz até 29 de junho.

A curadoria e o design da exposição são assinados por Lélia Wanick Salgado, esposa e parceira de Sebastião Salgado, responsável pela organização de sua obra. Como parte da programação, no dia 26 de março, haverá um bate-papo com Álvaro Razuk, produtor da mostra, que discutirá os aspectos visuais e arquitetônicos da exposição.

O olhar de Salgado sobre Serra Pelada

Na década de 1980, a descoberta de ouro em Serra Pelada desencadeou uma verdadeira corrida do ouro no Brasil. No auge, cerca de 50 mil garimpeiros trabalhavam no local, escavando o solo em busca do metal precioso. A mina, antes um morro, transformou-se em uma imensa cratera e, posteriormente, em um lago.

Sebastião Salgado passou um mês em Serra Pelada, registrando as duras condições de trabalho, o ambiente de superlotação e a esperança dos garimpeiros. Suas fotos mostram os trilhos precários da cratera, os homens cobertos de lama, a exaustão e a euforia ao encontrar ouro. "O ouro é um amante imprevisível. Alguns garimpeiros ficaram ricos, outros perderam tudo", lembra Salgado, que viu de perto a efervescência do garimpo e suas consequências.

Além da luta diária dos trabalhadores, a exposição também destaca a vigilância rigorosa no local, onde mulheres, armas e álcool eram proibidos, e a violência era controlada pela polícia federal. Cada detalhe das imagens captadas por Salgado traz à tona um capítulo marcante da história brasileira, que se tornou lenda e ainda ecoa na memória coletiva.

Um dos maiores fotógrafos do mundo

Nascido em 1944, em Minas Gerais, Sebastião Salgado iniciou sua carreira como fotógrafo em 1973, após se formar em economia. Trabalhou com renomadas agências como Magnum Photos, até fundar, em 1994, a Amazonas Images, ao lado de Lélia Wanick Salgado. Seu trabalho já percorreu mais de 100 países e foi publicado em diversos livros, como "Trabalhadores" (1993), "Gênesis" (2013) e "Amazônia" (2021).

Salgado recebeu prêmios internacionais, como o Príncipe das Astúrias de Artes e o Grand Prix National. Em 2014, sua trajetória foi retratada no documentário "O Sal da Terra", codirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, indicado ao Oscar de Melhor Documentário.

Além de sua carreira fotográfica, Salgado também se dedica à preservação ambiental. Desde 1990, ele e Lélia lideram o Instituto Terra, que promove o reflorestamento da Mata Atlântica e ações de educação ambiental.

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