O calendário de estreias dos principais lançamentos no cinema é algo muito bem planejado, com uma igualmente bem pensada antecedência. As planilhas para este 2020 já estavam, em sua maioria, bem resolvidas, das apostas dos blockbusters aos sopros independentes. Tudo até o coronavírus, que começou adiando lançamentos por preocupações sobretudo com o imenso mercado chinês, mas que agora não encontram condições de serem exibidos em nenhum lugar do mundo. E nem tão cedo, levando em conta previsões realistas de um controle da crise apenas em agosto. Hoje, estima-se um impacto na casas dos US$ 20 bilhões, além dos 120 mil trabalhadores desempregados só em Hollywood.
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Dentre as gigantes, a Disney talvez seja uma das mais afetadas nesse sentido, com praticamente um filme por mês em suas previsões. A bola da vez era certamente Mulan, remake em live-action da animação de mesmo nome, lançada em 1998. O coronavírus já preocupava o lançamento da produção antes mesmo de uma pandemia ser declarada. Com grande parte do elenco composto por atores chineses e com sua trama fortemente ancorada nas tradições e culturas do país, o mercado do país oriental era um dos mais visados. O início da epidemia por lá certamente foi um banho de água fria para o filme que chegou até a realizar uma premiere, mas logo teve sua estreia global adiada.
A gigante do Mickey Mouse vinha com outra promessa de arrecadação na casa das centenas dos milhões. Viúva Negra, aguardado título do universo Marvel, estava previsto para o final de abril. Tratava-se do primeiro filme solo da personagem vivida por Scarlett Johansson há 10 anos dentro do bilionário mundo dos heróis. Outra heroína que deve sofrer também os golpes do coronavírus é Diana Prince, com Mulher-Maravilha 1984, sequência do filme de 2017, com estreia anteriormente prevista para junho. Chegou a ser ventilado um rumor de que a produção entraria diretamente nos serviços de streaming, negado pela Warner. Nesta terça (24), foi anunciado que 14 de agosto é a nova data.
Mas nesse cenário dos superpoderosos, nada supera o azarão Os Novos Mutantes, derivado da franquia X-Men, que deveria ter estreado em abril de 2018, há dois anos. Seu lançamento passou por diversos problemas, muito em decorrência da compra da Fox pela Disney, que não sabia direito o que fazer com o longa. Já foram marcadas quatro datas para sua estreia: abril de 2018, fevereiro de 2019, agosto de 2019 e abril de 2020. Ainda não há previsão para a quinta data.
Ainda há várias outras produções que carregavam altas expectativas, mas que agora estão com futuro incerto. O novo capítulo da franquia 007, Sem Tempo para Morrer, foi o primeiro a decidir pelo adiamento, também por medo de perder o mercado chinês. No dia 4 de março, a Universal divulgou que aquele que provavelmente seja o último James Bond de Daniel Craig seja visto apenas em novembro.
Já com a pandemia encaminhada, foi a vez da continuação de Um Lugar Silencioso 2 perder sua estreia, que deveria ter sido realizada na semana passada. Já Tenet, marcando o retorno de Christopher Nolan ao sci-fi após Dunkirk, deveria chegar aos cinemas em julho. Assim também será com Ilha da Fantasia, Candyman, Espiral: O Legado de Jogos Mortais e algumas outras produções de Hollywood.
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Aqui no país, outro título que já vinha passando por problemas para ser lançado é Marighella, estreia na direção do ator Wagner Moura. Com Seu Jorge interpretando o guerrilheiro urbano Carlos Marighella durante a ditadura, o filme estava planejado para chegar aos cinemas no dia 20 de novembro de 2019. Contudo, uma série de dificuldades em trâmites com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) atrasou sua chegada, sendo remarcada para maio deste ano. O que certamente não acontecerá. Outra produção nacional aguardada era Eduardo e Mônica, adaptação da canção de Renato Russo e estrelado por Alice Braga e Gabriel Leone. O romance estaria entre nós em 11 de junho, um dia antes do Dia dos Namorados.
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Próxima também estava aquela que talvez seja uma das maiores obras do cinema nacional deste ano. O documentário Babenco, Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, de Bárbara Paz. A produção conquistou os prêmios da crítica independente e de melhor documentário no conceituado Festival de Veneza, dentro da mostra Veneza Classics. O filme traça paralelos entre a carreira do diretor Hector Babenco (Pixote: A Lei do Mais Fraco, O Beijo da Mulher Aranha, Carandiru), marido de Bárbara, e sua longeva e admirada carreira. O filme chegaria no próximo mês aos cinemas brasileiros.
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