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Rapper Tássia Reis celebra volta aos palcos com turnê e filme na Netflix; saiba detalhes

Além do álbum 'Próspera D+', cantora e compositora paulista também tem descoberto o gosto pela atuação

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Cadastrado por

Nathália Pereira

Publicado em 10/11/2021 às 8:30
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A paulista Tássia Reis estava em ritmo intenso de trabalho quando a pandemia interrompeu os planos para Próspera, álbum lançado meses antes. O disco foi fruto da aprovação no edital Natura Musical e conquistou lugar na lista dos 25 melhores álbuns da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) em 2019. A pausa, no entanto, gerou ímpeto para que a rapper, cantora e compositora expandisse o universo já criado.

Sendo assim, Tássia trouxe ao mundo Próspera D+, versão deluxe, em 11 músicas, na qual aborda temas como negritude, autoestima e relacionamentos. Para isso, abraçou a colaboração de muitas mãos - e vozes - , a exemplo de Tulipa Ruiz, Urias, Preta Ary e Monna Brutal. Para os beats, EVEHIVE, Th4i, Theo Zagrae, Jules Hiero, Eduardo Brechó, Jhow Produz e Nelson D foram os convidados.

"Evehive foi a produtora que conseguiu elevar o nível do hit Dollar Euro, misturando afrobeats com voguebeat, e deixou a faixa ainda mais divertida. Essa conta com os versos afiados da Monna Brutal", comenta Tássia em um faixa a faixa sobre a novidade, que inclui mergulhos em drill e house. Tipos aparentemente mais próximos, a exemplo trap, do samba e do soul, também têm lugar.

Como inspirações, ela menciona cânones como Nina Simone, Michael Jackson, Djavan e Stevie Wonder, além de Beyoncé, Rihanna e Pharrel.

A tour Próspera D+ teve início há algumas semanas, com show no Sesc Belenzinho (SP), trazendo à tona, comenta Tássia, a emoção do reencontro com o público, e segue em clima de retomada bastante inspirada.

"Foi extremamente emocionante voltar aos palcos, eu fiquei com uma sensação de começo. Poderia ser recomeço, mas faz tanto tempo, e nós mudamos tanto nesse período que eu senti que estava mais pra começar, ainda que de novo. E precisamos, mais do que nunca, alimentar nossas almas de cultura e sentimentos bons, estamos com sede de viver", detalha ela em entrevista por e-mail ao Jornal do Commercio.

Confira abaixo a conversa completa com a artista (continua depois da imagem).

LUCAS SILVESTRE / DIVULGAÇÃO
Para a versão deluxe de 'Próspera', Tássia convocou com um time de produtores, entre eles Th4i e Jules Hiero - LUCAS SILVESTRE / DIVULGAÇÃO

Entrevista: Tássia Reis

JORNAL DO COMMERCIO - Tássia, você lançou o projeto Próspera poucos meses antes de ser oficialmente declarada a pandemia de covid-19 no Brasil. Quais mudanças de caminho esse período trouxe para seus planos?

TÁSSIA REIS - Fomos pegos de surpresa, né? Estávamos com planos mil, de tours internacionais e tal, mas no fim eu precisava de um tempo pra repensar algumas prioridades na minha vida. Isso fez com que eu repensasse muita coisa, inclusive a ideia do Próspera D+ só rolou porque eu estava com a mente organizada pra pensar nisso. Sinto que jamais seremos os mesmos, me sinto com novos rumos, metas e sonhos.

JC - A arte, sem dúvida, foi elemento fundamental para a manutenção de certo bem-estar durante o período de isolamento mais crítico. O que você ouviu, leu, consumiu artisticamente durante o último ano?

TÁSSIA - Eu ouvi muito o disco Shea Butter Baby da cantora Ari Lennox, Black is King da Beyoncé e convidados também serviu de trilha pra mim. Assim como uma playlist extensa do Djavan. Li 3 livros da incrível Maya Angelou, Mamãe & eu & Mamãe, Carta a minha filha, Eu sei porque o pássaro canta na gaiola, e eu me senti tão conectada com ela, foi surreal. Das séries eu pirei em Love Craft Country e Dark.

JC - Qual foi o momento mais marcante durante a produção do Próspera D+ ?

TÁSSIA - Receber a master e ouvir no meu fone, deitada na minha cama e perceber que eu fiz algo que acredito d+ e faz muito sentido pra mim e pro momento atual me fez me sentir viva de novo, foi lindo, tem sido lindo.

JC - As experimentações trazidas em Próspera D+ são reflexos de novos caminhos?

TÁSSIA - Sim, mas também são reflexos das experimentações e vivências anteriores, por exemplo, eu já estive muito conectada com house, enquanto dança há uns anos atrás... Faltava coroar esse momento com música também. Mas de fato, experimentar é algo que sempre vai estar no meu horizonte criativo, de um jeito ou de outro.

JC - Vivemos tempos de desmonte e quase nenhum estímulo à produção artística e cultural no País. Também são muitos os debates em torno da perseguição às minorias políticas. Como se manter firme, sendo artista, mulher, negra, em produção em um contexto ainda mais nebuloso?

TÁSSIA - Eu não tenho essa resposta, aliás eu não tenho muitas respostas de como ser ou agir. Mas uma coisa é certa, até em tempos mais amenos politicamente, o que foi muito breve no Brasil, as pessoas minorizadas sempre tiveram que resistir.

JC - Quais os próximos planos para a carreira?

TÁSSIA - Tenho muitos planos, retomar nossos shows pelo Brasil todo e também pelo mundo. Tenho muitas colaborações que sairão nos próximos meses também! Estou muito animada com isso! Quero retomar a produção da minha marca, Xiu! Recentemente o filme Um dia com Jerusa de Viviane Ferreira, estreou na Netflix, no qual eu fiz uma participação especial, acho que tomei gosto por interpretar no cinema, quero participar de mais filmes ou séries no futuro.

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