PF prende ex-deputada federal condenada na Máfia das Ambulâncias de 2006

A ex-deputada federal Almerinda Filgueiras de Carvalho, de 72 anos, foi presa pela Polícia Federal na última segunda-feira (1º) em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.

Ela foi condenada a nove anos de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Sanguessuga, que ficou conhecida como a "Máfia das Ambulâncias", em 2006. A ex-parlamentar estava foragida.

Almerinda foi presa dentro do gabinete da Secretaria Municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e Igualdade Racial de São João de Meriti, onde ocupava o cargo de secretária.

As investigações da operação Sanguessuga buscavam desarticular um grupo criminoso formado por parlamentares e empresários que fraudavam licitações para a compra de ambulâncias em prefeituras. Os crimes ocorreram em pelo menos 20 estados brasileiros.

Almerinda de Carvalho foi denunciada pelo Ministério Público Federal em 2013 e teve mandado de prisão expedido no último dia 25 de março, pela Justiça Federal do Mato Grosso.

Após a prisão, ela foi levada para Delegacia de Polícia Federal em Nova Iguaçu. A PF informou que ela seria encaminhada ao IML para realização de exame de corpo de delito e, em seguida, para o sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça.

Almerinda exerceu dois mandatos na Câmara dos Deputados: de 1999 a 2002, pelo antigo PFL - que depois virou o DEM e atualmente é o União Brasil -, e de 2003 a 2006, pelo atual PP.

Trabalho na prefeitura

Almerinda assumiu o cargo de secretária na gestão municipal de São João de Meriti em 2021. Ao g1, a prefeitura informou que não tinha conhecimento das investigações sobre ela.

"Agora, só depois da prisão e da nota emitida pela Polícia Federal, é possível saber que é um processo de 2006 e que corria em segredo de justiça. A prefeitura informa também que está acompanhando o caso", diz a nota.

Operação Sanguessuga

Deflagrada em maio de 2006 pela Polícia Federal, a Operação Sanguessuga investigou e prendeu assessores e servidores públicos envolvidos em um esquema de compra de ambulâncias superfaturadas.

Na época, os valores do Orçamento utilizados nos crimes chegaram a R$ 110 milhões. O esquema adiantava o pagamento da propina aos parlamentares, que apresentavam emendas ao Orçamento para a compra de ambulâncias por prefeituras.

Segundo as investigações da PF, a empresa Planam, com sede no Moto Grosso, superfaturava o preço das ambulâncias em até 110%, além de entregar veículos com defeitos ou sem todos os equipamentos.

Segundo um sócio da empresa, mais de 90 parlamentares estavam envolvidos no esquema, o que resultou em abertura de CPI que cassou 69 deputados e três senadores.

A Controladoria Geral da União apurou que mais de 3 mil ambulâncias foram compradas no esquema no período de seis anos.