IMPACTOS DA COVID-19

Coronavírus dificultou acesso de 1,5 milhão de pernambucanos ao mercado de trabalho em maio

Segundo o IBGE, o número corresponde a quase 100% da população do Recife, que tem 1,6 milhão de habitantes

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 24/06/2020 às 16:14 | Atualizado em 24/06/2020 às 16:15
LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM
Em maio, mais de 380 mil pernambucanos estavam desempregados e foram em busca de um emprego, mas não encontraram - FOTO: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM

O distanciamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus dificultou o acesso de mais de 1,5 milhão de pernambucanos ao mercado de trabalho em maio de 2020, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Covid (Pnad Covid), divulgados nesta quarta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).O número corresponde a quase 100% da população do Recife, que tem 1,6 milhão de habitantes. 

» Mais de 1 milhão de pessoas tiveram sintoma de síndrome gripal em Pernambuco em maio, diz IBGE

» 9,7 milhões de trabalhadores ficaram sem remuneração em maio

A Pnad Covid revelou que cerca de 1,2 milhão de pessoas fora da força de trabalho no Estado (isto é, não estavam trabalhando nem procuravam por trabalho) gostariam de trabalhar em maio, mas não conseguiram procurar emprego por causa da pandemia ou falta de oportunidades na região em que mora. Outros 382 mil trabalhadores estavam desempregados e foram em busca de um emprego, mas não encontraram. De acordo com o IBGE, isso fez com que a taxa de desocupação em Pernambuco chegasse a 10,5%.

O diretor adjunto de pesquisas do Instituto, Cimar Azeredo, aponta em nota que a crise da covid-19 inflou a força de trabalho potencial. "Esse fenômeno afeta principalmente as pessoas de nível superior, pretos e pardos e adultos de 30 a 49 anos", explicou.

O IBGE ainda estima que 3,2 milhões de pernambucanos estavam ocupados, apesar de 7,6 milhões estivessem em idade para trabalhar, no mês passado. No Estado, 3,6 milhões de pessoas estiveram na força de trabalho, somando pessoas ocupadas e desocupadas, enquanto aproximadamente 4 milhões estavam fora da força de trabalho por alguma razão.,

De acordo com a pesquisa, 947 mil pessoas estavam afastadas do trabalho devido às medidas de distanciamento social para evitar o aumento da contaminação pela doença. Isso representava 28,8% do total de empregados, bem maior do que a média nacional, de 18,6%.

620 mil sem remuneração

Além disso, a pandemia deixou 620 mil trabalhadores sem remuneração em maio. O número equivale a 57,8% das pessoas ocupadas, mas que estavam afastadas do trabalho. Entre aqueles que, apesar de afastados, ainda estavam recebendo seus salários, 40,4% recebeu menos que o habitual no mês passado.

“Nós já sabíamos que havia uma parcela da população afastada do trabalho e agora a gente sabe que mais da metade dela está sem rendimento. São pessoas que estão sendo consideradas na força, mas estão com salários suspensos. ”, comentou Cimar Azeredo, afirmando que isso não é favorável e tem efeitos na massa de rendimentos gerada.

O levantamento mostra ainda que havia 1,4 milhão de trabalhadores na informalidade, no Estado em maio. A taxa chega a 43% da força de trabalho ocupada.

A pesquisa

A nova pesquisa é uma versão da Pnad Contínua, planejada em parceria com o Ministério da Saúde. A coleta mobiliza cerca de 120 agentes do IBGE, que levantam informações de 7 mil domicílios distribuídos em 137 municípios de todo o Estado.

A divulgação desta quarta-feira, 24, da Pnad Covid inclui os dados fechados de maio, quando foram realizadas cerca 1.750 entrevistas. A partir de julho, o IBGE vai apresentar resultados do levantamento para junho por regiões e Estados. Os resultados nacionais serão divulgados semanalmente, todas as sextas-feiras. A coleta está prevista para acontecer até um mês após o fim das medidas de distanciamento social.

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