Impactada pelas medidas de isolamento social para tentar conter o avanço do novo coronavírus, a produção industrial de Pernambuco recuou mais uma vez. Em abril, na comparação com março deste ano, a atividade das indústrias do Estado caiu 11,7%, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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A retração de Pernambuco foi a segunda menor do Brasil e a menor do Nordeste, entre os locais pesquisados, na série sazonal, quando a comparação é feita com o mês imediatamente anterior. Sob esse critério, 13 dos 15 locais pesquisados mostraram taxas negativas. Em todo o País, apenas Pará (4,9%) e Goiás (2,3%) registraram taxas positivas nesse mês, com ambos voltando a crescer após recuarem no mês anterior.
De acordo com o IBGE, o resultado reflete o isolamento social por conta da pandemia da covid-19, que afetou a produção industrial por todo o país.
Para o economista da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Cezar Andrade, o recuo no Estado poderia ter sido menor se não houvesse a paralisação das atividades relacionadas à construção civil. “O fechamento da construção civil foi um dos principais motivos da queda em Pernambuco”, afirma o especialista, explicando que a inatividade do setor dificultou o escoamento da produção das indústrias em Pernambuco. “Vários insumos para a construção foram represados, porque o segmento estava proibido de funcionar”, diz Andrade.
Com os resultados da PIM divulgados nesta terça-feira (9), Pernambuco a tendência de queda das produções industriais brasileira e nordestina, que em abril caíram de 18,8% e 29%, respectivamente. “Comparado com outros estados, Pernambuco está um pouco melhor, mas não está bom, o que já era esperado”, declara Cezar Andrade, que acredita num recuo menos significativo para maio.
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A retração se acentua quando os dados de abril são comparados com o mesmo período de 2019. Neste cenário, todos os segmentos da indústria no Estado apresentaram queda. “Até o setor de alimentos, que é considerado um serviço essencial, caiu 5,1%”, aponta o economista da Fiepe, afirmando que, no geral, a produção industrial de Pernambuco caiu 29,1%, nesse critério de comparação.
Segundo ele, essa queda foi puxada pelo segmento de outros equipamentos de transporte, que não inclui a produção de veículos automotores. “Esse setor, que engloba a indústria naval, teve uma queda de 100% em relação a abril do ano passado”, diz Cezar, lembrando que o Estaleiro Atlântico Sul teve as atividades encerradas em 2019, aumentando a crise naval em Pernambuco.
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Embora não represente um crescimento, o cenário melhora quando o acumulado do ano é levado em consideração. Na soma de janeiro a abril de 2020, frente ao mesmo período de 2019, a atividade industrial de Pernambuco registrou queda de 3%. Para o economista Cezar Andrade, a retração só não foi maior porque os dois primeiros meses do ano tiveram resultados positivos para o setor. “Janeiro e fevereiro foram meses bons para a indústria do Estado”, afirma o especialista.
Expectativa de baixo crescimento para os próximos meses
Com a reabertura gradual das atividades econômicas, Pernambuco deve esboçar tímidos sinais de melhoras nos próximos meses. É o que acredita Cezar Andrade. “Com a flexibilização das medidas de isolamento social e a reabertura do comércio e construção civil, devemos ter alguma melhora”, afirma o economista da Fiepe, ressaltando, porém, que esta melhora não deve ser significativa.
Para ele, apesar do possível crescimento nos índices econômicos, não será possível recuperar as perdas que o setor teve neste ano. "Infelizmente, a reabertura das atividades econômicas não será suficiente para que a indústria tenha um ano positivo”, diz ele. “Não vamos conseguir recuperar essas perdas neste ano", sentencia.
Produção nacional tem queda histórica
O fechamento de comércios e serviços considerados não essenciais, por causa das medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus, atingiu em cheio a produção industrial brasileira, que em abril registrou uma queda de 18,8%. "Se as atividades do comércio ficam muito restritas, a indústria é afetada, porque é para lá que escoamos a produção", explica o economista da Fiepe, Cézar Andrade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este foi o maior recuo registrado pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) em 18 anos.
Embora não tão agudo quanto se chegou a temer, o tombo na produção industrial já era esperado pelo setor, que não tem boas expectativas para maio. "Não foi uma surpresa. Já vínhamos caindo em março, e agora já projetamos uma queda considerável para maio", conta o economista, afirmando que a reabertura das atividades econômicas não será suficiente para que a indústria tenha um ano positivo."Infelizmente, não vamos conseguir recuperar essas perdas neste ano", sentencia ele, lembrando que a perda de 8,2% no acumulado de janeiro a abril é equivalente a registrada em todo ano de 2015, considerado o pior ano para o setor até então.
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