REPERCUSSÃO

Donos de bares e restaurantes frustrados com a indefinição de uma data para reabertura

Empresários esperavam que a decisão do Governo do Estado fosse anunciada nesta terça (7), mas não aconteceu. Setor já demitiu cerca de 50 mil funcionários em Pernambuco

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 07/07/2020 às 22:23 | Atualizado em 07/07/2020 às 22:46
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DEFESA André Araújo, da Abrasel-PE, reforça a preocupação com punições desnecessárias - FOTO: DIVULGAÇÃO

O segmento de bares e restaurantes estava esperançoso que o Governo do Estado anunciasse nesta terça-feira (7) os protocolos para flexibilização da atividade e a permissão para que os clientes possam consumir alimentos e bebidas no local. Mas, o pronunciamento dos representantes do governo diretamente do Palácio do Campo das Princesas tratou apenas das questões ligadas à saúde. Os bares e restaurantes estão há quase 120 dias sem operar plenamente, podendo atender apenas por meio de delivery ou coleta do produto no local. Para o presidente regional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, André Araújo, o setor está bem apreensivo. “Este novo adiamento só traz mais prejuízo. Além do prejuízo financeiro há o esgotamento nervoso que, pode-se dizer, está no limite”, alertou André Araújo.

O presidente da Abrasel-PE disse também que há uma ansiedade muito grande no setor pela falta de definição de uma data para a reabertura das casas. “Essa não é uma reivindicação apenas dos empresários, mas também dos trabalhadores. A indefinição causa insegurança na manutenção dos negócios e dos empregos”, afirmou Araújo. Ele calcula que cerca de 50 mil trabalhadores já foram demitidos em Pernambuco desde abril, de um total de 240 mil funcionários que havia no setor antes da pandemia. “O governo precisa entender que mesmo quem está aberto hoje trabalhando com delivery está funcionando na marra, para continuar tendo algum contato com clientes, dar manutenção nos equipamentos e para estar próximo aos clientes, mas o retorno financeiro não vale a pena”. André Araújo calcula que cerca de 30% dos comerciantes aderiram ao delivery, mas a grande maioria permanece fechado.

INCERTEZAS

Cada vez que inicia um novo mês, sem definição para data de reabertura plena, os comerciantes precisam rever as estratégias. O proprietário da Companhia do Chopp, Tony Souza, afirma que a pior coisa para um empresário é a incerteza. “Você começa a ficar aflito. Como se fosse pouco todas as dúvidas que a gente tem sobre como será o restante do ano, ainda tem essa indefinição em relação a data”. Tony acredita que o governo está tentando fazer a coisa de forma responsável mas tem coisas que ele não entende. “Tem uma tabela da Organização Mundial de Saúde que diz que restaurantes que com circulação de ar natural está na faixa verde. O meu restaurante é todo aberto e eu não posso abrir”, reclamou o empresário. Tony diz que tem 34 funcionários, mas apenas 10 estão trabalhando. “Quando acabar o programa de complementação de salários do governo federal, eu não poderei demitir ninguém porque há um acordo para dar estabilidade ao funcionário com contrato suspenso ou redução de jornada. Então eu terei que bancar o salário integral deles sem faturar?”, pergunta-se Tony.

Para o fundador da rede de restaurantes Chinatown, Bobby Fong, falta o governo observar as particularidades de cada empreendimento. “Eles estão enxergando o setor como único. Bar, restaurante, buffet, casa noturna, enfim. Será que eles temem que aconteça aqui o que aconteceu no Rio de Janeiro?”. Fong se refere a aglomeração de pessoas nos bares de Copacabana no último fim de semana. “É uma outra realidade. O empresário aqui não quer tumulto, quer que a reabertura seja pacífica”.

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Bobby Fong,da Rede Chinatown, acredita que o setor não está recebendo a atenção que merece - FOTO:FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

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