IMPACTOS DA COVID-19

Quase 74 mil postos de trabalho foram fechados em Pernambuco durante a pandemia

No mês passado, o Estado teve um saldo negativo em aproximadamente 3,2 mil postos, pior resultado do Nordeste, segundo dados do Novo Caged

Marcelo Aprígio
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Publicado em 28/07/2020 às 19:22 | Atualizado em 28/07/2020 às 19:22
LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM
NÃO HÁ VAGAS Brasil terá 14 milhões de desempregados em 2022, de acordo com a projeção divulgada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), nesta segunda-feira (17) - FOTO: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM

Após disparar com a chegada da pandemia do novo coronavírus, o fechamento de vagas formais de emprego em Pernambuco desacelerou mais uma vez em junho. No mês passado, o Estado teve um saldo negativo em aproximadamente 3,2 mil postos. Este é o menor índice desde março, quando houve o derretimento de 28.579 vagas. Apesar de apresentar uma melhora significativa em relação aos meses anteriores, Pernambuco continua liderando a perda de emprego formal no Nordeste, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados nesta terça-feira (28) pelo Ministério da Economia. Durante a pandemia, que começou em março, Pernambuco perdeu 73.996 postos de trabalho.

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“Esse resultado ainda desfavorável para Pernambuco tem a ver com os reflexos do isolamento social. De portas fechadas, as empresas ficaram sem renda. Quando a quarentena acabou, elas já não tinham como manter os funcionários empregados”, declara o economista Edgard Nery, lembrando que a flexibilização das atividades econômicas de Pernambuco começou em junho.

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Ele explica ainda que a baixa adesão ao Benefício de Preservação do Emprego e da Renda (BEm) também contribuiu para o resultado negativo do Novo Caged no Estado. “Se observarmos os dados do BEm, veremos que em Pernambuco, não houve muitas empresas aderindo ao programa. Se a realidade fosse oposta, poderíamos estar com saldo positivo hoje”, diz ele.

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No acumulado do ano, somando os meses de janeiro até junho, Pernambuco teve 146.248 admissões, mas fechou 214.144 vagas de trabalho, gerando um saldo de -67.896. No mesmo período, a Região Nordeste gerou 809.879 vagas, mas perdeu 1.068.761. O saldo negativo foi de -258.882, e Pernambuco representa mais de 26% desse resultado. 

A economista Lytiene Rodrigues afirma que, mesmo com um saldo negativo em junho, já há uma indicação estabilidade dos efeitos negativos da economia por conta da pandemia do novo coronavírus. Ela, porém, ressalta que é preciso se preocupar com o fim de algumas medidas para proteção do emprego, como a redução de jornada de trabalho e o de afastamento dos funcionários. Até o momento, mais de 15 milhões de acordos desse tipo foram firmados por aproximadamente 1,4 milhão de empresas, em todo o Brasil.

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“Passado esse período de políticas de manutenção de empregos, as companhias podem começar a demitir, porque não saíram da crise ainda. Então o governo precisa escolher com cautela os próximos passos a dar”, pontua Lytiene.

Entre os setores econômicos, as principais perdas no mês de junho se concentram da seguinte forma: serviços (-3.455) e comércio (-1.041). Do outro lado, agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura teve saldo positivo de 647. Na construção, 395 pessoas foram admitidas.

Segundo o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos, apesar da retomada de parte desses setores na segunda quinzena de junho, os empresários ainda tinham dúvidas sobre o futuro dos negócios, o que agravou a oferta de emprego nos segmentos. “O plano de flexibilização do governo previa um longo tempo para as coisas voltarem a funcionar de fato. Isso fez com que os empresários ainda estivessem incertos quanto ao retorno no faturamento, mesmo com a reabertura. Dessa forma, eles preferiram agir com cautela não contratando e, em alguns casos, dispensando funcionários”, afirma o especialista, ressaltando que os setores de comércio e serviços só devem ter saldos positivos de emprego no último semestre do ano.

Pandemia do desemprego no Brasil

O mercado de trabalho brasileiro perdeu mais de 1,5 milhão de vagas com carteira assinada desde março, quando começou a pandemia . Foi o pior resultado desde o início da série histórica do Ministério da Economia, em 1992. “É natural que isso aconteça. É a maior crise da história do país, com os respectivos impactos em termos de mercado de trabalho”, disse o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, em referência ao impacto da covid-19 sobre a economia brasileira.

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Só no mês passado foram fechados 10.984 postos de trabalho, número inferior ao registrado em maio (-350.303). Com o resultado, junho teve 16% menos desligamentos (166.799) e 24% mais admissões (172.520) do que o mês anterior.

Nos dois primeiros meses do ano, a economia brasileira vinha criando vagas de emprego formal. Em janeiro e fevereiro, antes da crise de saúde pública, o país criou 341 mil postos de trabalho — quase 50% a mais do que o registrado nos dois primeiros meses de 2019. Com isso, no primeiro semestre do ano, o Brasil fechou quase 1,2 milhão de vagas.

Nesta terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou o adiamento da divulgação da Pnad Contínua, que calcula a taxa oficial de emprego no país. O órgão alega haver dificuldade na realização da pesquisa, que era presencial e passou a ser feita por telefone após a pandemia.

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