Prestes a licitar suas obras de dragagem após oito anos sem avanços, o Porto do Recife se articula para receber novos investimentos da iniciativa privada. Estratégico para distribuição do malte e cevada desembarcados para a cervejaria Ambev, o terminal deverá ter concentrada toda essa parte da operação logística, distribuindo do Recife os insumos necessários para a produção nas fábricas do Norte e Nordeste da companhia. Para ampliar a capacidade de armazenamento estático, o porto apresentou à Ambev e investidores um projeto que prevê o arrendamento de uma área de 12 mil m², que atenderia a demanda para armazenar 30 mil toneladas dos cereais e pode representar um investimento na ordem dos R$ 20 milhões.
Dividindo a operação logística do malte entre os portos de Cabedelo (PB) e da capital pernambucana, a ideia da Ambev, segundo o presidente do Porto do Recife, Carlos Vilar, seria deixar de operar no terminal paraibano para atender daqui as fábricas localizadas em Alagoinhas (BA), Aquiraz (CE) Estância (SE), Itapissuma (PE) e unidades no Norte do País.
“A Ambev já opera o malte e cevada no porto, mas o espaço que temos hoje não atende toda essa carga. Apresentamos a eles essa possibilidade de expandir. Eles também analisaram a possibilidade do atual silo que opera hoje, da Rhodes, fazer a expansão da capacidade de armazenamento, que são 22 mil toneladas para todas as cervejarias, sendo 11 mil toneladas reservadas só para a Ambev, e que ainda não atende toda a demanda da empresa”, explica Vilar.
Sem a ampliação da Ambev, no porto já são movimentados cerca de 200 mil toneladas de malte e cevada. Apresentado a oito investidores, a área a ser arrendada compreende 12 mil ², dos quais 4 mil m² comportam um silo que fazia a operação de milho e trigo, com capacidade estática para armazenamento de 25 mil toneladas. Represado por conta da MP dos Portos, que submete a uma burocracia em Brasília os processos de arrendamento, esse projeto compreende apenas uma parte de no mínimo 80 mil m² do Porto do Recife que hoje já poderiam estar sendo arrendados.
“Uma coisa interessante é que nós atendemos num raio de 800 km quase todas essas fábricas da Ambev. Não fizemos os investimentos até agora por conta do processo licitatório. Há agora uma flexibilização em andamento do governo federal dando autonomia para o arrendamento feito aqui pelo próprio porto no prazo de 10 anos. Tendo isso, temos condição de tocar o mais rápido possível”, avalia o presidente do porto.
DRAGAGEM
Outra benfeitoria de desburocratização do governo federal que pode ajudar o porto diz respeito à liberação de recursos. Após oito anos de espera, neste mês de agosto, deverão ser licitadas as obras de dragagem.
“Temos o termo de compromisso consolidado e devemos dar início à licitação para a dragagem agora em agosto. É uma dragagem rápida, 50 dias. No máximo até o fim do ano estaremos com o porto dragado, com 12,5 metros de profundidade. Devem vir R$ 25 milhões agora (dragagem) e depois R$ 27 milhões para o projeto de recapeamento”, comemora.
A dragagem contempla desde o Cais 00 até o Cais 06. Já os R$ 27 milhões irão garantir sistema de defensas (proteção para que os navios não batam no cais), recuperação da drenagem, pavimentação e recuperação estrutural dos cais. No ano passado, o porto teve crescimento de 15% na movimentação de cargas. Para este ano, a previsão que era de 20% passou a se manter nos 15%.
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