A confirmação de um caso de coronavírus em São Paulo e a suspeita de 132 casos suspeitos da doença no País (sendo três em Pernambuco), o governo brasileiro decidiu ampliar o monitoramento dos navios que estão na costa nacional. O acompanhamento é para evitar que a doença entre no País. Na sexta-feira da semana passada, o Ministério da Saúde ampliou para oito o nível de vigilância para países da Ásia. Além da China, entraram no rol Coreia do Sul e Coreia do Norte, Japão, Vietnã, Cingapura, Tailândia e Camboja. Na prática, isso quer dizer que a definição de casos suspeitos valem também para pessoas que retornarem desses países e tiverem sintomas de febre e queixa respiratória.
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Procurada pelo JC, a Anvisa explicou que no caso de um navio relatar um caso suspeito a bordo, o navio não recebe autorização para operar e ninguém pode desembarcar. A Anvisa e a vigilância epidemiológica sobem a bordo para inspecionar a embarcação e avaliar o paciente. Caso a suspeita seja mantida, o passageiro ou tripulante é removido para um hospital de referência. No caso de Pernambuco, essa unidade é o Hospital Oswaldo Cruz, em Santo Amaro, no Recife. O navio não recebe a Livre Prática (autorização para operar) e a tripulação e os passageiros ficam impedidos de desembarcar.
Se o caso for confirmado, a Anvisa e a vigilância epidemiológica fazem uma avaliação sobre o procedimento com a tripulação e os passageiros que ficaram a bordo. No caso de navios que já haviam iniciado a operação quando o caso suspeito apareceu, a Anvisa manda suspender a operação do navio e os tripulantes devem ficar a bordo. Nesse caso, deve ser investigado se o tripulante suspeito já havia descido do navio para que a vigilância epidemiológica realize a investigação de possíveis contatos. Em todas as situações de casos suspeitos encaminhados para o serviço hospitalar, a confirmação ou descarte definitivo da suspeita é feita pelo serviço de saúde e pela vigilância epidemiológica. A Anvisa destaca, ainda, que o protocolo para navios que chegam ao Brasil é o mesmo para todos os pontos de entrada, guardadas as particularidades de cada localidade.
Em Pernambuco, o Porto do Recife está em plena temporada de cruzeiros marítimos, que começou no final do ano passado e segue até abril. Durante o Carnaval, a embarcação Europa 2 atracou no porto e gerou expectativa sobre o desembarque dos turistas. “Cumprimos todos os procedimentos determinados pela Anvisa em foi tranquilo porque apesar de se tratar de passageiros italianos eles não vieram direto da Itália para o Brasil. Eles já estavam viajando e passaram pela Argentina e o Sul do Brasil até chegar aqui. A temporada ainda segue até abril, mas maioria são de passageiros de retorno”, diz o presidente do Porto do Recife, Carlos Vilar.
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SUAPE
Sobre a entrada de produtos chineses em Pernambuco, que acontece pelo Porto de Suape, a diretoria do complexo explica, por meio de nota que “Embora seja importador de produtos chineses, o porto não tem previsão para receber navios vindos diretamente da China, apenas cargas transbordadas (que chegam em outros portos brasileiros) ou da Europa. No ano passado, o porto recebeu 1.565 navios de diversos países. Caso cheguem navios provenientes de portos da China ou com relato de suspeita da doença a bordo, seguiremos o protocolo estabelecido pela Anvisa”, diz o texto.
Em janeiro deste ano, as exportações de Pernambuco para a China despencaram 81%, totalizando US$ 109,5 milhões. No sentido inverso, as importações continuaram crescendo, com variação positiva de 14%. No caso do Estado o país tem uma participação pequena no comércio internacional, uma vez que a Argentina é o principal parceiro pernambucano. Mas quando se trata do Brasil, em que a China é o maior parceiro, o coronavírus provocou uma retração de 8,77% contabilizando US$ 3,4 bilhões contra uma queda de 0,5% nas importações, que alcançaram US$ 5 bilhões.