Consumo

Venda de vinhos cresce na pandemia, puxada pelo comércio online e pelos supermercados

Em meio ao isolamento, vendas do produto no País foram turbinadas, com crescimento de 27,8% este ano

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 15/08/2020 às 0:23
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Comercialização dos vinhos portugueses da Quinta Maria Izabel no Brasil cresceram 30% no semestre, em relação ao mesmo período do ano passado. - FOTO: DIVULGAÇÃO
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A pandemia do novo coronavírus obrigou o brasileiro a um confinamento involuntário e exigiu mudanças de hábitos. Ficar em casa turbinou as vendas de algumas categorias de produtos, como alimentos, bebidas, farmacêuticos e higiene e limpeza. No segmento de bebidas, as vendas de vinhos (nacionais e importados) cresceram 27,8% no primeiro semestre deste ano, em comparação com igual período de 2019. No momento mais crítico do distanciamento social, entre abril e junho, o consumo per capita da bebida no País subiu para 2,8 litros, enquanto no ano passado tinha sido de 2,13 litros por habitante ano. Os dados são da Ideal Consulting, empresa que acompanha o mercado de vinhos no País, utilizando como métrica o consumidor acima de 18 anos. 

"Os meses de quarentena foram os que mais nos surpreenderam porque nesse período o consumo per capita chegou a crescer quase 40% em relação ao ano passado. Eu tenho dito que, durante a pandemia, as pessoas em casa têm buscado momentos de descontração e lazer, e a gastronomia faz parte disso, seja ela simples ou refinada. Isso é um dos motivos para o brasileiro ter se voltado para o vinho. Outro fator que impulsionou foi não ter a preocupação de beber e dirigir", destaca o presidente da Ideal Consulting, Felipe Gualtaroça. 

Pelo levantamento da empresa, foram comercializados 200 milhões de litros de vinhos no Brasil nos seis primeiros meses do ano, juntando nacionais e importados. "É preciso destacar que o crescimento maior foi puxado pelas vinícolas nacionais, por conta da desvalorização da moeda brasileira (de 35,6% no semestre), mas ainda assim os importados avançaram 8%", observa Gualtaroça. 

Com bares e restaurantes fechados, as empresas precisaram adotar novas estratégias, apostando no e-commerce e nas entregas por aplicativos, além de dar ainda mais atenção aos supermercados, que permaneceram abertos. A Ridouro, importadora exclusiva dos vinhos portugueses da Quinta Maria Izabel, percebeu o crescimento das vendas e deu um upgrade nas vendas online. Com matriz no Recife, a empresa aproveitou a crise da pandemia para aprender com ela.

"Nós tínhamos um catálogo muito bem feito na internet, mas fizemos umas mudanças para realizar as vendas online e preparamos principalmente a infraestrutura da plataforma de pagamento. Como o volume de vendas aumentou, precisamos reforçar o e-commerce e a logística. As pessoas pensam que a venda online é uma coisa simples, mas por trás dela existe uma verdadeira operação de guerra", diz o gerente geral da Ridouro, João Ferreira. No acumulado do ano, a empresa registrou um crescimento de aproximadamente 30% nas vendas.

A importadora comercializa os 14 rótulos da Quinta Maria Izabel em todo o Brasil. Além da matriz no Recife, a Ridouro conta com um centro de distribuição no RioMar, no Pina, Zona Sul do Recife, além de outros dois em Fortaleza e Salvador. As garrafas desembarcam no Porto de Suape e são transportadas até os centros de distribuição para abastecer o Nordeste. Os mercados do Sul e Sudeste são atendidos pelo e-commerce. A empresa conta com cerca de 300 pontos de vendas espalhados pelo País.  

De acordo com a Ideal Consulting, os supermercados continuaram sendo o principal canal de comercialização de vinho durante a pandemia, com 78% de participação, mas o e-commerce foi que mais cresceu durante a pandemia. "Os vinhos que mais venderam foram os vinhos de mesa, os chamados vinhos de entrada, que são mais baratos. Os consumidores iniciam com esse tipo de vinho, depois conhecem outros e vão migrando", observa Gualtaroça.

Thiago Lucas/ Artes JC
JC-ECO0816_VINHOS - Thiago Lucas/ Artes JC

PERNAMBUCO 

Com seis vinícolas em funcionamento no Vale do São Francisco (Sertão de Pernambuco e da Bahia), o Estado produz uma média de 8 milhões de litros de vinho por ano. Empresário da Botticelli Vinhos e produtor experiente, José Gualberto diz que o consumo que tem crescido é o do segmento de mesa. "Hoje, o vinho de mesa deve representar cerca de 75% das vendas no Brasil. Também houve um aumento dos vinhos tranquilos (tintos e brancos), mas por outro lado houve um declínio dos espumantes, muito vendidos no Nordeste porque estão voltados a praias, hotéis e resorts. Com o declínio do turismo, o espumante caiu junto", afirma, explicando que o desempenho dos produtores do Vale depende do portfólio de cada um.  

Nas projeções nacionais, a expectativa é que o ano ainda possa fechar com resultado positivo.

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DESCOMPASSO Em falta, vidro faz falta a garrafas de vinho e embalagens de cervejas artesanais no País - FOTO:ALEXANDRO AULE /ACERVO JC IMAGEM
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CONSUMO Foram comercializados 200 milhões de litros de vinho no primeiro semestre deste ano no Brasil - FOTO:RAFA MEDEIROS /ACERVO JC IMAGEM
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Vinhos - FOTO:BOBBY FABISAK /JC IMAGEM
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JC-ECO0816_VINHOS - FOTO:Thiago Lucas/ Artes JC

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