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Instabilidade marca Bolsa, com exterior indefinido e nova preocupação com fiscal

A indefinição de medidas de estímulo à economia brasileira, como a implementação do Renda Brasil, que substituirá o Bolsa Família, gera desconfiança nos investidores

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Agência Estado
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Publicado em 26/08/2020 às 11:30 | Atualizado em 26/08/2020 às 11:31
FERNANDO PEREIRA/AGÊNCIA ESTADO/AE
QUARTA Na véspera da proposta de reforma, B3 fechou em pequena baixa - FOTO: FERNANDO PEREIRA/AGÊNCIA ESTADO/AE
Desde a abertura nesta quarta-feira, 26, o Ibovespa tentar firmar alta, mas o espaço parece apertado. Renovados temores relacionados ao fiscal no País estão no radar do investidor, o que limita aceleração na B3, podendo até abrir espaço para realização de lucros, após interromper na terça (-0,05%, 101.521,29 pontos) uma série de três dias seguidos de altas modestas. Somado a isso, a indefinição externa também contribui para a lateralidade do índice. Às 10h49, o Ibovespa subia 0,13%, aos 102.250,80 pontos.
De acordo com Régis Chinchila, da Terra Investimentos, nesta quarta, com a agenda fraca, a bolsa nacional tem volatilidade, seguindo o sentimento de cautela dos investidores internacionais. O evento mais aguardado, diz, é com o discurso de Jerome Powel, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), na quinta.
 
A indefinição de medidas de estímulo à economia brasileira, como a implementação do Renda Brasil, que substituirá o Bolsa Família, gera desconfiança nos investidores. Além disso, dúvidas em relação à origem dos recursos reforçam a dificuldade do governo em colocar o programa em prática e reforçam temores relacionados às contas públicas. O presidente Jair Bolsonaro defende uma cifra maior, enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer um montante menor.
 
"A preocupação com o cumprimento do teto dos gastos públicos se mantém até a definição da fonte de recursos que pagará o programa Renda Brasil e o valor do benefício", descreve Chinchila.
 
Em meio a esse impasse, chamou a atenção a ausência de Guedes no lançamento do programa habitacional do governo, na terça, bem como o afago de Bolsonaro ao presidente da Caixa, Pedro Guimarães, a quem chamou de "PG2". Para alguns no mercado, há o receio de que o ministro estaria sendo 'fritado', o que pode voltar a colocar em dúvida sua permanência no cargo.
 
Conforme um operador, o momento deve ser de indicar uma forte realização na B3, em meio à possibilidade de o ministro deixar o cargo.
 
"Não acredito em fritura. O mais importante é o Congresso, e acredito que o Guedes tem esse apoio. No entanto, nada é impossível. Se o ministro continuar sem apoio para suas proposições, suas diretrizes para o fiscal, a política monetária, não há quem o segure", avalia o diretor da CM Capital Markets, Fernando Barroso.
 
Além da preocupação com a dinâmica das contas públicas do País, o investidor ainda avaliará com mais afinco os detalhes do programa habitacional Casa Verde Amarela, lançado na terça, com juros do financiamento de 4,25% para famílias com renda mensal de R$ 2 mil e que vivem nas regiões Norte e Nordeste, que desagradou ao setor.
 
No radar ainda está o balanço da Caixa, que reportou lucro líquido de R$ 2,6 bilhões, com queda de quase 40% no comparativo anual. Já a CSN informou seus planos de abrir o capital de sua unidade de mineração, em uma operação que pode chegar a R$ 10 bilhões.
 
Segundo apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a siderúrgica já contratou os bancos para estruturarem a operação. A sua unidade de cimento também deverá realizar uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), segundo fonte. As ações da CSN On subiam 0,61%, ás 10h50.
 
As commodities tentam ir na mesma direção. O minério de ferro no porto chinês de Qingdao fechou em alta de 0,98%, a US$ 124,20 a tonelada. Depois de operar em baixa, o petróleo testa alta em Nova York e em Londres, porém de forma comedida, de até 0,40%. No horário citado acima, os papéis da Vale ON avançavam 0,67%, enquanto os da Petrobrás cediam 0,48% (PN) e 0,60% (ON).

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