Alimentação

Óleo de soja, arroz, queijo e leite: veja os itens com maior alta de preços no Grande Recife em setembro

Inflação na capital pernambucana ficou em 0,78% no mês passado

JC
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Publicado em 10/10/2020 às 17:46 | Atualizado em 10/10/2020 às 17:46
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CARESTIA Segundo o Ipea, para as famílias com menor renda, ainda pesa muito itens como a proteína animal - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

No Recife, a inflação do mês de setembro foi de 0,78%, acima da média do País (0,64%), influenciada, principalmente, pelo aumento do custo dos alimentos, de acordo com levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (9).

Na tabela publicada pelo IBGE, e válida para toda a Região Metropolitana do Recife (RMR), os alimentos foram os líderes de aumento no mês passado. Óleo de soja, arroz e queijo foram os três primeiros com 39,33%, 16,88% e 12,18% de variação respectivamente. Outros itens como leite longa vida e açúcar também tiveram aumentos.

Alimentos também são vilões no cenário nacional

A disparada dos preços dos alimentos também impulsionou a inflação oficial no País em setembro. Carnes, arroz e óleo de soja pesaram no bolso das famílias, assim como a gasolina, que pode voltar a pressionar em outubro, devido ao novo reajuste divulgado pela Petrobrás nas refinarias. Também esboçam reação alguns itens ligados ao turismo, como passagens aéreas, locação de veículos e pacotes turísticos.

O IPCA veio acima do previsto até pelos economistas mais pessimistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam um avanço mediano de 0,54%. O resultado motivou uma série de revisões para cima nas estimativas do mercado financeiro para a inflação no encerramento de 2020. No entanto, as apostas permanecem abaixo da meta de 4% perseguida pelo Banco Central. Em setembro, a taxa do IPCA acumulada em 12 meses alcançou 3,14%.

"É uma inflação (de setembro) preocupante, mas não tem nenhum risco para este ano, quando é provável que o IPCA fique em 2,5%. A questão mesmo está em 2021, quando devemos ter câmbio pressionado, commodities pressionadas e a China com um crescimento forte", previu o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.

O economista João Fernandes, da Quantitas, não acredita que a inflação mais elevada de setembro ameace a condução da política monetária pelo Banco Central. Ele argumenta que o IPCA foi impulsionado por fatores pontuais, enquanto que o risco para o quadro de juros baixos no País permanece sendo fiscal.

"Não tem comparação da importância desse IPCA com a incerteza fiscal de curto prazo. A inflação mais alta reduz a chance de um novo corte da Selic (taxa básica de juros), mas é um efeito limitado. O que poderia suscitar uma alta de juros agora seria o governo romper o compromisso com o teto, não uma reação a essa inflação", opinou Fernandes.

Ajuste fiscal

O cenário atual de incertezas sobre o ajuste fiscal tem ajudado a desvalorizar o real ante o dólar, o que encarece commodities e insumos no atacado e acaba chegando também ao varejo, lembra André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

"Nossas coletas preliminares (do Índice de Preços ao Consumidor da FGV) indicam que outubro já está bem salgado, inflação mais alta que setembro. Eu diria que ficará perto de 0,8%. A inflação de serviços vem um pouco maior, puxada por passagem aérea, que está subindo mais de 40% em outubro, um choque. Essa alta pode ser confirmada pelo IPCA-15", relatou Braz.

Em setembro, as famílias gastaram 2,28% a mais com alimentação. Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, houve uma disseminação maior de produtos alimentícios com aumentos de preços, o que levou a uma inflação de alimentos também mais elevada que o habitual para meses de setembro.

"Tem dois componentes influenciando preços. Tem a questão do auxílio emergencial, uma vez que os recursos são direcionados pelas famílias mais pobres para a compra de alimentos, e tem a questão do câmbio, que torna mais atraente a exportação e acaba restringindo a oferta desses produtos no mercado doméstico", justificou Kislanov.

O óleo de soja aumentou 27,54%, enquanto o arroz ficou 17,98% mais caro. No ano, o óleo de soja já acumula uma alta de 51,30%, e o arroz subiu 40,69%. As famílias também pagaram mais em setembro pelo tomate, leite longa vida e carnes.

 

 

Veja a tabela completa das maiores altas no Grande Recife:

Óleo de soja - 39,33%
Arroz - 16,88%
Queijo - 12,18%
Tomate - 11,51%
Cenoura - 10,29%
Passagem aérea - 9,92%
Chã de dentro - 9,38%
Cupim - 8,62%
Melão - 8,51%
Flocos de milho - 7,68%
Carne de porco - 7,44%
Leite longa vida - 7,19%
Contrafilé - 6,64%
Manteiga - 5,71%
Açúcar cristal - 5,6%

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