Uma cidade que precisa investir em ações sociais e atrair projetos que gerem renda, persistem há décadas na cidade. João Carlos ressaltou a importância de resgatar a liderança do Recife na Região Nordeste, em áreas estratégicas como o turismo de negócios. E se disse otimista com o futuro do País, mas sem desconhecer o tamanho do desafio imposto pela pandemia. "Eu tenho otimismo com responsabilidade."emprego e desenvolvimento para seus moradores. Na avaliação do empresário João Carlos Paes Mendonça, presidente do Grupo JCPM, essas deveriam ser as prioridades hoje do Recife. Em entrevista, concedida à Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (15), aos jornalistas Geraldo Freire e Ivanildo Sampaio e à cientista política Priscila Lapa, o empresário chamou atenção para a urgência de enfrentar problemas crônicos da capital, como as palafitas, as favelas e os esgotos a céu aberto. Em meio a mais uma campanha eleitoral, defendeu que os políticos façam menos promessas e se concentrem em resolver os problemas que persistem há décadas na cidade. João Carlos ressaltou a importância de resgatar a liderança do Recife na Região Nordeste, em áreas estratégicas como o turismo de negócios. E se disse otimista com o futuro do País, mas sem desconhecer o tamanho do desafio imposto pela pandemia. "Eu tenho otimismo com responsabilidade."
ELEIÇÃO MUNICIPAL
É uma eleição difícil. Estamos com uma série de candidatos sem experiência de gestão. Os assuntos muito politizados. Temos candidatos prometendo muito e eles têm que saber o que estão prometendo. Porque nós vamos acompanhar essas promessas, para ver se eles vão pagar. Um promete IPTU, outro promete um banco para emprestar dinheiro e não falam em como vão resolver os problemas graves da cidade do Recife.
PRIORIDADES DO RECIFE
Eu tenho uma verdadeira preocupação com o que acontece com as favelas do Recife, as palafitas, a pobreza, os esgotos, a falta de água nos morros. Em vez de estar pensando em fantasia, é preciso pensar em como ajudar essa população. É muita gente sem renda, sem salário. Temos que cuidar dessa área social. E, por outro lado, conseguir projetos que gerem emprego, gerem renda. Nós estamos perdendo tempo. Nós não temos turismo na cidade do Recife. Estamos com obras paradas. A iniciativa privada tem dificuldade de aprovação de projetos. Nós precisamos transformar. Recife está geograficamente bem localizada, mas é uma cidade que parou no tempo. Não é culpa de Geraldo Julio, isso já vem há mais de 20 anos parando pelo estilo de gestão dos prefeitos da cidade. Precisamos mudar essa maneira de gerir a cidade do Recife. Nós não sabemos onde vão arranjar dinheiro com tantas promessas. Eles talvez não saibam a situação da prefeitura, acho que a prefeitura tem que dizer o saldo de caixa que tem, para que o futuro prefeito cumpra o prometido na sua campanha eleitoral.
PERDA DE LIDERANÇA
Recife perdeu sua posição de líder do Nordeste, perdeu para Salvador, Fortaleza. Recife já foi a primeira capital do Nordeste e hoje não é. Saímos da série A, passamos para a série B e hoje nós somos série C. Precisamos recuperar o prestígio do Recife.
TURISMO DE NEGÓCIOS
Vai ser muito difícil recuperar o Centro de Convenções e o prestígio que o Recife já teve para esses eventos. Precisamos atrair o turismo de negócios. Vai ficar mais difícil agora com a pandemia, as pessoas aprenderam a fazer suas teleconferências, reduzindo custos de passagem e de hotel. Então, nós não temos turismo de negócios, consequentemente temos poucos hotéis. Porque não trabalhamos as nossas atrações. Recife é uma cidade linda. Tem o Instituto Ricardo Brennand, a Oficina Francisco Brennand, a sinagoga, gastronomia, cultura, religiosidade. Recife tem tudo para virar um polo de turismo. Mas abandonamos. Temos que voltar a crescer nessa área. Recuperar o turismo de negócios. Não é aceitável que o turista chegue aqui e só tenha como destino Porto de Galinhas. Precisamos criar uma estrutura que permita que a pessoa passe três, quatro dias na cidade. É um desafio muito grande. E não vai ter recursos no próximo ano. Não adianta os candidatos estarem prometendo, porque não vai realizar. E vai precisar muito do governo federal.
A REFORMA MÃE
A primeira e mais importante reforma, a mais custosa, é a política. Precisa ser urgente. Nós não podemos conviver com tantos partidos. Não podemos ter mandatos de oito anos, porque antes de ser eleito o cidadão já está pensando na reeleição. Isso é muito prejudicial à sociedade. Nós precisamos ter alternância de poder, é salutar. Reduzir o número de deputados e senadores e cortar os excessos de mordomias. Essa é a reforma mãe. Em seguida é a reforma do Estado. O tamanho e o custo do Estado no Brasil são gigantescos. E a prestação de serviço é ruim.
REFORMA TRIBUTÁRIA
É mais fácil se falar na reforma tributária que na reforma política. É difícil porque os políticos não querem e isso demora. Não se faz uma reforma verdadeira para poder resolver os problemas graves que o País atravessa. Temos que trabalhar firme para melhorar essa parte burocrática da reforma tributária. A União, os Estados, os municípios têm 37% do que se produz no País. O que nós precisamos é organizar a parte tributária. Nos precisamos das concessões, das privatizações. Estado é Estado, não é empresário. Temos um trabalho gigantesco pela frente para atrair investimentos.
CREDIBILIDADE DAS INSTITUIÇÕES
A gente está vivendo uma confusão muito grande nas instituições. É uma disputa no Supremo Tribunal Federal e em outros tribunais. Você vê as forças armadas dentro da administração pública do governo. O mundo político também passa por um momento difícil, apesar do bom trabalho feito por Rodrigo Maia, na Câmara Federal. Os políticos precisam mostrar para a população o por que de estarem lá, com um custo alto. Um senador tem direito a R$ 211 mil para o gabinete dele, pode indicar até 50 assessores, plano de saúde que ele não perde, mesmo depois que deixa o Senado. A mesma coisa com os deputados federais. Eles têm R$ 115 mil para os gabinetes, passagens aéreas. Isso é o que preocupa. Eles precisam se preparar para uma nova fase.
A BR-232
Precisamos recuperar a BR-232, a rodovia ficou abandonada esses anos todos. Primeiro era político o assunto, porque Jarbas Vasconcelos construiu e não deram manutenção. Agora, Jarbas está no mesmo lado político. Tem que consertar essa estrada, ela é muito ruim, e depois ir entrando no Sertão, por Arcoverde, um dia chegando até Petrolina. É isso que traz progresso. É muito importante esse desenvolvimento do centro de Pernambuco. A 232 tem que crescer e fazer concessão. Precisa acabar essa conversa de não ter concessão.
EDUCAÇÃO
A situação da educação é muito preocupante, porque sem educação não há desenvolvimento. É muito mais fácil dar um Bolsa Família do que arrumar um projeto de emprego. Eu acho que o Bolsa Família e outros projetos são importantes como passagem, mas tem que ter projetos para absorver a mão de obra e garantir escola para o pessoal estudar. Eu me sinto muito à vontade para falar disso, porque o Instituto JCPM inseriu 7.100 jovens no mercado de trabalho, ajudamos a elevar a escolaridade de 15.821 jovens, beneficiamos outros 1.098 com formação de empreendedorismo. Nós demos tablets e pagamos acesso à internet para os jovens de Brasília Teimosa. Eu me preocupo com o social, principalmente com os jovens.
SEGURANÇA
Nós temos uma insegurança muito grande, poucos policiais, uma parte desses policiais está interna ou servindo a outros órgãos, e não, servindo à cidade. Isso precisa de uma reformulação. Eu acho que a Guarda Municipal deve ser armada, com responsabilidade, com treinamento, porque é mais uma ajuda. A segurança de Pernambuco sempre foi um problema sério. Isso deixa uma imagem muito ruim para o Estado.
MERCADO DE COMUNICAÇÃO
Nós continuamos firmes, defendendo a sociedade, as comunidades, lutando. Nós estamos com cinco anos perdendo muito dinheiro. E esse ano é uma barbaridade. Porque deixaram de anunciar, porque a crise está muito grande. Mas estamos sobrevivendo, estamos injetando recursos. Nós temos uma equipe enorme trabalhando para modernização e racionalização do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação como um todo e do Jornal do Commercio.
FUTURO DO PAÍS
Tem que ver a realidade. Esse foi um ano totalmente atípico. A pandemia deixou lições. O governo federal fez um trabalho excelente com a ajuda emergencial aos empresários pequenos, médios e grandes. Mas o próximo ano será difícil. É preciso que as pessoas trabalhem muito, se organizem, se estruturem, se integrem com os seus funcionários, fornecedores, clientes, isso é muito importante. Eu tenho otimismo com responsabilidade.
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