Nem mesmo a crise do novo coronavírus foi suficiente para segurar os reajustes do gás de cozinha no Brasil. Nesta terça-feira (20), a Petrobras anunciou que a partir de amanhã vai promover um aumento médio de 5% no Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) vendido às distribuidoras. Esta será a sexta correção de preço pela estatal desde o início do ano. Em Pernambuco, onde o preço médio do botijão de 13 kg é R$ 70,00; caso distribuidores e revendedores decidam repassar o percentual integral, o valor poderá subir para R$ 73,50.
Nesta terça, o Sindicato dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo em Pernambuco (Sinregás-PE) publicou uma nota de repúdio nas ruas redes sociais, criticando o novo aumento da Petrobras e ponderando que o momento de pandemia não é adequado para impor mais uma elevação de custos aos consumidores.
"As revendas é que estão ligadas direto aos clientes e ao longo desses reajustes muitas delas não têm repassado todo o percentual para o valor final não ficar tão alto. Mas está ficando difícil para os empresários também. Algumas revendas fecharam e outras estão em situação financeira difícil. Sem falar que cada vez que o gás aumenta temos que ter um capital de giro maior para ir buscar o produto no Porto de Suape", destaca a porta-voz do Sinregás, Francine Gulde.
O Sindicato também afirma que ficou mais caro buscar GLP nas distribuidoras em Suape, desde que o porto estabeleceu uma tarifa de uso do Pátio de Triagem, em agosto. "O valor médio é de R$ 40, mas dependendo do tipo de caminhão pode ser mais caro. E o tempo de permanência também é limitado, com pagamento de hora adicional", explica Francine. Suape é a porta de entrada do gás de cozinha que atende todo o Nordeste. Cinco distribuidoras estão instaladas no porto, atendendo as 1,6 mil revendedoras pernambucanas.
COMPOSIÇÃO
Os reajustes do GLP vêm acontecendo desde abril, no pico da pandemia. No acumulado do ano, o preço já subiu 10,5%, representando um aumento de quase R$ 3,00 (R$ 2,93) sobre o valor vendido pela Petrobras. A questão e que a estatal está no início da cadeia e, até chegar ao consumidor, o preço do gás recebe impostos estaduais e federais, além da margem de ganho das distribuidoras e das revendedoras. Por isso, o valor para o consumidor é mais alto.
De acordo com a Petrobras, na composição de preços do botijão de 13 kg, a estatal responde por 41%, a distribuição e a revenda por 40% e os 19% restantes são impostos. Com o reajuste, o valor de venda da petroleira para as distribuidoras será de R$ 30,74.
Por meio de nota, a companhia informa que é "Importante esclarecer que, desde novembro de 2019, a Petrobras igualou os preços de GLP para os segmentos residencial e industrial/comercial, e que o GLP é vendido pela Petrobras a granel. As distribuidoras são as responsáveis pelo envase em diferentes tipos de botijão e, junto com as revendas, são responsáveis pelos preços ao consumidor final”.
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em dezembro do ano passado o gás custava R$ 64,60 em Pernambuco. Ao longo do ano foi avançando e chegou a R$ 65,03 em agosto (último dado disponibilizado pela ANP). Hoje, o Sinregás estima que o preço está na casa dos R$ 70,00. Os números da ANP mostram uma queda na margem das revendas, de R$ 12,17 em janeiro para R$ R$ 10,89 em agosto.
"Se o preço aumenta demais, o consumidor compra menos. A dona de casa evita fazer um bolo, cozinha o feijão uma vez e congela. Sem falar quem muda pra lenha ou para o álcool se não tiver jeito. Somos uma atividade que lida com a população de baixa renda, por isso repudiamos esses aumentos", reforça Francine.
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