Entrevista

"Não desistam dos seus sonhos, acreditem que são capazes de empreender e apostem nos canais digitais", aconselha o CEO da Chlli Beans, Caito Maia

Fundador e CEO da Chlli Beans participa nesta quinta-feira (10) do Conex, evento online realizado pelo IEL-PE

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Publicado em 09/12/2020 às 14:57
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Em entrevista ao JC, empresário comenta a necessidade de inovar e se reinventar durante a pandemia - FOTO: Divulgação
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Com o espírito empreendedor no sangue, Caito Maia está à frente de um dos negócios mais promissores do mundo: a Chlli Beans. Com mais de 900 lojas no Brasil e no mundo, o empresário fala nesta entrevista ao JC sobre mercado, estratégias e sobre como driblou a crise provocada pelo coronavírus no mundo se reinventando. Neste bate-papo, Maia revela como concretizou os seus sonhos participando de todos os níveis da empresa e mostra que, sim, é possível trabalhar com prazer mesmo diante de um mercado tão diverso e instável. Ele é um dos convidados da 1ª edição do Conex, evento realizado online pelo IEL-PE nesta quinta-feira (10), às 19h


1. Se, atualmente, você tivesse que apostar em algo, seria novamente em óculos?

Sim, óculos é a minha paixão. Tenho muito amor pelo o que faço e não mudaria nada na minha vida.

2. Imagino que você teve que quebrar algumas barreiras para tornar o seu negócio viável. Quando foi que você teve o start de que, de fato, a Chlli Beans seria um negócio gigantesco?

As coisas foram acontecendo de forma gradual. Eu fiz faculdade de música nos Estados Unidos, essa é a minha formação, e o sonho era sempre virar um músico, estourar com uma banda, eu tive três bandas sérias, que assinamos contratos com gravadoras, e eu mudei para a Califórnia e comprei num camelô, na Califórnia, 200 óculos. Coloquei todos eles numa mala e vim para o Brasil. Acabou que não sobrava mais nem ‘parafuso’ de óculos. As pessoas compravam tudo! E assim eu fiz isso várias vezes, comprava óculos e e as pessoas compravam tudo. Aí eu pensei em dar um passo maior, decidi bater na porta de empresas. E aí, um louco chamado Tufi Duek, dono da marca de moda Fórum, me fez um pedido de 18 mil peças e eu não tinha o dinheiro para comprar tantas peças, até que ele me disse: “Não, vou te adiantar o dinheiro”. Aí
eu abri uma empresa de atacado, cheguei a ter 250 clientes de atacado, bombei. Mas aí, dois clientes não me pagaram e eu quebrei. E aí ou eu voltava pra banda, que se chamava Las Ticas Tienen Fuego, ou eu ia pro Mercado Mundo Mix, uma feira famosa em São Paulo nos anos 90, para vender óculos. E foi lá que eu descobri pela primeira vez o verdadeiro valor de ter uma marca forte, pois o público que frequentava essa
feira buscava marca e não a qualidade dos itens.

3. Você sempre fala que a essência do negócio está nas pessoas, intrínseca na cultura da empresa, e isso tem muito a ver com a forma de liderar. Qual tipo de liderança você acredita?

Acredito na participação de todo o time para a tomada de decisões. Eu não construí a Chilli Beans sozinho, sempre tive ao meu lado pessoas super talentosas e comprometidas, que estiveram comigo todo o tempo me ajudando na tomada de decisões. Acredito que quanto mais espaço você dá ao seu time, mais você se
surpreende com a quantidade de ideias e soluções. Uma prova disso veio durante a pandemia, em que eu e meu time tivemos que ter grande agilidade na tomada de decisões.

4. A Chilli Beans ganhou o Brasil e o mundo, apostou em lojas-conceito e fez parcerias com grandes nomes da moda. Existe algo que vocês ainda não fizeram ou que pretendem fazer em breve?

Estamos a todo vapor com nossas campanhas e parcerias. Para vocês terem uma ideia, nosso calendário de 2021 está pronto. Estamos apostando no segmento das Óticas Chilli Beans, um conceito novo de óticas.

5. Sobre a crise provocada pela pandemia, quais os impactos sentidos pela Chilli Beans? Como vocês reverteram o planejamento do ano, as preocupações e superaram o coronavírus?

Certamente, sairemos dessa pandemia muito melhores do que entramos. Neste ano, tive que tomar duas das decisões mais difíceis da minha vida: adiar o Chilli MOB Cruise, nosso navio proprietário onde acontece a Super Dose, convenção anual da marca em que são apresentados os principais lançamentos do ano e fechar as nossas mais de 900 lojas no Brasil e no mundo. Desde o dia 15 de março, quando iniciamos esse  processo, reuni o meu time, sempre muito engajado, para tomarmos grandes decisões juntos, como as negociações com os shoppings e fornecedores, relacionamento com os franqueados e, é claro, na busca por soluções digitais para o aumento das vendas. Exercitamos pontos fundamentais para que as lojas da Chilli
Beans ganhassem fôlego e passarem por quase cinco meses de portas fechadas. Criamos alguns eventos e ativações digitais para incentivar as vendas, entre elas, a produção das Chilli Live Circus, mediante do conceito de Live Commerces, ou seja, lives para incentivar as vendas. A Super Dose, convenção anual da Chilli, também ganhou formato live e atingiu um número muito maior de pessoas do que no formato
presencial. Por isso, talvez já para o próximo ano o evento ganhe as duas versões (presencial, no navio, e live). Além disso, lançamos uma nova Chilli Beans, um processo de rebrading da marca, que agora conta com um novo logo, mais moderno e clean. Conseguimos aumentar quase 600% as vendas no nosso e-commerce e já temos exercitados outras ferramentas visando melhorar ainda mais nossos canais digitais.
Fizemos grandes aberturas de lojas, mesmo com a pandemia e expandimos ainda mais o projeto das Óticas Chilli Beans.

6. Com a crise econômica do País, muitos desempregados recorreram ao empreendedorismo. Qual conselho você daria para as pessoas que, neste momento, precisam arriscar todas as fichas para ter o próprio negócio?

Não desistam do sonho de vocês. Acreditem que vocês são capazes de empreender. Apostem nos canais digitais para garantir o crescimento do negócio de vocês e, claro, exercitem a marca de vocês. Momentos de crise, na verdade, trazem grandes oportunidades de crescimento, por isso foquem os esforços de vocês no
desenvolvimento de projetos internos.

7. Existe alguma região do País mais estratégica para a marca? Quanto que ela representa em market share para a empresa? Como você enxerga o Nordeste nessa dinâmica?

A Chilli Beans vence a Ray Ban em Market Share no Brasil. Todas as regiões do País são bem equilibradas quanto à exposição da marca. Uma curiosidade sobre a região Nordeste é que as pessoas digitam no Google pelo termo Chilli Beans quando querem procurar por óculos.

8. O mercado de trabalho vem mudando, sobretudo na forma de contratação. Em entrevistas, você comentou que a Chilli pratica a diversidade desde a sua fundação. O que as marcas/empresas precisam fazer para entender que isso não é mais um diferencial?

Nós praticamos a diversidade desde a nossa essência. Costumo dizer que para as minhas contratações, levo em consideração a vontade de fazer acontecer. É por isso que tenho tantas pessoas de lojas que tatuam a pimenta no corpo. Esse amor pela marca vem do respeito que tenho pelo ser humano e que me orgulho muito de ter conseguido transpor para dentro da empresa.

9. Qual tipo de profissional não pode faltar dentro de uma empresa como a Chilli Beans?

Que tenha brilho nos olhos e aquela pimentinha que eu costumo chamar de ousadia. Que saiba fazer acontecer!

10. No Brasil, a economia e a política andam de mãos dadas. Para um negócio do porte da Chilli Beans, momentos de incertezas políticas afetam os investimentos? Quando você coloca o pé no freio?

Os momentos de incerteza nos incentivam a botar a cabeça para funcionar e para que saíamos cada vez mais fora da caixa, de modo que possamos encontrar soluções rápidas e eficazes para fazer mais com menos. Costumo dizer que tenho uma empresa mutante, ou seja, quando tudo está indo bem, é a hora de fazer diferente. Por isso, momentos de crise não são vistos como surpresas para nós, pelo contrário,
conseguimos colocar em prática tudo aquilo que nos acostumamos a exercitar.

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