Quem deixou para comprar as bebidas do Natal às vésperas da festa vai perceber que os produtos estão mais caros nas prateleiras. O consumidor também não deverá se espantar com a falta de alguns itens. Isso não vale apenas para quem deixou as compras para a última hora. O pé no freio do setor produtivo durante os meses mais rígidos da pandemia da covid-19, provocou um descompasso entre a retomada da produção e a demanda, deixando as empresas desabastecidas de matérias-primas e insumos. O resultado para o consumidor foi o aumento nos preços e a falta de itens no mercado. A nova realidade do mercado atingiu cervejarias, produtores de vinhos e espumantes, além dos destilados.
No caso das cervejarias, os últimos meses do ano são dedicados à produção para as festas de dezembro e para o Verão, mas está difícil deixar o mercado bem abastecido e segurar os preços. De acordo com dados do IBGE, em novembro a bebida apresentou aumento pelo terceiro mês consecutivo. No acumulado do ano, o aumento foi de 1,57%; bem abaixo de alimentos, que no mesmo período foi de 12,14%. A diferença é que os alimentos são itens essenciais e cerveja é um supérfluo. Levando em conta a queda de renda em 2020, sobretudo com o aumento do desem prego, qualquer reajuste nos preços tem relevância.
As cervejarias estão enfrentando a falta de insumos para a produção. Faltam latas e garrafas para envase; caixas de papelão para a produção de kits; e rótulos. Empresários do setor contam que essa é a maior crise de insumos desde os anos 1990, durante o governo Collor. Há relato de empresas com cerveja pronta nos tanques, sem conseguir envasar porque não tem garrafa. Isso faz com que as marcas desapareçam das gôndolas dos supermercados e de outros canais de vendas.
Estudo realizado pela Neogrid - empresa especializada na sincronização da cadeia de suprimentos - aponta que o número de ruptura (falta de marcas) em 2019 era de 10% em média, enquanto chegou a quase 20% (18,92%) em outubro. O diretor de operações da Neogrid, Robson Munhoz, diz que esse número de ruptura nunca foi tão alto, mas destaca que não pode ser chamado de desabastecimento.
"Não estamos falando em desabastecimento. Há falta de algumas marcas. Se falta embalagem não tem como produzir e vender cerveja no mercado. É importante que a indústria e o varejo estejam compartilhando informações para que os desafios não sejam ainda maiores na cadeia de abastecimento. Senão ninguém ganha o jogo”, destaca o executivo.
VINHOS
Já no setor de vinhos, o produto nacional registra crescimento de 10,5% no acumulado de janeiro a setembro, além de um avanço de 22,37% nas importações de vinhos finos no mesmo período. A bebida, aliás, junto com o espumante, é a estrela das festas de final de ano. Felipe Galtaroça diretor da Ideal Consulting - empresa especializada em auditoria do mercado de bebidas - diz que por conta da desvalorização do real, os importadores optaram por vinhos com valores menores para compensar a alta do dólar.
CONSUMIDOR
Para quem não entende os meandros econômicos que fizeram os preços aumentar e a oferta escassear, a orientação do gerente de atendimento do Procon-PE, Pedro Cavalcanti é pesquisar. "Entendemos que pesquisar é mais trabalhoso, sobretudo nesse momento de pandemia, mas é a alternativa para encontrar os melhores preços. O Procon faz uma pesquisa muito grande e que está disponível no nosso site (www.procon.pe.gov.br). Por meio dela é possível acompanhar os preços dos produtos da cesta natalina por localidade e por estabelecimento. Estamos vivendo uma crise não só sanitária, mas também econômica e os preços pesam para uma família assalariada", destaca.
Na lista de produtores acompanhados pelo Procon-PE, as bebidas estão entre os itens com maiores diferenças de preço. O vinho branco, por exemplo, pode variar 410,62% de um estabelecimento para outro; enquanto a diferença do vinho tinto suave é de 272,12%. Outra opção para o consumidor é pechinchar e ir em busca das promoções.
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