Lafepe vai passar a fabricar mais dois retrovirais em 2022
O laboratório vai concluir um investimento de R$ 120 milhões para passar a fabricar mais dois retrovirais, remédios usados no tratamento dos soropositivos
O Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) vai começar a fabricar, no próximo ano, mais dois retrovirais, remédios usados no tratamento de soropositivos. Para isso, iniciou, em 2020, um investimento de R$ 120 milhões que deverá ser concluído até 2024. A unidade pernambucana está entre os dois maiores laboratórios públicos do País e é o único que produz remédio para o Mal de Chagas, além de uma solução que - dissolvida na água - evita o cólera. Os recursos serão empregados em novas linhas de produção e ampliação do parque industrial.
"Fomos mudando a linha de produção em consonância com as políticas de saúde públicas. Investindo em medicamentos mais caros, que precisavam de mais tecnologia e tinham o custo mais elevado para o Sistema Único de Saúde (SUS)",diz o diretor comercial do Lafepe, Djalma Dantas. Os três antipsicóticos (Clozapina, Quetiapina e Olanzapina) produzidos pelo laboratório respondem atualmente por 60% do faturamento do laboratório e são vendidos para o Ministério da Saúde que distribui esses medicamentos para cerca de 2 milhões de pacientes cadastrados.
Também são vendidos ao Ministério, os retrovirais cujo destino é 1 milhão de pacientes cadastrados pelo SUS. Atualmente, o Lafepe produz três dos 22 retrovirais que são distribuídos dentro do programa que atende os soropositivos. "Os dois retrovirais que vamos passar a produzir resultam de uma parceria feita com laboratórios privados que fizeram a transferência da tecnologia", comenta o diretor administrativo do Lafepe, Nivaldo Brayner. Os dois novos remédios são o Darunavir e o Dolutegravir e foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A patir do próximo ano, o Lafepe passará a ser o único fornecedor dos três retrovirais ao governo federal.
Depois que os dois retrovirais começarem a ser vendidos, os antipsicóticos - usados no tratamento da bipolaridade e da esquisofrenia - vão passar a representarem um percentual menor no faturamento da empresa pernambucana.
O laboratório também vai continuar produzindo o remédio para o Mal de Chagas e uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5% que mata o cólera. "Os laboratórios comerciais tendem a não produzir medicamentos para as doenças negligenciadas. É por isso que é estratégico ter o laboratório público para produzir esse tipo de medicamento, mesmo que não seja interessante economicamente", conta Nivaldo. Geralmente, doenças negligenciadas são aquelas que atingem a população mais pobre dos países em desenvolvimento. No entanto, atualmente os Estados Unidos têm 300 mil casos confirmados do Mal de Chagas.
Financeiramente, o Lafepe é uma empresa equilibrada. Registrou um faturamento de R$ 270 milhões no ano passado, contra os R$ 300 milhões faturados em 2019. "A pandemia atrapalhou. Faltou papelão pra embalagem dos medicamentos. Os insumos de alguns medicamentos também atrasaram", comenta Nivaldo. O laboratório gasta cerca de 11,8% de toda a sua receita com salários de 535 servidores. Emprega pelo menos 75 farmacêuticos. Em 2019, a empresa registrou um lucro de R$ 52 milhões e no ano passado teve um resultado positivo de R$ 30 milhões.
SOCIAL
O laboratório também fabrica óculos de graus que são vendidos nas suas farmácias. Uma parte dessa produção é destinada ao Programa Boa Visão, iniciada em 2012 no governo de Eduardo Campos (PSB). "Esse programa tem um alcance social fantástico. Dá orgulho ao Lafepe. Tivemos um caso de um adolescente de 11 anos que tinha cinco graus de miopia e não usava óculos", conta Nivaldo. O programa faz uma parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e a Secretaria estadual de Educação. Os alunos da rede estadual são indicados por professores e fazem consulta de graça nas clínicas conveniadas e recebem o óculos, também de graça. Também fazem parte do programa os servidores e funcionários da secretaria de Educação estadual que pagam de forma subsidiada pelos óculos. Os óculos em farmácia vendidos pelo Lafepe correspondem a 0,5% de todo o faturamento do Lafepe. Um óculos que custaria R$ 500 pode ser comercializado por cerca de R$ 100 nas farmácias próprias do laboratório.