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Decretos de limitação de atividades reduziram a confiança do empresário do comércio em abril

Levantamento da Fecomércio-PE mostra que comerciantes não estão motivados a investir no curto e médio prazo por conta do momento atual de crise sanitária e política

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Edilson Vieira

Publicado em 05/05/2021 às 15:02
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O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) de Pernambuco, que mede a percepção que os empresários do comércio têm sobre o nível atual e futuro de investimentos em curto e médio prazo, voltou a cair e desta vez de maneira forte entrando na zona de avaliação negativa após cinco meses. A conclusão é da Fecomércio-PE. Segundo o estudo, a variação negativa entre março e abril já era esperada por conta das medidas restritivas para desacelerar o movimento de alta dos casos de infecção e morte. Os decretos voltaram a impactar o funcionamento dos estabelecimentos comerciais considerados não essenciais, penalizando ainda mais o faturamento do setor.

Além disso, diz a pesquisa, a confiança empresarial vem sendo impactada pela piora no quadro inflacionário nos itens de alimentação e habitação, que continua reduzindo a renda disponível das famílias e consequentemente a capacidade de consumo, manutenção dos números de infecção e morte ainda em nível considerado elevado, além de um ritmo de vacinação extremamente lento e atualmente com possibilidade de falta de vacina para a segunda dose de parte da população. Conjuntura que acaba adiando ainda mais a recuperação da confiança do setor produtivo.

PONTUAÇÃO

O ICEC recuou 11,2% entre março e abril, saindo de 102,3 para 90,8 pontos, desta vez o principal impacto veio das medidas restritivas adotadas pelo Governo de Pernambuco nos meses de março, onde os estabelecimentos não essenciais foram impedidos de funcionar entre as 20h00 e 5h00 horas nos quinze primeiros dias, com quarentena mais rígida e impedindo a abertura na outra metade do mês. Segundo a análise do economista Ademilson Saraiva, da assessoria econômica da Fecomércio-PE, "é importante frisar que tais medidas ampliam os desdobramentos dos efeitos negativos da covid nos negócios, impondo perdas significativas aos estabelecimentos e obrigando muito destes a demitir e em casos mais extremos chegando a encerrar as atividades".

O ano de 2021, diferente do ano anterior, não recebeu os socorros necessários para famílias e empresários, desta forma, a amenização do quadro crítico não foi feita. Esta conjuntura difícil não possibilita o retorno da confiança de muitos negócios, principalmente os mais tradicionais que resistiram a inovar e em apostar nos outros canais de vendas. Projetos importantes não foram relançados como os de crédito, que apoiaram parte dos estabelecimentos com recursos subsidiados e com prazos mais longos para pagamentos, além da falta de socorro as despesas altas como a folha de pagamento com a não reedição do Programa de Proteção do Emprego e da Renda que possibilitou aos empresários suspender os contratos de trabalho e a reduzir a carga horária, além de dividir parte do pagamento do salário do funcionário com o governo federal, diz o relatório da Fecomércio-PE.

AUXÍLIO EMERGENCIAL

Nem mesmo a expectativa do retorno do pagamento do auxílio emergencial foi capaz de segurar a confiança do comércio. O projeto foi reeditado com uma força muito aquém do programa de 2020, que se usar todo o recurso disponibilizado para este não alcançará 25% de todo valor injetado na economia nos 9 meses do ano passado. Lembrando que o auxílio emergencial entre abril de 2020 e janeiro de 2021 injetou na economia pernambucana aproximadamente R$ 17 bilhões de reais, contribuindo para que quase metade das atividades do varejo apresentassem um surpreendente resultado positivo.

Entre as atividades que mais foram beneficiadas estão os eletrodomésticos, os móveis, os medicamentos, os materiais de construção, os hiper e os supermercados. Todos refletindo a necessidade destes produtos para as famílias que permanecem por bem mais tempo em suas residências, seja trabalhando, estudando ou apenas seguindo a recomendação do isolamento social.

Outra questão importante e que entrou em cena com força para adiar a recuperação da economia foi a instalação da CPI para apurar irregularidades na gestão dos recursos da pandemia de covid-19 no país. Visto que os olhares do congresso estarão focados no processo de apuração, adiando debates tão importantes quanto, como as aprovações da Reforma Tributária e de outros temas relevantes para que a economia do país possa sair de maneira mais rápida deste cenário extremamente difícil para o desenvolvimento dos negócios.

"Para o próximo mês se espera que a confiança continue na zona de avaliação negativa, mas que apresente uma variação positiva entre abril e maio, visto que no mês de maio o Dia das Mães pode aquecer parte da demanda e trazer um desempenho menos negativo para os estabelecimentos do setor de comércio do Estado de Pernambuco", diz a análise do economista de Fecomércio-PE.


 

 

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