O PIB deve apresentar crescimento este ano. Mas o que isso de fato muda na sua vida?
O aumento da previsão de crescimento do PIB é considerado uma boa notícia por economistas. O crescimento maior da economia deve contribuir para gerar mais empregos.
O PIB deve apresentar crescimento este ano. Mas o que isso de fato muda na sua vida ?
O prestigiado Boletim Focus projetou que este ano o Produto Interno Bruto (PIB) do País deve crescer 4,85%. "O PIB é o somatório de todas as riquezas produzidas no País. E o volume de produção aumentando indica o crescimento econômico. Estimula os investimentos", explica o economista e professor da Unit Edgard Leonardo. Mas o que isso de fato muda na vida do cidadão.
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A primeira consequência concreta, segundo Leonardo, que isso vai trazer a vida do cidadão é o aumento do emprego e a redução da quantidade de pessoas que estão sem uma ocupação. No primeiro trimestre deste ano que acabou em março, o Brasil estava com 14,3 milhões de desempregados. "Quando o PIB cresce, há um estímulo para que ocorram mais investimentos e mais contratações. Com isso, as pessoas têm ganhos de renda e todos são impactados com esse ciclo positivo", comenta Leonardo. Com as pessoas ganhando mais, elas passam a comprar mais e empresas que oferecem serviços ou que produzem bens também passam a vender mais.
"O crescimento do PIB provoca uma interferência da percepção do mundo com relação ao País. As projeções começam a melhorar. No mês anterior, a projeção era de que o PIB apresentasse um crescimento de 4,3% em 2021", argumenta Leonardo.
Ainda de acordo com Leonardo, o lado ruim do aquecimento da economia - que faz aumentar o consumo - é contribuir para o aumento da inflação, uma alta generalizada nos preços. Elaborado pelo Banco Central, o Boletim Focus projetou uma previsão de que a inflação fique em 5,82% este ano.
Leonardo tambem vê com bons olhos o fato de que a projeção de crescimento do PIB este ano ocorre num mundo que também está com a economia se recuperando da grave crise sanitária e econômica provocada pelo coronavírus. "Isso é bom para a economia brasileira, porque países como a China e os Estados Unidos vão demandar mais produtos brasileiros como o aço, alimentos, entre outros", comenta. O lado ruim do aumento as exportações de alimentos é que isso provocou, desde o ano passado, uma alta no preço de produtos, como óleo de soja e carnes bovina, de frango e suína.
E, por último, Leonardo lembra que quando saiu o crescimento de 1,2% do PIB no primeiro trimestre deste ano, ocorreu uma ligeira queda na cotação do dólar e uma alta na bolsa de ações como Petrobras, Braskem, BRFood e Via Varejo. "Isso foi uma resposta a percepção de que o consumo vai aumentar e o emprego crescer", comenta. A cotação do dólar cair é uma notícia boa para o consumidor, porque o Brasil importa muitos produtos - como petróleo, peças, entre outros - que ficam mais baratos, quando diminui o valor da moeda norte americana em reais.
Na história recente do Brasil, os anos de menor desemprego foram quando o País apresentou um maior crescimento do PIB em 2010 e alguns anos próximos. O Brasil já vinha crescendo pouco passou por uma grande recessão (queda no crescimento do PIB) em 2015/2016 e depois voltou a crescer em torno de 1% ao ano, que é considerado um crescimento baixo pelos economistas.
QUEDA
O PIB do Brasil caiu 4,1% no ano passado devido ao impacto ao impacto que o coronavírus provocou na economia, atingindo principalmente o setor de serviços, responsável por mais de 70% da economia brasileira. Em entrevista ao Programa Passando a Limpo liderado pelo radialista Geraldo Freire, o economista José Fernandes alega que esse crescimento projetado pelo Focus vai ocorrer sobre uma base deprimida por causa da queda do PIB registrada no ano passado. Isso significa que esse crescimento é menor porque se dá sobre uma base de comparação menor.
José Fernandes argumenta que um crescimento mais sustentável do País só volta a acontecer, quando o Pais tiver investimentos em infraestrutura que aumentem a sua produtividade, como ferrovias, portos, aeroportos. "O modelo brasileiro é concentrador de renda, a pobreza vem aumentando,faltam investimentos em infraestrutura, sem falar em educação e o acesso à saúde que formam a infraestrutura social clássica", resume.
Ou seja, o PIB voltar a crescer é bom, mas o Pais tem que ter investimentos para melhorar a produtividade, uma das mais baixas do mundo. E produtividade melhora com educação de qualidade e uma melhor infraestrutura, como rodovias, portos, aeroportos, melhoria em telecomunicações etc.