A privatização das empresas brasileiras foi uma das bandeiras levantadas por Jair Bolsonaro ainda na eleição presidencial de 2018. A ideia era enxugar a máquina e reduzir custos, mas chegada da pandemia da covid-19 acabou colocando o plano de privatizações em banho maria. Agora, o governo volta a colocar o assunto em pauta, tentando agilizar a privatização da Eletrobrás.
A estratégia de vender estatais não é nova, tendo ganhado força entre 1991 e 2001, quando o governo brasileiro transferiu ao setor privado o controle de mais de cem empresas estatais, além de participações minoritárias em várias companhias. Nos leilões, foram gerados US$ 68 bilhões em receitas.
Conheça algumas das grandes estatais brasileiras que já foram privatizadas nas três últimas décadas:
Vale
Maior exportadora de minério de ferro do mundo na época, a Companhia Vale do Rio Doce foi privatizada em 1997. O valor da operação foi de US$ 3,3 bilhões, feita pelo consórcio Brasil — liderado pela CSN e pela Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), além de outros grupos com menor participação. Hoje, a Vale está no primeiro lugar na produção mundial de minério de ferro, pelotas e níquel. Protagonista das tragédias de Mariana e Brumadinho, a mineradora está com várias de suas barragens interditadas no país.
Embraer
Criada no período da ditadura militar em 1969, a Embraer se tornou uma referência da indústria aeronáutica brasileira, com projeção internacional. A privatização aconteceu em 1994, pelo valor de R$ 265 milhões. No terceiro lugar entre as maiores fabricantes de jatos comerciais do mundo, a Embraer emprega 18 mil funcionários e atualmente passa por mudanças relevantes em sua estrutura, após a criação de uma joint venture com a Boeing.
CSN
Em 1993, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi adquirida pelo empresário Benjamin Steinbruch, do Grupo Vicunha. O processo foi longo, com batalhas jurídicas e polêmicas entre os defensores e opositores da privatização. Ao final, o governo Itamar Franco se desfez de 91% das ações que detinha na companhia e o valor da transação foi de R$ 1,2 bilhão. O grupo está presente em 18 estados brasileiros e também atua em dois outros países: Alemanha e Portugal.
Light
Hoje uma das três distribuidoras de energia elétrica no estado do Rio de Janeiro, a Light foi privatizada em 1996. A empresa foi arrematada por um consórcio de três multinacionais: Eletricité de France, AES Corporation e Reliant Energy.
Usiminas
O leilão de privatização da Usiminas, realizado em 1991, foi o que marcou o início do Programa Nacional de Desestatização (PND). A companhia foi escolhida, na ocasião, por ser considerada um atrativo para o setor privado. A aquisição foi feita pelo Grupo Gerdau.
Telebras
Realizada em um leilão em 1998 na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, a privatização da Telemar foi a maior já ocorrida no Brasil. Arrecadou R$ 22 bilhões pelos 20% das ações em poder do governo na época. Para o leilão, a Telebras foi dividida em 12 empresas: três de telefonia fixa (Telesp, Tele Centro Sul e Tele Norte Leste), oito de telefonia celular (Telesp Celular, Tele Sudeste Celular, Telemig Celular, Tele Celular Sul, Tele Nordeste Celular, Tele Centro Oeste Celular, Tele Leste Celular e Tele Norte Celular) e uma de telefonia de longa distância (Embratel).
Banespa
O Banco do Estado de São Paulo (Banespa) foi leiloado em 2000 por R$ 7,050 bilhões para o grupo espanhol Santander.
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