A empresária Flávia Braga abriu as portas de seu salão de estética e terapia, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, há pouco mais de 15 dias. Até 2020 ela trabalhava com o marido na empresa da família, que atua no ramo de manutenção de geradores elétricos. Com a chegada da pandemia, Flávia resolveu ficar em casa e dedicar mais tempo ao filho e ao lar. Aquela parada forçada fez com que ela repensasse sua vida profissional. "Eu já fazia um curso de esteticista mas nunca pensei em virar empresária de uma hora para outra, com espaço próprio e funcionárias", diz ela. Flavia achava que, no início, apenas atenderia clientes em domicílio. Aí veio a pandemia, e tudo mudou.
INICIATIVA
"O tempo que eu fiquei em casa, praticamente isolada, fez minha autoestima baixar. Não ia mais a salão de beleza, não me cuidava, tive crises de ansiedade. Foi quando percebi que 90% das pessoas deveriam estar passando pelo mesmo processo. Foi quando eu decidi ajudá-las e me ajudar também". Flávia conta que pegou um capital que estava reservado para uma cirurgia plástica e investiu tudo no novo negócio. "Aluguei sala, equipei e decorei, contratei quatro pessoas, uma farmacêutica, uma fisioterapeuta, uma designer de sobrancelha e uma depiladora, e comecei a divulgar nas redes sociais". Com tão pouco tempo ela já se orgulha do caminho que tomou. "Hoje eu escuto meus clientes dizendo que estavam precisando desses cuidados. Eu vejo muito futuro pela frente nessa atividade", se orgulha.
Flávia não está sozinha. Segundo dados da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe), houve um aumento expressivo na quantidade de abertura de empresas com o CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) na classe 96.02-5 - Cabeleireiros e atividades de tratamento de beleza, fazendo um comparativo com 2020. De janeiro a julho do ano passado, 3.284 empresas com essa especificação foram abertas em Pernambuco. Já em 2021, no mesmo período, 4.095 empresas com esse CNAE iniciaram suas atividades em Pernambuco, segundo a Jucepe. Um aumento de 24,7%.
TENDÊNCIA
Momento bom para quem começa e para quem já tem experiência. Rose Rocha, que tem um salão de cabeleireiro há mais de 25 anos, conta que a procura para os cuidados com o cabelo e com a área estética é sempre grande, mas que por conta da quantidade de profissionais do mercado, é preciso prestar um serviço de excelência e ficar sempre atenta às tendências mundiais. “A pandemia me deixou bem apreensiva, foram momentos difíceis. As clientes ligando querendo marcar e eu sem poder trabalhar. Por vezes pensei em desistir, mas consegui me manter no mercado", relata Rose.
MOTIVOS
A analista do Sebrae, Romárcia Lima, explica que o segmento de beleza têm atraído muitos empreendedores, não à toa. "É um setor onde se tem fácil acesso ao conhecimento. Existem vários cursos à disposição e em vários níveis de profissionalização. Cursos gratuitos, até". Romárcia também associa o baixo custo de implantação de um negócio no ramo da beleza e cuidados pessoais. "Para quem está começando é possível começar trabalhando em casa. Por exemplo, no setor de bronzeamento; ou de manicure, design de sobrancelhas; são muitas opções".
A analista do Sebrae acredita que o setor ainda vai continuar em expansão porque o perfil do consumidor também mudou. "A pandemia fez com que as pessoas passassem mais tempo diante de uma câmera, de celular ou de computador, seja nas redes sociais ou no home-office isso fez crescer a preocupação com a apresentação pessoal, com a auto estima. Todo mundo quer se olhar e se ver bem", diz a analista do Sebrae-PE.
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