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Campos Neto: é preciso ampliar Bolsa Família dentro da responsabilidade fiscal

Segundo o presidente do Banco Central, existe uma consciência de que aumentar gastos com o Bolsa Família pode ser contraproducente caso a incerteza gerada supere o benefício do dinheiro injetado na economia

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Estadão Conteúdo

Publicado em 03/09/2021 às 14:47
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a incerteza fiscal de curto prazo no País vem de uma associação de projetos estruturantes à ampliação do Bolsa Família, considerada um processo eleitoral. 
Segundo o presidente do BC, há uma avaliação dentro governo e do Parlamento de que a ampliação do programa social deve ser feita em um contexto de respeito ao regime fiscal. Campos Neto disse que existe uma consciência de que aumentar gastos com o Bolsa Família pode ser contraproducente caso a incerteza gerada supere o benefício do dinheiro injetado na economia.
"Lembrando que não temos recursos públicos para sair da crise com investimentos públicos. Temos de ter investimentos privados e, para ter investimento privado, precisa gerar credibilidade", disse o presidente do BC.
Campos Neto também disse, no evento, que a condução da política monetária fica mais complexa diante do momento de incerteza em relação à economia brasileira. "A gente tem todos os choques externos, choques internos, a crise hídrica, mais um ruído eleitoral, de fato isso dificulta", avaliou. "Mas o BC tem de pensar que a nossa missão é atingir a meta, entregar a meta de inflação, isso é o elemento mais importante para garantir a estabilidade com crescimento sustentável de curto, médio e longo prazo."
Segundo Campos Neto, o descolamento da inflação em relação à meta na época em que a Selic atingiu a mínima histórica, em 2%, é maior do que o observado hoje, quando o BC está em um ciclo de aumento de juros para perseguir a meta de IPCA de 2022.
"Com os dados que a gente tinha naquele momento, a desancoragem para baixo em termos de magnitude era muito maior do que ela é para cima hoje. A gente está num exercício de olhar para o outro lado, entendendo essa inércia, os diversos choques", afirmou.
Campos Neto disse que a melhor forma de lutar contra as dificuldades de calibragem da política monetária é explicitar essas dificuldades e atuar com uma comunicação eficiente para o mercado. O presidente do BC afirmou ainda que a diferença entre projeções de inflação do mercado e da autarquia parte de questões sobre ritmo de fechamento do hiato do produto e inércia inflacionária.
De acordo com Campos Neto, o BC deve explicitar mais as suas visões sobre a trajetória do hiato do produto no próximo Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Pix

O presidente do Banco Central também disse que as novas modalidades do Pix, o Pix Saque e o Pix Troco, são grandes inovações, que também serão importantes para o interior do País. Campos Neto ressaltou que ambas beneficiam tanto consumidores quanto lojistas.
"É um ganha-ganha para todo mundo. É aumento de eficiência, e vai ser de graça para as pessoas. Lembrando que o lojista paga para fazer recarga de celular e para ter cliente na boca do caixa. Agora, vai até receber para isso. É uma grande evolução, e outras vão se seguir."
Entre as evoluções futuras, Campos Neto afirmou que o Pix vai se conectar com o "open finance" e a inovação da moeda. O presidente do BC destacou o movimento de regulação de verticalização da produção de dados, cada vez mais importantes para as inovações do setor, e pregou a importância da legislação cambial, em trâmite no Senado.
"Estamos avançados na conversa da nossa moeda digital, com grande parte dos problemas sendo resolvidos e trabalhados. Temos avançado bastante na parte de como vai ser a tecnologia e de como vão ser resolvidos os problemas", acrescentou Campos Neto.
 

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