Silvio Meira lança livro "O que é Estratégia?", com teses para serem aplicadas e testadas a partir das diversas capacidades da sua organização
Em tempos de mudanças aceleradas e com uma exigência, cada vez maior, das lideranças desenharem estratégias, o cientista chefe da TDS Company e professor extraordinário da Cesar School Silvio Meira lança, hoje, o Livro "O que é Estratégia?", uma obra que nos provoca para sermos agentes autônomos e capazes de desempenhar essa missão
Por Rosário de Pompéia, especial para o JC
Em tempos de mudanças aceleradas e com uma exigência, cada vez maior, das lideranças desenharem estratégias, o cientista chefe da TDS Company e professor extraordinário da Cesar School Silvio Meira lança, hoje, o Livro “O que é Estratégia?”, uma obra que nos provoca para sermos agentes autônomos e capazes de desempenhar essa missão.
A definição de estratégia - processo de transformação de aspirações em capacidades – é aprofundada em 21 tópicos, com uma estrutura linguística provocativa, característica do autor, recheada de reflexões que foram acumuladas diante da sua versatilidade como professor, cientista, empreendedor, investidor e batuqueiro de maracatu. As provocações cabem para qualquer tipo de negócio, empreendimento ou até mesmo gestões públicas, levando o leitor a exercitar seus pensamentos dentro dos seus contextos específicos, saindo dos cases e benchmarks.
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Por isso, não espere um livro com uma receita pronta, mas uma série de teses para serem aplicadas e testadas a partir das diversas capacidades da sua organização, dentro do seu contexto. Espere um livro vivo e se sinta co-autor, já que você será convidado a discutir a partir das 21 questões essenciais, disponibilizadas no texto, e que as suas respostas podem ser compartilhadas numa conversa coletiva, em rede, usando strateegia.digital, uma plataforma que foi desenhada para possibilitar o desenho distribuído e assíncrono de estratégias.
Questões
1 . Por que escolher o tema estratégia? Alguma relação com o nosso contexto atual de um mundo que vive as consequências de uma pandemia?
Muitos milhares de textos sobre estratégia foram escritos só nas décadas passadas. Só no catálogo da Library of Congress [LoC] há 31.000 livros que tratam estratégia, entre os publicados de 2010 a 2019. Mas percebi que há uma confusão no debate sobre estratégia. Eu via que uma parte significativa do debate sobre estratégia era sobre táticas, métodos, processos e aspirações. Isso são componentes da estratégia, mas não “há” estratégia.
Tudo começou quando eu tentei explicar o que era estratégia num slide e essa explicação foi sendo encorpada à medida que eu discutia o tema com mais pessoas e lia mais coisas. Um dia, resolvi me ouvi falando, gravei 20 minutos falando sobre o slide e resolvi transformar o slide num pdf. Mas não fiquei satisfeito e comecei a tentar detalhar mais ainda o que eu mesmo estava tentando dizer sobre o que é estratégia. Nisso, comecei a ver também que não se tinha um conjunto de definições acionáveis sobre estratégia.
Por exemplo, se confunde como estratégia a frase de Kennedy, em 1961, no Congresso Americano, em que dizia que até “o fim da década vamos levar o homem à Lua e trazer de volta à terra em segurança. Isso não é estratégia, é uma aspiração. Nessa frase não estão as explicitações da capacidades em termos de competências, habilidades, recursos, tecnologia e a ciência básica que precisou ser feita.
Na pandemia, de fato, apareciam mais conversas sobre mudar a nossa estratégia diante do que acontecia, mas quando você ia ver não se tinha uma estratégia, tinha um conjunto mais ou menos articulado de operações. Isso não é uma estratégia.
2 . Seu livro também chama atenção pelo formato. Ele não segue o padrão comum de textos em livros. De onde veio a inspiração?
Desde o começo, tentando decodificar meu pensamento, o formato do texto foi tomando corpo como uma espécie de catálogo de aforismos sobre estratégia. Por acaso, consultando uma fonte, relembrei que esse ano (2021) era o centésimo ano da primeira publicação do Tractatus Logico-Philosophicus [TLP, no Annalen der Naturphilosophie, Leipzig, 1921], de Ludwig Wittgenstein. Esse foi um livro muito importante na minha formação. Ele me chocou profundamente porque ele é um livro de subterfúgios lógicos. Eu li esse livro em 1981, quando ele tinha feito 60 anos. Reli o Tractatus e comecei a reescrever o que é estratégia como homenagem à forma do Tratctatus. Foi uma questão de junção de fluxos.
2. Ainda sobre a estrutura do livro, na segunda parte, ele nos convida para 21 questões, o que torna, como disse Claudio Marinho, o livro “vivo”. A definição da estratégia será feita de forma colaborativa, num aprendizado coletivo? As perguntas nos levam a definir o que é estratégia a partir também do nosso conhecimento e contexto?
O livro tem 21 tópicos. O primeiro define, em dez palavras, o que é estratégia e os demais exploram essa definição de várias formas. O último tópico do livro diz que mudança é estratégia e é exatamente por onde o primeiro tópico começa. Depois do último tópico, coloquei 21 questões essenciais que tratam cada um dos tópicos.
Esse livro foi pensado para ter uma aplicação prática, onde as pessoas precisam fazer uma estratégia para os negócios, para as suas vidas, para as suas instituições. Para você aprender sobre alguma coisa precisa refletir sobre ela. Existem três níveis de processos para entender alguma coisa. O primeiro é ler, o segundo é você refletir sobre os porquês. Mas, para você aprender precisa descer para questões essenciais.
Essas questões não são respondidas pelo texto que você leu, elas exigem uma reflexão em contexto, uma reflexão crítica. Para isso, o livro, em papel, tem duas páginas em branco para você rabiscar sobre cada questão. Mas, em ambos os livros, você vai ser direcionado por um QR Code para uma plataforma de debates estruturada para construção de estratégias, strateegia.digital, onde você sai para debater a questão com outras pessoas que estão lendo o livro. Isso é parte de um experimento. Eu espero que as pessoas aprendam muito mais debatendo na plataforma com outras pessoas do que lendo o livro e pensando sozinhas.
4. As estratégias, num mundo altamente acelerado pelo digital, podem ser confundidas com processos de digitalização ou um foco maior em tecnologias. Mas, no seu livro, você cita a palavra pessoas 36 vezes e 5 vezes se encontra a palavra tecnologia. Isso quer dizer que para se ter uma estratégia é preciso entender sobre pessoas?
Estratégias são pensadas por, executadas por, facilitadas por e afetam pessoas. Tecnologia tem um papel de insumo e facilitação do processo de inovação dentro do contexto. Tecnologias podem habilitar e provocar mudanças de comportamentos de agentes no contexto. Mas a gente nunca pode esquecer que Instituições são pessoas, uma empresa é uma rede de pessoas. Um CNPJ não faz absolutamente nada. Quem faz são as pessoas que aquele CNPJ articulou com um conjunto de performances. Quando menciono tecnologia, ela tá diretamente conectada a pessoas. Além disso, outro ponto importante além desse é que o livro inteiro não tem nenhum exemplo de estratégia e isso é deliberado. O livro se propõe a ser abstrato e duradouro. Se eu tiver conseguido fazer isso, ele é atemporal.
5. Como as estratégias lidam com a combinação dos três tempos: presente, passado e futuro?
Não existe estratégia sem pensar no futuro, a menos que você disfarce seu futuro dentro do seu presente, no negócio. Se a gente pegar a definição de estratégia, que é o processo de transformação de aspirações em capacidades, as aspirações são coisas que a gente quer ser, ter ou fazer. Isso tá no futuro. E a gente quer criar as habilidades, competências e os recursos para ter ou fazer essas aspirações no presente. Estratégias lidam sempre com o futuro. A vasta maioria de negócios tem operações, não necessariamente estratégias. Eles têm táticas, métodos e processos para funcionar mas são liderados por quem tem estratégia. Quem tem estratégia desenha os mercados e quem não tem tenta acompanhar. Quando você tem mudanças acontecendo rapidamente e com profundidade como agora, quando vivemos a decolagem da revolução digital, a gente acelera o tempo de tal forma que acontece uma compactação do presente e você tem que trazer coisas do futuro o tempo todo. Sendo assim, uma coisa que era padrão para mudanças, benchmarking, não serve mais. Em tempos de transformação, não tem sentido fazer benchmarking porque todo mundo está tentando acertar ao mesmo tempo.
6. Essa obra tem um método cientifico que nos ajuda a aprender a fazer estratégia?
Sim. Se você ler e entender o livro passando e refletindo pelas questões essenciais, você pode criar a capacidade para desenhar a sua estratégia porque a ideia é fomentar a autonomia de qualquer agente para o desenho estratégico. Toda estratégia, por mais simples que seja, é complexa. Mas é sempre importante entender o que é estratégia e não confundir com operação, que é outra coisa, totalmente diferente, associada à execução (da estratégia).
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