EXPLORAÇÃO MARÍTIMA DE PETRÓLEO

Leilão da ANP inclui blocos de petróleo perto de Fernando de Noronha

Entre as 92 ofertas do leilão, estão alguns blocos nas proximidades da "Cadeia de Fernando de Noronha"

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Adige Silva

Publicado em 30/09/2021 às 23:35
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*Com informações do Estadão

Blocos de petróleo localizados próximos ao arquipélago de Fernando de Noronha e da reserva biológica Atol das Rocas estão entre as 92 ofertas divulgadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para o próximo leilão de exploração marítima, marcado para o dia 7 de outubro. O local da exploração fica próximo à "Cadeia de Fernando de Noronha", que envolve uma sequência de montes submarinos que se conectam no litoral e formam Fernando Noronha e Atol das Rocas.

A medida é controversa porque a região tem uma biodiversidade impar, com reconhecimento internacional devido ao rico ecossistema que possui. Além disso, a área é fundamental para manter a subsistência de todas as atividades de pesca e turismo. Em 2001, Fernando de Noronha e o Atol das Rocas foram declarados como Patrimônio Natural Mundial, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura.

Um estudo técnico, realizado por pesquisadores e professores do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), mostra que blocos localizados na "Bacia Sedimentar Potiguar" podem causa impacto direto em três bancos submarinos da cadeia de Fernando de Noronha: bancos Guará, Sirius e Touros. O levantamento revela que dois desses blocos atingem diretamente cerca de 50% da área da base do monte Sirius e 65% do seu topo.

O Sirius fica localizado na região oeste da cadeia de Noronha é importante para manter a ligação dos ecossistema oceânicos do Nordeste. Entre ele e Noronha está localizado o Atol das Rocas, que em 1979 se tornou a primeira unidade de conservação marinha do Brasil.

Atualmente, o Atol das Rocas é classificado como uma reserva biológica, com os mesmos critérios de conservação adotados em reservas como o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (1983) e o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha em (1988).

“As pessoas conhecem o arquipélago de Noronha e o Atol, mas esses bancos que fazem parte desse ecossistema, e que são pouco conhecidos, têm a mesma relevância e riquezas e são vitais para que tudo seja preservado, todo o conjunto, porque estão conectados”, diz o professor do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (Docean/UFPE), Mauro Maida, um dos pesquisadores que assinam o estudo.

Em resposta aos questionamento, a ANP negou as irregularidades na oferta dos blocas. A agência alegou que "não foram identificadas pelos ministérios envolvidos (Meio Ambiente e Minas e Energia) restrições à oferta dos 14 blocos exploratórios na Bacia Potiguar”.

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