REFLEXO

Alta da energia eliminará 166 mil vagas de emprego no Brasil

Fim do ano deverá ter menos vagas, quando comparado ao número de empregos no período de abril a junho

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Lucas Moraes

Publicado em 03/11/2021 às 10:31 | Atualizado em 03/11/2021 às 10:35
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O aumento no preço da energia elétrica resultará em uma queda de R$ 8,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano. Para 2022, a soma das perdas deste ano e do próximo eleva o montante para R$ 22,4 bilhões. A comparação é feita com base no que ocorreria sem a crise energética, segundo previsão da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a instituição o impacto afetará o consumo das famílias em -R$7 bilhões, ainda em 2021, e levará o País a uma perde de 166 mil vagas de emprego. 

As estimativas são do estudo “Impacto econômico do aumento no preço da energia elétrica”, da CNI. O impacto da carestia em 2021 atingirá em cheio o PIB industrial, incluindo indústrias extrativa e de transformação, serviços industriais de utilidade pública e a construção, que terão reduções na casa de R$ 2,2 bilhões em comparação ao que seria sem o aumento de custo da energia elétrica. Somente o PIB da indústria de transformação ficará R$ 1,2 bilhão menor neste ano.

Na estimativa da CNI, ainda em 2022, o impacto sobre o emprego será forte, com uma perda de 290 mil empregos em relação à quantidade de pessoas ocupadas entre abril e junho de 2021. O impacto na inflação é de mais 0,41% e as exportações devem cair aproximadamente R$ 5,2 bilhões no ano que vem. 

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, lembra que a crise hídrica é provocada pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, o que limita a produção de energia mais barata, e obriga o uso das termoelétricas, que são mais caras. No entanto, soma-se à crise hídrica, a elevada tarifa da energia elétrica no país que contém 16 encargos, impostos e taxas setoriais incorporados à conta de luz e correspondem a 47% do custo total da tarifa de energia.

Antes mesmo da crise hídrica, o custo da energia elétrica já era um dos principais entraves ao aumento da competitividade da indústria brasileira. No ranking do estudo Competitividade Brasil 2019-2020, elaborado pela CNI, o Brasil aparece na última posição, entre 18 países, no fator Infraestrutura de energia, devido ao custo elevado da energia elétrica e à baixa qualidade no fornecimento.

 “O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois a energia elétrica é um dos principais insumos da indústria brasileira. Essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia”, explica Robson Braga de Andrade. 

Setores industriais mais afetados pelo custo

O aumento no preço da energia elétrica não afeta todos os consumidores da mesma maneira. De acordo com a economista da CNI e autora do estudo, Maria Carolina Marques, o resultado setorial depende de três fatores: variação de preços, intensidade no consumo de energia e se os produtos fabricados pelo setor são comercializados internacionalmente.

 Desta forma, os setores industriais mais impactados pelo aumento de energia são: energia elétrica, gás natural e outras utilidades; metalurgia; fabricação de peças e acessórios para veículos automotores; produção de ferro gusa, ferroligas, siderurgia e tubos de aço; fabricação de produtos de madeira; mineração; têxteis; celulose e papel.

No estudo foi utilizado um modelo de equilíbrio geral computável calibrado a partir de da matriz insumo-produto de 2015, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em combinação com dados de energia da Empresa de pesquisa Energética (EPE). Foram analisados 67 setores de atividade, 129 produtos, uma margem de comércio, três margens de transporte, duas origens (doméstico e importado), uma família representativa, um nível de governo e um setor externo agregado.

 

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