Conjuntura econômica

Inflação dos alimentos foi a que mais impactou o orçamento da população do Nordeste em 2021, diz pesquisa

Pelo menos 69% dos entrevistados no Nordeste responderam que a inflação foi a grande responsável por mexer com o orçamento das famílias em 2021. É o que constata o Radar Febraban

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 28/12/2021 às 18:41
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Carne foi um dos produtos que mais subiu com a inflação e saiu da mesa de muitos brasileiros - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
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A sensação da dona de casa Cláudia Matias, 35 anos, é de que os R$ 253 que recebia do Bolsa Família encolheram. Mês a mês, a pequena feira que fazia para ela, o marido e os oito filhos foi diminuindo. Alguns itens, como as carnes, sumiram do carrinho de compras. Moradora da comunidade do Bode, no bairro recifense do Pina, no Recife, Cláudia vive a realidade de outros tantos nordestinos e brasileiros, que tiveram sua vida impactada pela inflação dos alimentos. No caso dela, a alta dos preços e o desemprego do marido levou a família a situação extrema de passar fome. No País, as pessoas acreditam que a inflação foi o que mais impactou a população em 2021.

ALEX OLIVEIRA/JC IMAGEM
Série Fome - ALEX OLIVEIRA/JC IMAGEM

A constatação está no Radar Febraban 2021, pesquisa realizada em parceria entre a Federação Brasileira dos Bancos e o Institutode Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). Foram ouvidas 3 mil pessoas no País, em novembro, para comentar sobre temas como situação da economia, consumo, bancos, PIX e outros. O resultado mostrou que a inflação dos alimentos foi o que mais impactou o cotidiano das famílias. No Nordeste, 69% dos entrevistados deram esta resposta. Segundo o IBGE, a alta acumulada dos alimentos (até outubro) chegou perto de 15%, com destaque para açúcar (44%), óleo de seja (32%) e carnes (25%). 

Mestre em sociologia, doutor em ciência política e presidente do conselho científico do Ipespe, Antônio Lavareda diz que além dos alimentos, os combiustíveis também impactaram o orçamento das famílias em 2021. "Quase quatro em cada dez habitantes (37%) do Nordeste apontaram este item do orçamento que sofreu mais restrição em função do processo inflacionário", destaca.

FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
PESADO Setor de transportes registrou uma alta de 3,66% e a gasolina ( 8,97%) foi o produto que mais impactou - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

No acumulado de 2021, a alta da gasolina já chega a 73,4% e a do diesel alcançou 65,3%. O reajuste mais recente aconteceu no último dia 26, com incremento de 7,04% no valor do litro na refinaria e de 9,15% para o diesel. Depois dos combustíveis, em terceiro lugar, aparece o pagamento de serviços de saúde e remédios. "Perto de um quinto da população (17%) diz que se ressentiu bastante dos custos desses itens no seu orçamento", observa Lavareda.  

Nordestinos têm sonhos diferentes dos brasileiros 

O Radar Febraban também perguntou aos entrevistados o que eles gostariam de fazer se tivesse uma sobra no orçamento de 2022 e fez um recorte regional. Antônio Lavareda aponta peculiaridades nas respostas dos entrevistados nordestinos.

"O Nordeste traz uma pauta distinta das demais regiões. Em primeiro lugar está a compra de imóveis, adquirir uma casa ou um apartamento novos. Em segundo lugar, aplicar na poupança, 20% pretendem aplicar a sobra que houver, um percentual diferente do nacional (18%). O que difere mais é o desejo de investir em educação como forma de melhorar de vida e para evolução sua e da sua família", assinala Lavareda.

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Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), responsável pela pesquisa. - Divulgação

São 21% os que querem apostar em cursos para melhorar sua educação e da sua família, enquanto essa resposta para a média nacional é de 17%, aparecendo apenas em quinto lugar como alternativa. Aplicar na poupança e reformar a casa aparecem antes nas respostas dos entrevistados nacionais. 

Aceitação do PIX é realidade

Outro assunto em pauta no Radar Febraban com os entrevistados foi a criação do PIX, que completou seu primeiro ano no final de 2021. "É grande o número de brasileiros que usa o PIX como meio de pagamento e esse comportamento não é diferente na região Nordeste. O Radar Febraban nos permite constatar que 68%, praticamente sete em cada dez nordestinos utiliza do PIX no seu cotidiano. E a taxa de aprovação também é superlativa, com 84% da população regional aprovando o PIX. Ou seja, as pessoas reconhecem a sua utilidade e a segurança deste meio de pagamento", avalia Lavareda. 

SAIBA MAIS 

Sobre o Ipespe

O Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), fundado em 1986, é uma das instituições mais respeitadas do Brasil no setor de pesquisas de mercado e opinião pública. E conta com um conselho científico formado por especialistas de diversas áreas, o qual é presidido por Antonio Lavareda, mestre em sociologia e doutor em ciência política.

Tem equipes operacionais e consultores em todos os estados do País e atuação em âmbito nacional e internacional, sempre atualizado com o que há de mais inovador em técnicas e sistemas de pesquisas. A experiência, o rigor técnico e a agilidade do Ipespe têm se transformado em ferramentas fundamentais para que empresas privadas, governos e organizações possam conhecer melhor o seu público e o mercado.

Sobre a Febraban

A Febraban - Federação Brasileira de Bancos - é a principal entidade representativa do setor bancário brasileiro. Fundada em 1967, na cidade de São Paulo, é uma associação sem fins lucrativos que tem o compromisso de fortalecer o sistema financeiro e suas relações com a sociedade e contribuir para o desenvolvimento econômico, social e sustentável do País.

O quadro associativo da entidade conta com 117 instituições financeiras associadas, as quais representam 98,8% dos ativos totais e 96,6% do patrimônio líquido das instituições bancárias brasileiras.

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