RIO SÃO FRANCISCO

Sobradinho vai aumentar a vazão

Desde 2009, Sobradinho não liberava esta quantidade de água. A expectativa é de que o reservatório alcance 75% da sua capacidade total de armazenamento até o final de janeiro

Angela Fernanda Belfort
Angela Fernanda Belfort
Publicado em 12/01/2022 às 18:06
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
O aumento da vazão de Sobradinho ocorre para controlar as águas depois das chuvas torrenciais que aconteceram em Minas Gerais nos últimos 15 dias - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
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A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) vai elevar as vazões dos reservatórios das suas hidrelétricas localizadas na Bacia do Rio São Francisco. Sobradinho já aumenta a sua vazão, gradativamente, desde esta quarta-feira (12), liberando mais 500 metros cúbicos de água a cada 48 horas. Deste modo, as vazões dos reservatórios de Sobradinho e Xingó vão chegar a 4 mil metros cúbicos por segundo no dia 24 de janeiro. O primeiro fica na Bahia e o segundo na divisa entre Alagoas e Sergipe.

A última vez que ocorreu a liberação deste volume de água foi em 2009. "Precisamos nos preparar para o grande volume de água que está a caminho. Vamos continuar acumulando, mas é necessário elevar o que está saindo", diz o diretor de Operações da Chesf, José Henrique Franklin.

As chuvas torrenciais que caíram, desde a última semana de 2021, em Minas Gerais fizeram o Operador Nacional do Sistema (ONS), em articulação com a Agência Nacional de Águas (ANA), declarar cheia na bacia do Rio São Francisco. O aumento da vazão vai envolver as cidades banhadas pelo São Francisco abaixo do reservatório de Sobradinho em cidades da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

"É preciso preparar as populações ribeirinhas, porque o rio vai ocupar a sua calha. Nos últimos anos, a população se aproximou muito da calha do rio", explica João Henrique. 

Este aumento da vazão tem como finalidade evitar cheias já que o período úmido na região se estende até abril. Historicamente, nos meses de fevereiro, março e abril ocorrem chuvas na área da bacia do São Francisco. "A perspectiva é boa de chegarmos ao fim do período úmido com 100% da capacidade de Sobradinho", comenta João Henrique. No final deste mês, Sobradinho deve estar com 75% da sua capacidade de armazenamento.

Até terça-feira (11), a vazão de Sobradinho estava em 800 metros cúbicos por segundo e o reservatório com 60% da sua capacidade. O Rio São Francisco perdeu muito volume de água devido às grandes estiagens que ocorreram nas duas últimas décadas, incluindo o período de seis anos entre 2013 e 2019, considerada uma das maiores secas daquela região. Ainda na bacia do São Francisco, ocorreu uma grande seca em 2001, que, entre outras coisas, provocou o racionamento de energia no Nordeste.

CONSEQUÊNCIAS

O aumento da vazão vai impactar principalmente as populações ribeirinhas do Baixo São Francisco, nas cidades banhadas pelo São Francisco em Alagoas e Sergipe. Próximo a foz do Velho Chico, o mar invadiu o rio devido à perda de força da quantidade de água do rio que desemboca no mar. 

No polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, o aumento da vazão vai prejudicar principalmente os pequenos produtores que terão que recuar os seus equipamentos que captam a água do São Francisco para irrigar os seus cultivos, segundo o presidente da Associação dos Exportadores do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto. "É necessário este controle para evitar grandes enchentes", comenta ele, lembrando que as maiores cheias daquela região ocorreram em 1979, 1985 e 1992.

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