No Recife, comércio abre na segunda de Carnaval com movimento 'fraco', mas esperado

Às 9h da manhã desta segunda-feira (28), o comércio abriu suas portas no Centro do Recife. Em outros anos, o cenário seria diferente, com a realização do Carnaval, as lojas estariam fechadas, porém, em meio à pandemia de covid-19, a festa não foi permitida e os empresários do varejo foram estimulados a abrirem seus estabelecimentos no período carnavalesco.

Mesmo com a abertura, segundo vendedores ouvidos pelo JC, o movimento está aquém do esperado e deve continuar assim até a quarta-feira (2), a Quarta-Feira de Cinzas. Pessoas viajando, fim de mês e alguns estabelecimentos fechados foram colocados pelos comerciantes como motivos para a baixa movimentação.

"Por conta do período, mesmo sem feriado, muitas pessoas viajaram e o o comércio está ruim, o movimento está fraco, estávamos preparados para isso, nós vendedores, mas está abaixo. Foram feitas ofertas para o período, mas mesmo assim não teve o impacto esperado. Pode ser que melhore na quarta, mas amanhã Amanhã (terça-feira) deve ser o mesmo", disse Ícaro Gomes, de 26 anos, vendedor em uma loja de móveis e eletro na Rua da Palma.

A abertura do comércio é benéfica para os vendedores ambulantes. Enquanto conversava com o JC, Antenor Justino de Medeiros, de 56 anos, vendeu, ao menos, duas águas minerais. Ele trabalha na Avenida Conde da Boa Vista há dez anos, vendendo acessórios para celular, água mineral, guarda-chuva, entre outros, e falou sobre a movimentação nesta segunda de Carnaval.

"Está fluindo, estou vendo pessoas nas ruas, pena que o banco não funciona, o movimento do comércio depende em parte dos bancos, mas estou vendo muita gente na rua porque as lojas estão abertas. Elas acertaram em abrir, sem elas iria desmoronar tudo. Se não abrissem, não teríamos movimento. O fluxo está abaixo, mas praticamente normal, estou aqui de domingo a domingo e vejo a movimentação. Tudo aqui iria morrer se fechassem os cinco dias. Eu oriento os amigos a trabalhar, estão abertas as lojas e nós, ambulantes, fazemos parte desse contexto. E os shoppings abrindo também movimenta muito a área", disse Antenor.

Na última semana, a Federação do Comércio, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio) informou que o objetivo da abertura seria aproveitar a suspensão do ponto facultativo do Carnaval para tentar melhorar as vendas do trimestre e contribuir com a recuperação do setor e da economia.

Confira imagens do comércio no Recife

"Mesmo com o ambiente de negócios adverso, o comércio varejista em Pernambuco encerrou o ano de 2021 com desempenho favorável, denotando capacidade de superação. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (IBGE), o crescimento em volume de vendas foi de 1,3%, o segundo melhor desempenho no Nordeste no ano passado – atrás apenas do Maranhão com +9,8%, os demais estados registraram variação negativa – e o melhor resultado dos últimos 4 anos no estado. Quando se consideram as vendas no varejo ampliado – que incluem os materiais de construção e o segmento automotivo –, o desempenho foi ainda o melhor do país, com crescimento de 17,9% em 2021", apontou a entidade.

Supervisora de uma varejista no Recife, Kauany Augusto Castro, 27 anos, explicou a importância da abertura mesmo com o baixo movimento. "Pensamos que abrir na segunda não teria movimento algum, realmente está muito fraco, mas esperava ainda mais parado. Estão passando pessoas na rua, temos expectativa que melhore. Além de ser Carnaval, por ser fim de mês, por si só, já tem um impacto. Já teve um impacto na pandemia, então um dia a mais fechado é um dia a menos para nós, é renda da empresa, empregos, e a expectativa para a terça-feira é a mesma, esperamos que melhore, por ser dia 1º, as pessoas recebem, mas deve melhorar mesmo na quarta", comentou.

Fugindo do 'vuco-vuco' do centro da cidade, o mercadólogo Bruno Ramos, de 25 anos, aproveitou o dia mais calmo para fazer algumas compras. "Aproveitei que estava por perto e que estava pouca a circulação de pessoas e vim (comprar). Ainda assim, achei que teria bem menos gente, inclusive, vim por isso. Não achei positivo que eles abriram pelo descanso dos trabalhadores, mas pelo ponto de vista comercial é importante sim", afirmou.

O comércio de alimentos também abriu. Lojas de refeições, lanches e ambulantes estavam prontos para receber o público nesta segunda. Jean Carlos, 42 anos, vende suas jacas há 15 anos pelas ruas do bairro de São José, e conseguiu algumas vendas pela manhã.

"O movimento está um pouco mais fraco, as pessoas viajaram, no dia a dia o fluxo de gente é maior, estou aqui há 15 anos, a gente já esperava por esse movimento mais fraco, mas amanhã abrimos normalmente. Quando as lojas abrem é bom para a gente, estou conseguindo vender alguma coisa."

Presidente da CDL Recife, Fred Leal, defende que o momento poderá auxiliar na retomada do comércio. Ele recebeu as primeiras informações de que lojistas estão satisfeitos com a abertura, mas fará uma análise mais detalhada no fim da semana, após o período carnavalesco.

"Culturalmente é feriado, mas fizemos uma ação para abrir o comércio e deu resultado. Tenho informações de que lojas abriram e estão satisfeitas, em São José, Conde da Bos Vista e na Palma. Estão satisfeitas, não é aquele movimento extraordinário, mas vale á pena abrir. O prejuízo é não abrir, foi dia normal, sem custo adicional para abrir, já que não foi feriado, então valeu à pena. Fechar tem prejuízo maior e amanhã esperamos movimento maior. Na sexta-feira, faremos uma avaliação, mas temos boas informações e os shoppings abrem com sucesso e movimentam as suas áreas", destacou.