Comércio

Cerca de 80% das famílias pernambucanas se declararam endividadas em fevereiro

Pesquisa realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), serve de balizamento para o comércio porque também mede a percepção em relação a capacidade de pagamento

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Edilson Vieira

Publicado em 07/03/2022 às 14:50
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O percentual de famílias pernambucanas endividadas chegou a 80,6% em fevereiro de 2022, com variação de 0,2 ponto percentual em relação a janeiro e de 1,3 ponto percentual em relação a fevereiro do ano anterior. Com esse resultado, a taxa voltou ao patamar de julho de 2021. A pesquisa "Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC)" é realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e tem o recorte regional analisado pela Fecomércio-PE.

Segundo a Fecomércio, o resultado de fevereiro de 2022 representa o maior percentual de famílias endividadas na série histórica da PEIC em Pernambuco para o mesmo mês, superando o último recorde que ocorreu em fevereiro de 2021 (79,3%).

Houve um crescimento expressivo em relação ao ano passado. Na comparação com fevereiro de 2021, o percentual das que se consideram muito endividadas cresceu de 12,2% para 20,4%. Mas, na comparação com o mês anterior (janeiro), houve queda de 2,2 ponto percentual (de 22,6% para 20,4%).

TIPOS

Entre os tipos de dívidas mais frequentes, curiosamente houve um aumento na proporção de famílias que consideram o cheque especial na composição das dívidas, na passagem de janeiro para fevereiro, de 8,4% para 10,8%. Os demais tipos de dívida mantiveram praticamente o mesmo nível observado em janeiro, com destaque mais uma vez para o cartão de crédito, que é mencionado por 95,6% das famílias.

Em fevereiro, a parcela média da renda comprometida com as dívidas registrou estabilidade, embora elevada, permanecendo em 30,7%, mesmo patamar de janeiro. Esse número está 1,8 ponto percentual acima do registrado em fevereiro de 2021. Também se registrou estabilidade no tempo médio de comprometimento com as dívidas, que passou de 7,6 para 7,7 meses entre janeiro e fevereiro.

INADIMPLÊNCIA

o percentual de famílias com contas em atraso também oscilou discretamente no último mês, saindo de 32,3% em janeiro para 32,8% em fevereiro. Por outro lado, na comparação anual, com o mesmo mês de 2021, o indicador avançou 3 pontos percentuais.

A proporção de famílias sem condições de pagar contas em atraso, por sua vez, manteve praticamente o mesmo patamar de janeiro, ficando em 17,3%. Embora tenha freado o avanço, o indicador está 5,1 pontos percentuais acima do registrado em fevereiro de 2021.

CAUSAS

 

A pesquisa CNC também demonstra as possíveis razões para o endividamento. As taxas de desocupação elevada (19%) e a queda do rendimento médio real (-12% entre o primeiro e quarto trimestre de 2021) provocado pela inflação, são dois dos principais fatores para a alta do endividamento no estado. "Nessa conjuntura, muitas famílias acabam recorrendo a meios de pagamento como o cartão de crédito e o cheque especial, que afetam o consumo nos meses seguintes", aponta a análise feita pelo assessor econômico da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva.

Ainda segundo a análise, a perspectiva de que as taxas de juros continuem em ascensão tende a frear um pouco o aumento de outros vetores de endividamento, como os empréstimos pessoais e financiamentos. O ano de 2022 já se inicia com a necessidade de controlar as dívidas, por que os preços ao consumidor devem continuar crescendo ao longo desse primeiro semestre e as condições de crédito devem ficar mais difíceis em função do aumento da Selic. "Por esse motivo, o percentual de inadimplentes também está em alta e tende a se manter elevado nesse início de ano, em torno de 33%", conclui o estudo.

 

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