Inflação

Pesquisa nacional aponta que 56% das micro e pequenas indústrias acreditam na alta da inflação nos próximos meses. Pessimismo é maior no Nordeste

Capital de giro insuficiente e alta nos custos de produção refletem na expectativa com a macroeconomia, segundo empresários

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Edilson Vieira

Publicado em 23/06/2022 às 18:27
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O mercado vem sentindo constantemente a alta da inflação, cujos reflexos atingem diretamente empresas de todos os segmentos e consumidores. Segundo a pesquisa Indicador Nacional de Atividade da Micro e Pequena Indústria, realizada pelo Datafolha a pedido do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, 56% das micro e pequenas indústrias do país acreditam que haverá alta da inflação nos próximos meses, e somente 10% preveem queda da inflação. No recorte estadual, o pessimismo é maior no Nordeste (68%), seguido por Sudeste (57%), Sul (50%) e regiões Centro Oeste e Norte (49%).

Capital de giro insuficiente

Nos cálculos do dia a dia, faltou dinheiro para cumprir despesas básicas. A exemplo disso, 48% das empresas teve capital de giro insuficiente no período analisado; no Nordeste esse percentual chega a 60%, no Sudeste 50%, no Centro-Oeste/Norte 46% e 39% no Sul.

MPI’s sofreram mais com aumento de custos

O Índice de Custos, que varia de 0 a 200 pontos, ficou em 77 pontos, com cenário mais negativo entre pequenas (42 pontos). Das indústrias entrevistadas, 62% tiveram altas significativas nos custos de produção, principalmente em matéria-prima e insumos. É na região Sudeste que os custos foram maiores com matéria-prima e insumos (49%), seguida da região Nordeste (45%).

Avaliação econômica é mais positiva nos Estados

Outro índice apontado pela pesquisa é de Satisfação Macroeconômica, que ficou em 103 pontos. O índice, que varia de 0 a 200 pontos, mostra uma avaliação em patamar negativo da economia brasileira (86 pontos), e uma avaliação mais positiva do Estado em que a empresa está instalada (101 pontos) e de seu setor de atuação (122 pontos).

Por região, é no Sul (128 pontos) e no Centro-Oeste/Norte (115 pontos) que a avaliação mais positiva do Estado se destaca, bem como também no setor de atuação (136 pontos em ambas as regiões). Coincidentemente é também nas duas regiões que a avaliação Macroeconômica do Brasil tem maior pontuação (97 pontos).

Ainda de acordo com a pesquisa, um em cada três (33%) dirigentes avalia que a situação econômica em seu Estado irá melhorar nos próximos meses, e para 52% haverá estabilidade. As regiões mais otimistas são Centro-Oeste e Norte com 49% dos empresários afirmando que a situação irá melhorar.

Sem previsão de crescimento econômico

O cenário econômico do país continua sendo um desafio para as micro e pequenas indústrias (MPI’s). Para 46% dos entrevistados, a crise econômica ainda é forte, afeta muito os negócios e ainda não dá para prever quando a economia irá crescer. Destes, 50% estão na região Sudeste, 41% no Sul, 45% no Nordeste e 38% no Centro-Oeste/ Norte. O otimismo com a economia do país é maior no Centro-Oeste e Norte (12%) e no Sul (10%).

Geração de novos postos de trabalho

O número de empresas que contrataram (18%) no mês anterior ao levantamento foi mais alto do que o de empresas que demitiram (13%), o que resultou em um Índice de Contratação e Demissão positivo, de 105 pontos. Resultados de 0 a 99 pontos para esse índice apontam para perda líquida de vagas, e acima de 100 pontos, para saldo positivo de vagas. O grau máximo da escala, 200 pontos, mostra um cenário em que todas as empresas contratariam, e nenhuma demitiria.

Em média, as indústrias que contrataram abriram 3,6 vagas, sendo 3,5 das regiões Centro-Oeste e Norte, e nas que demitiram houve corte de 2,9 vagas, em média. A região Nordeste teve média de demissões de 5,2 vagas.

Para o presidente do Simpi, Joseph Couri, é necessário que haja mais apoio e políticas que facilitem o acesso à crédito. “Com a alta da inflação os investimentos ficam paralisados e a elevação de preços reduz a margem de lucro. Vemos empresários com capital de giro insuficiente e aumento de custos em produção e matéria-prima. O impacto disso é direto na economia e também na geração de empregos. É fundamental continuar apoiando as MPI`s com políticas de créditos mais acessíveis aos empresários’’, avalia Couri.

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