Pela primeira vez nos 32 anos em que o PNUD o calcula, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a saúde, a educação e o padrão de vida de uma nação, caiu globalmente por dois anos consecutivos. O desenvolvimento humano voltou aos níveis de 2016, revertendo parte expressiva do progresso rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O Brasil, também pela primeira vez, teve queda em dois anos seguidos, caindo três posições no ranking.
A reversão é quase universal, pois mais de 90% dos países registraram declínio na pontuação do IDH em 2020 ou 2021.
Embora alguns países estejam começando a se levantar, a recuperação é desigual e parcial, ampliando ainda mais as desigualdades no desenvolvimento humano. A América Latina, o Caribe, a África Subsaariana e o sul da Ásia, em particular, foram duramente atingidos.
Em 30 anos, esta é a primeira vez que o Brasil tem quedas consecutivas por dois anos do IDH. Em 2019, o País havia registrado 0,766, após um período de 11 anos de crescimento. Quedas só haviam sido registaradas em 2002 e 2015.
O IDH do Brasil em 2020 era 0,758 e caiu para 0,754 em 2021, um decréscimo de -0,004, de acordo com o a ONU. Quanto mais perto de 1 estiver um país, melhor o IDH. O Brasil se afastou.
Em comparação com os países da América Latina e Caribe, o Brasil fica atrás de 15 nações. O Chile tem o maior IDH da região. Até então na 84ª posição, o Brasil agora é 87º na lista de 191 países analisados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
“O mundo está lutando para reagir a crises consecutivas. Vimos, com as crises de custo de vida e de energia, que, embora seja tentador focar em soluções rápidas, como subsidiar combustíveis fósseis, táticas de alívio imediato estão retardando as mudanças sistêmicas de longo prazo que precisamos fazer”, diz o administrador mundial do PNUD, Achim Steiner.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apresentou os indíces dentro do Relatório de Desenvolvimento Humano, “Tempos incertos, vidas instáveis: Construir o futuro num mundo em transformação”.
O documento aponta apontou que pela primeira vez em 32 anos o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a saúde, a educação e o padrão de vida de uma nação, cai globalmente por dois anos consecutivos.
Enquanto 90% dos países registraram declínio na pontuação do IDH em 2020 ou 2021, mais de 40% caíram nos últimos dois anos, sinalizando que a crise ainda está se aprofundando em muitos deles.
Paralisação
O relatório explora por que a mudança necessária não está acontecendo e indica haver muitas razões, incluindo como a insegurança e a polarização alimentam-se uma da outra, atualmente, para impedir a solidariedade e a ação coletiva necessária para enfrentar as crises em todos os níveis. Novos cálculos mostram, por exemplo, que aqueles que se sentem mais inseguros também são mais propensos a ter visões políticas extremistas.
“Mesmo antes da covid-19, vínhamos observando os paradoxos do progresso com insegurança e polarização. Hoje, com um terço das pessoas em todo o mundo se sentindo estressadas e quase dois terços das pessoas em todo o mundo desconfiadas umas das outras, enfrentamos grandes obstáculos para a adoção de políticas que funcionem para as pessoas e o planeta”, diz Steiner.
Para traçar um novo rumo, o relatório recomenda a implementação de políticas como foco em investimento – de energia renovável à preparação para pandemias; e seguro – incluindo proteção social –, de maneira a preparar a sociedade para os altos e baixos de um mundo incerto. Embora a inovação em suas muitas formas – tecnológica, econômica, cultural – também possa desenvolver capacidades para responder a quaisquer desafios que venham adiante.
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