Atividade portuária

Suape completa 44 anos de história com previsão de atrair R$ 42,6 milhões em investimentos e gerar 20 mil empregos

Suape é considerado um porto estratégico para a atração de investimentos porque está a no máximo 800 quilômetros de distância de seis capitais, cinco aeroportos e dez portos internacionais

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 04/11/2022 às 20:40 | Atualizado em 04/11/2022 às 20:43
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Suape completa 44 anos nesta segunda-feira (7), com perspectiva de receber bilhões em investimentos privados - FOTO: Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
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O Complexo de Suape é a um só tempo porto e indústria. Polo de atração de investimentos industriais e ativo logístico de Pernambuco. Nesta segunda-feira (7), o porto comemora 44 anos de sua instalação, mirando o futuro. Pelas contas do governo do Estado, Suape vai receber R$ 42,6 milhões em investimentos e gerar 21.790 empregos até 2027.

Com 224 empresas instaladas e uma movimentação de cargas projetada em mais de 24 milhões de toneladas para este ano, não se imagina o desenvolvimento econômico de Pernambuco sem pensar em Suape. Segundo cálculos da Agência Condepe/Fidem, o complexo contribui com 5% do Produto Interno Bruto de Pernambuco (PIB). O gigante com área de 13,5 mil hectares está localizado entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, distante 50 km do Recife. 

O Porto de Suape é um ativo estratégico para o Estado porque está a, no máximo, 800 quilômetros de distância de seis capitais, de cinco aeroportos e de dez portos internacionais. Além disso, está localizado numa região que concentra 46 milhões de consumidores e 90% do PIB do Nordeste. 

Apesar de ter sido inaugurado em 1978, a primeira movimentação de carga aconteceu em 1983, com o desembarque de um carregamento de álcool da Petrobras. De lá para cá, o complexo foi se consolidando como um polo de movimentação de combustíveis e hoje ocupa a liderança nacional na atividade entre os portos públicos do País.

Naquela época ninguém conseguia 'profetizar' que um dia a Petrobras seria âncora na movimentação de combustíveis em Suape, por meio da instalação de uma refinaria de petróleo. Em 2021, o porto movimentou 14,9 milhões de toneladas de derivados de petróleo, que representaram 67,8% de toda a carga registrada. Isso faz o atracadouro se destacar em relação aos demais portos públicos brasileiros. 

Para o resultado total do ano, a aposta é em um crescimento de 10% na movimentação de cargas, em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo 24,3 milhões de toneladas contra 22,1 milhões do exercício anterior.

A diretoria de Suape adianta que nos últimos dois anos foram consolidadas negociações que vão permitir a implantação de investimentos da ordem de R$ 42,6 bilhões no complexo e gerar mais de 20 mil empregos até 2027. Na lista de projetos estão terminais de gás GLP e GNL; ampliação do Polo Farmo-químico com a instalação da Blau Farmacêutica e a ampliação da Aché; novo terminal de contêiners da Maersk ; planta de hidrogênio verde e outros. 

No caso do terminal de GNL, Suape concluiu a concorrência para o novo empreendimento. O porto homologou a proposta da ShellOncorp, que prevê o pagamento de R$ 131 mil por mês, ao longo de 48 meses, para exploração do Cais de Múltiplos Usos (CMU), onde deverá ser instalado o Terminal de Regaseificação (Regás).

A implantação do terminal, prevista para 2023, deve gerar investimentos da ordem de R$ 2 bilhões para Pernambuco e 240 empregos diretos. Ao longo das obras de instalação, serão criados centenas de empregos temporários.

Com investimentos da ordem de R$ 1 bilhão, o projeto de expansão nacional da Blau Farmacêutica no Complexo de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, tem previsão de início das obras para 2023. A assinatura do contrato de aquisição da área de 64 hectares, na Zona Industrial de Suape, ocorreu no final de outubro, no Palácio do Campo das Princesas. A Blau é uma das principais indústrias de medicamentos e insumos hospitalares da América Latina e vai gerar até 1.400 postos de trabalho diretos quando a fábrica estiver em plena operação, em 2032.

Entre 2014 e 2022, o maior investimento atraído para o Complexo foi a fábrica da Aché, que teve sua pedra fundamental lançada em 2018. A unidade foi erguida numa área de 25 hectares (250 mil metros quadrados), no Cabo de Santo Agostinho.

Com investimento de mais de R$ 800 milhões e a geração de 3.000 empregos diretos e indiretos. A segunda etapa do parque fabril vai inaugurar nos próximos meses e será destinada à fabricação de medicamentos. A planta vai produzir, embalar e distribuir remédios para todo o Nordeste. A nova operação deverá gerar 3 mil novos empregos.

Retomada da autonomia vai acelerar expansão de Suape

A retomada da autonomia de Suape foi publicada no Diário Oficial da União no dia 3 de outubro de 2022, pelo Ministério da Infraestrutura. No documento, estão definidas as atribuições delegadas a Pernambuco e o que cabe ao governo federal. Com a mudança, a operação de cais e píeres, além de contratos de arrendamentos e estabelecimento de tarifas, volta para a gestão da Autoridade Portuária.

Em 2018, o então Ministério dos Transportes hoje Ministério de Infraestrutura instituiu a Portaria 574/2018, que permitiria a transferência de elaboração do edital e a realização dos procedimentos licitatórios à administração do porto, delegado ou não. Para isso, foi criado o Índice de Gestão das Autoridades Portuárias (IGAP).

Em junho de 2022, Suape alcançou a segunda posição no ranking do IGAP, com nota 9. Em 2021, atingiu nota 8, suficiente para a devolução da autonomia (perdida em 2010), porém o ato não foi realizado. As negociações foram retomadas e o portoreconquistou a autonomia.

TERMINAL DE MINÉRIOS DE GRANÉIS SÓLIDOS DE SUAPE

O Terminal de Granéis Sólidos Minerais (TGSMS) foi anunciado em 29 de setembro e será operado pela Planalto Piauí Participações e Empreendimentos S.A., do grupo Bemisa Brasil Operação Mineral S.A., mineradora autorizada pelo governo federal a implantar e explorar a Ferrovia do Sertão (EF233), nos 717 km entre Curral Novo (PI) e o porto. Para a construção do terminal, será investido R$ 1,5 bilhão, com a estimativa de movimentar anualmente 13,5 milhões de toneladas de minério de ferro.

A área do TGSMS é de 51,8 hectares e a obra, que deverá ter início até 2025, vai gerar mais de 3 mil empregos, entre diretos e indiretos. Durante a operação, serão 400 empregos. O terminal está na Zona Industrial Portuária (ZIP), na Ilha de Cocaia, e o sistema logístico apresenta-se como alternativa à conclusão da Ferrovia Transnordestina até o Porto de Suape, para escoar a produção das jazidas piauienses. O investimento será de R$ 6 bilhões, com a geração de dois mil empregos.

Já o trecho ferroviário de 9,7 km entre o entroncamento da BR-101 com a Rota do Atlântico (PE-09) e a porção leste da Ilha de Tatuoca, é alvo de estudos para adequação e atualização do projeto executivo do acesso ferroviário do porto à Ferrovia do Sertão. Essa obra será custeada pela estatal portuária.

TERMINAL DE CONTÊINERES DA MAERSK

O novo Terminal de Uso Privado (TUP) da APM Terminals, subsidiária do Grupo A. P. Moller-Maersk, de origem dinamarquesa, foi anunciado, oficialmente, no dia 1° de setembro. Com o início das obras até o final de 2023 e operação prevista para 2026, o empreendimento representa investimento de R$ 2,5 bilhões, gerando 1.600 postos de empregos.

A capacidade inicial de movimentação será de 400 mil TEUS, unidade equivalente a um contêiner de 20 pés. Mas pode ultrapassar a marca de 1,3 milhão de TEUS anuais, aumentando a liderança regional de Suape nesse tipo de carga.

Ocupando 49,2 hectares, o novo terminal é resultado do revocacionamento dos estaleiros do cluster naval do complexo, após a venda de parte da área pertencente ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS). O processo teve desfecho com a realização de um leilão, quando a Maersk cobriu a maior oferta com um valor de R$ 455 milhões. Esse resultado já foi homologado pela Justiça Federal para o pagamento de passivo aos credores do EAS.

Negociação para concluir dragagem de Suape 

O governo de Pernambuco acabou de anunciar a conclusão de uma negociação para concluir a dragagem do canal de aproximação de Suape, que vai permitir ao porto ficar com uma profundidade de 20 metros e receber embarcações maiores. Iniciada em 2011 pela empresa holandesa Van Oord, a obra estava parada desde 2013. 

A empresa alegou não ter recebido os valores devidos e os governos federal e estadual também acabaram se desentendendo sobre os recursos liberados e aplicados. A disputa foi parar na Justiça internacional. Pernambuco teria que pagar quase R$ 800 milhões referente à conclusão da obra e à quitação da dívida com a empresa, mas conseguiu negociar o valor para R$ 480 milhões. Agora, a Van Oord terá cinco meses para concluir a dragagem. 

O diretor-presidente do Porto de Suape, Roberto Gusmão, comenta que a dragagem colocará Suape em posição de destaque no cenário portuário mundial, uma vez que o porto, que tem localização estratégica, reúne uma zona industrial robusta e consolidará esses grandes empreendimentos nos próximos anos. “Isso sem falar na ampliação da Refinaria Abreu e Lima, cuja movimentação atual de granéis líquidos já nos coloca na liderança nacional”, destaca.

Plano Diretor se antecipa ao futuro de Suape 

Suape também está passando por um processo de revisão de seu Plano Diretor, com horizonte até 2030. A primeira versão ficou pronta em 2011, logo após a chegada de grandes empreendimentos no complexo. O objetivo da atualização é atender às novas demandas de mercado e aos desafios impostos pelo atual cenário econômico.

O projeto de revisão do Plano Diretor é comandado pelo consórcio formado pelas empresas TPF e Ceplan, vencedor da disputa. O prazo total de execução é de 15 meses. Com o resultado será possível planejar a expansão do complexo até o final desta década. O futuro de Pernambuco navega por Suape.  

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