A holding brasileira Oncorp, com atuação nos mercados do Brasil e da Argentina, vai investir, junto com outros players, R$ 2 bilhões na instalação de um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) no Porto de Suape, em Ipojuca. A empresa foi a única habilitada no processo seletivo aberto por Suape, que também tinha na disputa outras três companhias: CH4 Energia, Compass Gás e Energia e Ultracargo Logística. O terminal vai receber gás natural da Shell.
A confirmação do empreendimento foi anunciada na manhã desta sexta-feira (16) pelo governador Paulo Câmara (PSB). A instalação do Regás, como é conhecido, era um desejo antigo do governo de Pernambuco, mas ganhou força quando o Porto de Suape retomou a autonomia para realizar suas próprias licitações, a partir de outubro.
Sem autorização para realizar os próprios processos, esta responsabilidade ficou a cargo da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). No início deste ano, a Agência suspendeu o leilão do terminal, antes mesmo da apresentação das propostas pelas empresas. Com a retomada do processo seletivo, a Oncorp arrendou o Terminal de Múltiplos Usos (TMU) de Suape para operar o terminal, que passará a funcionar, exclusivamente, para esse tipo de operação.
O Regás será abastecido com gás da Shell e uma das primeiras companhias a receber o insumo será a Termopernambuco, termoelétrica de 498 MW, vencedora de Leilão de Reserva de Capacidade de 2021. “Esse novo terminal vai possibilitar que o gás chegue a mais regiões do Estado, realizando um incremento na produção. São quase 11 milhões de metros cúbicos que poderão ser disponibilizados, por dia, na nossa rede. Isso vai possibilitar expansões de negócio de energia, podendo chegar na região do Sertão do Araripe, onde temos o maior polo gesseiro do Brasil”, afirma Paulo Câmara.
O novo diretor-presidente do Porto de Suape, Francisco Martins, diz que a instalação do terminal será um excelente negócio para Suape e para a economia pernambucana e Nordestina. "Suape tem contribuído de duas formas: com a atração de fábricas e com a chegada de investimento estruturador. Esse éum clássico caso de investimento estruturador que poderá quintuplicar o atual consumo da Copergás e isso pode alavancar o desenvolvomento de Pernambuco. Esse gás vai chegar ao interior do Estado por meio de gasodutos ou de trasnporte rodoviário", explica.
COMO FUNCIONA O TERMINAL
A operação funcionará por meio de um navio indústria conhecido como Floating Ship Regaseification Unit (FSRU), que ficará ancorado no Cais de Múltiplos Usos. A operação de transformação do gás natural liquefeito (GNL) na forma gasosa será realizada pelo navio estacionário, conectado por gasodutos à Estação de Transferência de Custódia (ETC), para posterior distribuição pela rede que liga o porto às cidades do Grande Recife, interior do Estado e até demais regiões.
“O FSRU será abastecido por uma embarcação através da transferência direta de um navio para outro, operação também conhecida como ship-to-ship”, adianta o diretor de Gestão Portuária da estatal, Nilson Monteiro. “O gás natural emite menos poluente e traz outro diferencial para a sustentabilidade do complexo, inclusive para funcionamento das usinas termelétricas”, pontua.
O diretor executivo da Oncorp, João Mattos, adianta que as obras começam na próxima semana. "Só em construção e engenharia serão investidos R$ 240 milhões, gastos ao longo de 12 meses. Depois, mais R$ 1 bilhao serão aplicados em quatro anos, considerando o equipamento à disposição do terminal que é o FSRU, um navio flutuante, estacionário, que funciona para a regaseificação do gás que chega na matéria líquida. O início da operação esrtá previsto para dezembro de 2023.
Segundo o executivo, a escolha por Suape foi pautada pela posição estratégica e geográica do porto, que garante competitividade no fornecimento a tados os estados do Nordeste. Outro diferencial é o polo inustrial em funcionamento dentro do porto.
MAIS RECEITA PARA SUAPE
A área arrendada para uso do terminal é de 33.375 metros quadrados e o Porto de Suape será remunerada pela cessão da área do CMU no valor global de R$ 6.295.860,00, para um período de 48 meses de contrato. O montante equivale a R$ 131,1 mil por mês. Além do valor do arrendamento, o investimento engloba os custos com o sistema de recepção aquaviária, infraestrutura de cais e amarração, gasoduto e a estação de transferência de custódia. As operações sem o FSRU começam na próxima semana e com o FSRU, nos próximos 12 meses.
COMO GÁS SERÁ COMERCIALIZAÇÃO
João Mattos esclarece que o GNL virá do portfólio internacional da Shell, com destaque de origem para os Estados Unidos, Trindade e Tobago (Caribe), África do Sul, enquanto o gás natural, na sua forma gasosa, será comercializado pela Shell a clientes térmicos, como a Termopernambuco e outras indústrias, além da própria distribuidora local.
Para o diretor da holding, outro aspecto importante é o da descarbonização da indústria, já que o GNL é menos poluente que os outros combustíveis. “Nosso grupo nasceu da expertise na geração de energia, com mais de 500 MW instalados no País e na Argentina. Portanto, sabemos que o gás natural é o combustível de transição e tem importante papel em manter a confiabilidade da matriz energética no Brasil, a um custo menor ao sistema e ao meio ambiente. Com certeza, esse terminal tornará Pernambuco um importante hub de GNL no Nordeste, destacando ainda mais o papel relevante do Porto de Suape”, defende Mattos.
Comentários