Com informações da Estadão Conteúdo e o jornal Folha de São Paulo
A Americanas, imersa em uma confusão contábil que preocupa de acionistas a clientes, prepara um pedido de Recuperação Judicial (RJ), de acordo com o jornal Folha de São Paulo. Segundo a publicação, os advogados Ana Basílio e José Roberto Sampaio, do escritório Basilio Advogados, e Rodrigo Salomão, do escritório Salomão, Kaiuca & Abrahão, foram os escolhidos pela empresa para conduzir o processo. A informação foi confirmada por Salomão.
O pedido de Recuperação Judicial é a tentativa dos credores da Americanas de salvar a empresa após uma "inconsistência contábil de R$ 20 bilhões", revelada na semana passada.
De acordo com o CEO da Quist Investimentos, Douglas Duek, a alternativa é a mais correta, dado o tamanho da dívida da empresa e da potencial necessidade de capital, além do número de credores envolvidos.
“Os balanços revelam que as Lojas Americanas possuem 0,015% de lucratividade. Isso significa dizer que, para pagar R$ 40 bilhões, é preciso faturar entre 2 e 3 bilhões. Fazendo uma análise fria, ao pedir recuperação judicial, ela poderá renegociar as dívidas com os credores de forma mais fácil”, explica o especialista.
O que pode acontecer com a Americanas em recuperação judicial?
Douglas explica que, embora tudo leva crer que a empresa esteja “caminhando para uma recuperação judicial”, isso não significa dizer que ela está entrando em falência.
“É uma empresa consolidada e com grande potencial no mercado. Possivelmente terá que fazer venda de ativos ou se capitalizar, mas não chegará ao ponto de falir”, destaca Duek, que chama atenção do fato de a empresa possuir um bom caixa.
Acionistas de referência, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que detêm 31% da companhia, não querem investir o necessário para que a companhia não entre em recuperação judicial.
Segundo a Folha de São Paulo, o aporte garantido por eles seria de R$ 6 bilhões.
“Quando não havia notícia alguma de uma possível recuperação judicial, o mercado reagiu mal no primeiro dia, chegando a dizer que as ações caíram 77% e achando que a empresa valia esse percentual. Como o anúncio de recuperação foi feito recentemente, provavelmente veremos acionistas que possuem ações na bolsa reagindo mal”, diz Douglas.
Rebaixamento da Americanas
Nesta terça-feira, a Fitch Ratings rebaixou os ratings de Inadimplência de Emissor (IDRs) de Longo Prazo em Moeda Estrangeira e Moeda Local da Americanas de 'CC' para 'C'. O rating de Longo Prazo em Escala Nacional passou de 'CC(bra)' para C(bra)'.
A agência também rebaixou o rating das notas globais seniores sem garantia emitidas pelas subsidiárias integrais JSM Global S a.r.l. e B2W Digital Lux S.a.r.l. para 'C'/'RR4', de 'CC'/'RR4', e o rating das debêntures quirografárias da Americanas para 'C(bra)', de 'CC(bra)'.
Segundo a Fitch, o rebaixamento para 'C' reflete o anúncio feito pela Americanas de obtenção de medida liminar do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que estabeleceu, entre outras medidas de proteção, a suspensão da exigibilidade de todas as obrigações relacionadas a instrumentos financeiros, como principal e juros da dívida.
A agência de classificação de risco S&P Global Ratings rebaixou a Americanas em sua classificação de crédito em escala global e em escala nacional para "D", de default (calote). A mudança veio menos de uma semana após a empresa divulgar ter encontrado um rombo de R$ 20 bilhões em seus balanços financeiros - posteriormente, uma análise interna determinou que a dívida pode chegar a R$ 40 bilhões.
Na sexta-feira, 13, S&P já havia alterado sua classificação de crédito em escala global para "BB" e, em escala nacional, que compara a capacidade de pagamento apenas entre empresas do Brasil, para "brA".
As notas vão de "AAA" (melhor nota) a "D" (pior nota, calote). A agência também incluiu a companhia em listagem CreditWatch com implicações negativas.
Na segunda-feira, mais cedo, a Moody’s também rebaixou a Americanas de Ba2, com obrigações sujeitas a substancial risco de crédito, para CAA3, com obrigações sujeitas a risco de crédito muito elevado.
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