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Concorrentes já disputam clientes da Americanas

Mercado Livre, Amazon Brasil, Shopee e Magazine Luiza são as gigantes que brigam pelo "espólio" das Lojas Americanas

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Publicado em 22/01/2023 às 3:00
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E-commerce das Lojas Americanas sofre com a recuperação judicial - FOTO: DIVULGAÇÃO

O "espólio" de clientes da Americanas, que entrou na quinta-feira em recuperação judicial com uma dívida de R$ 43 bilhões, deverá ser repartido entre as gigantes do comércio online: Mercado Livre, Amazon Brasil, Shopee e Magazine Luiza.

A absorção da clientela da varejista pelos concorrentes, segundo a percepção de indústrias que fornecem para Americanas e outras redes, já estaria acontecendo. De acordo com um fornecedor que não quis se identificar, o movimento ocorre por escolha do próprio consumidor, que não se sentiria seguro de continuar comprando de uma empresa envolvida com problemas de caixa.

Esse também é o prognóstico dos analistas do Citi. Em relatório, o banco espera que a receita bruta das vendas online (GMV, na sigla em inglês) da Magalu cresça 18%, seguido por Via (+15%) e Mercado Livre (+11%). Assim, em termos de participação de mercado, o Citi espera que, em 2023, Mercado Livre fique com 40,3%; Magalu, 19,4%; Via, 9%; e a soma de outros competidores de menor porte, 31,3%.

O potencial de crescimento dos concorrentes da Americanas no comércio online tem como referência o número de acessos do consumidor às plataformas. No último trimestre do ano passado, o Mercado Livre teve 335 milhões de acessos, em média, por mês e liderou a lista das lojas online mais procuradas pelos brasileiros. Isso é o que mostra um levantamento feito com base no ranking da consultoria Conversion, que reuniu as 30 lojas online mais acessadas no País.

Na sequência, apareciam Amazon Brasil, com 169 milhões de acessos, Shopee (160 milhões) e Magazine Luiza (122 milhões). A Americanas ocupava o quinto lugar, com 109 milhões de acessos. Se forem somadas à fatia da Americanas as duas outras bandeiras de e-commerce do grupo (Submarino e Shoptime), a média de consultas mensais sobe para 138 milhões, superando o Magazine Luiza. Procuradas, Mercado Livre, Amazon Brasil, Magalu e Via não comentaram.

Segundo o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, é um espólio considerável, que corresponde a quase 10% dos acessos feitos às 30 maiores companhias do e-commerce no período em análise.

Ele destaca que essa é a primeira crise de uma grande varejista que acontece depois que o varejo online ganhou musculatura por causa da pandemia. "A tendência é de maior concentração no varejo online."

Apesar da maior concentração, Bentes não aposta na elevação de preços dos produtos para o consumidor. Isso porque, segundo ele, o comércio online é muito competitivo, e uma fatia maior de mercado na mão de poucos não significaria, necessariamente, pressão para elevar preços.

Também a crise na Americanas não deverá reverter, segundo o economista, a adesão às compras online. "O consumidor não vai mudar o hábito de comprar online porque a Americanas quebrou."

De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), as vendas totais registradas no e-commerce brasileiro atingiram a marca de R$ 169,6 bilhões em 2022, 5% a mais do que no ano anterior. Foram cerca de 368,7 milhões de pedidos e um gasto médio de R$ 460 por cliente em 2022.

Fernando Moulin, sócio da consultoria Sponsorb e professor de experiência do cliente na ESPM, acredita que a crise na Americanas causará um impacto irreversível na preferência do consumidor, que vai se acostumar a comprar em outras lojas durante a recuperação.

"Em 2012, a Americanas fez uma promoção com preços muito baixos, teve problemas com as entregas e o Procon-SP determinou que suas lojas online ficassem fora do ar por três dias. A empresa tinha 40% de participação de mercado, caiu para 24% e nunca se recuperou", diz.

Em comunicado, a Americanas afirmou que vai manter os pagamentos a seus lojistas virtuais. A empresa diz saber que muitos comerciantes que vendem por meio da sua plataforma estão com dúvidas, mas que eles são "considerados como clientes" da companhia e, por isso, serão pagos.

"Sabemos que muitos de vocês estão com dúvidas, por isso, seguiremos com nosso canal aberto para informar sobre todos os desdobramentos do processo. Agora, o mais importante é esclarecer que os vendedores da plataforma são considerados como nossos clientes e, por isso, continuam recebendo os repasses dos valores recebidos pela Americanas em nome dos parceiros dentro dos prazos de pagamentos estabelecidos no anexo de remuneração do contrato de termos e condições gerais do marketplace", informou a companhia.

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