As mulheres comandam 35% das empresas em Pernambuco. No Estado, elas também ocupam mais cargos de chefia (45,1%) do que a média nacional (37,4%). Nesta quarta-feira, 8 de Março, o mundo comemora o Dia Internacional da Mulher. A data é um momento para lembrar a força do empreendedorismo feminino, mas também os desafios enfrentados pelas donas de negócios no Brasil.
Pesquisa do Sebrae mostra que, em 2022, as empreendedoras brasileiras alcançaram nível recorde de escolaridade, em toda a série histórica realizada pelo estudo. Apesar disso, a maior escolarização da mulher não foi suficiente para a diminuir a desigualdade financeira entre homens e mulheres no País.
Os empreendedores homens recebem um rendimento mensal, em média, 16% superior ao das mulheres, mesmo diante da maior escolarização dela. A constatação está no estudo do Sebrae, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE, no 3º trimestre de 2022.
Nesse período do ano passado, enquanto as empreendedoras apresentaram um rendimento médio de R$ 2.360, os empreendedores estavam com R$ 2.737.
O estudo também revelou que a diferença da remuneração entre homens e mulheres chegou a cair ligeiramente no primeiro trimestre de 2021 (para 14,5% a favor dos homens), mas voltou a crescer no ano passado.
Essa disparidade, motivou o governo Federal a criar um Projeto de Lei para que homens e mulheres que exerçam o mesmo cargo tenham salários iguais.O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai assinar o texto neste Dia Internacional da Mulher.
"É nossa tarefa minar todo preconceito, seja de raça, de cunho religioso e de diferença entre homens e mulheres", afirmou.
No universo do empreendedorismo, apesar da diferença de rendimento médio, em algumas atividades as mulheres alcançam faturamento melhor do que os homes. Entre as 102 atividades analisadas no estudo, em 68% os homens têm rendimento médio acima do registrado pelas mulheres.
A remuneração média das mulheres é superior a dos homens em segmentos como seguro, saúde e previdência privada; atividades paisagísticas; atividades esportivas; serviços pessoais e comércio de tecidos.
DONAS DE NEGÓCIOS
Fundadora da marca Moda Mangue, que produz biojóias à base de escamas de peixe, Luciana Silva é um exemplo de empreendedora com alta escolaridade e que conseguiu agregar um grupo de pessoas ao redor da marca na comunidade onde nasceu, em Brasília Teimosa, no Recife.
Formada em veterinária, com mestrado em educação e planejando iniciar um doutorado, ela projeta a Moda Mangue para se tornar um negócio que peregue a qualidade e que faz a roda da economia criativa girar.
"Não queremos ser um negocinho feito para ajudar as pessoas carentes do lugar. Não pensamos assim. Queremos que a marca se desenvolva e tenha um lugar relevante no mercado. E junto com isso vêm as pessoas que trabalham, ganhando seu dinheiro", defende Luciana.
Em seis anos de mercado, a Moda Mangue evoluiu. A empreendedora considera como dois pontos de virada, o curso que fez no Centro da Moda de Pernambuco e a experiência com o coletivo Pinosa Moda Sustentável.
O Pinosa é uma iniciativa que reúne seis talentos das comunidades do Pina e de Brasília Teimosa para estimular o desenvolvimento da criatividade e auxiliar na comercialização, governança, gestão das marcas, finanças, redes sociais e outros. O projeto foi desenvolvido pelo Grupo JCPM através do seu braço social, o Instituto JCPM.
"Hoje temos dez mulheres fixas produzindo as biojóaias, além do pescador Seu Irã, vendedoras, gestora de redes sociais e outras. São pelo menos 20 pessoas em torno da marca", calcula Luciana.
A Moda Mangue faz colares, pulseiras, brincos, braceletes e outras peças, utilizando escamas, microbúzios, sementes, prata, latão e outros materiais. Os prços das biojóias variam de R$ 35 a R$ 280 e são comercializados no Instagram da marca (@modamanguebiojoias) e no Mape - Moda Autoral de Pernambuco, no Centro de Artesanato de Pernambuco.
A Moda Mangue é um exemplo da força do empreendedorismo feminino representado na busca pela qualidade e pela beleza para atrair o cliente, na capacidade de produzir junto com a comunidade e no desejo de aprendizado como estratégia que não se esgota.
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