DIFERENÇA SALARIAL entre HOMENS e MULHERES volta a subir, diz IBGE; veja quanto
Hoje, Dia Internacional da Mulher, Lula assinará um projeto de lei que prevê acabar com a diferença salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função
Com informações do jornal Estadão
A diferença salarial entre homens e mulheres, que estava em queda até 2020, voltou a subir no Brasil e essa diferença já atingiu 22% no fim de 2022, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ou seja, uma brasileira recebe, em média, 78% do valor que um homem ganha.
Leia nesta matéria:
- PL salários iguais entre homens e mulheres
- Áreas femininas
PL SALÁRIOS IGUAIS ENTRE HOMENS E MULHERES
Hoje, Dia Internacional da Mulher (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve apresentar um projeto de lei que prevê que homens e mulheres que exerçam a mesma função recebam salários iguais.
Na teoria, a diferença salarial já é proibida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas essas obrigações são frequentemente desrespeitadas.
Segundo especialistas, o aumento recente na diferença de salário está relacionado ao fato de a pandemia ter sido mais difícil para as mulheres, que, em muitos casos, deixaram o emprego para cuidar da casa e da família.
"Pode se supor que as mulheres se mantiveram mais tempo fora do mercado de trabalho e, aí, fica mais difícil se reinserir", diz o economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA.
A coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Economia da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense, Lucilene Morandi, afirma que outra possível causa foi a crise no setor de serviços - que emprega mais mulheres - ter sido mais intensa durante a pandemia.
A economista também comenta que medidas como as que devem ser anunciadas hoje por Lula são importantes por deixar claro que o país está preocupado com a desigualdade de gênero e que pensará em políticas que reduzam o problema.
Porém, ela acredita que a lei não terá como interferir em casos em que uma empresa prefere promover um homem por considerá-lo mais capaz de assumir uma posição de comando devido ao gênero.
ÁREAS FEMININAS
A professora do Insper Ana Diniz, pesquisadora na área de diversidade e inclusão, destaca que, além dos problemas que vieram com a pandemia e implicaram maior desigualdade entre homens e mulher, outras questões precisam ser analisadas para diminuir essa diferença, como a divisão sexual do conhecimento.
Historicamente, mulheres são mais presentes em áreas tidas como "femininas", como as ligadas ao cuidado (o ensino, por exemplo). Essas também são as áreas que costumam ser menos valorizadas.
Representante adjunta da ONU Mulheres Brasil, Ana Carolina Querino, alega que é preciso discutir o valor do trabalho que é feito por mulheres.
"Para a nossa sociedade, é fundamental investir na geração futura. Então, é fundamental remunerar adequadamente quem trabalha com educação", afirma. "Se a gente não repensar o valor desses trabalhos, não será possível estabelecer uma discussão real sobre igualdade salarial"
Ana Carolina acrescenta que a futura lei que pretende garantir a igualdade salarial precisará ter ferramentas de monitoramento. Ela lembra que a cota de 30% do fundo partidário para candidaturas femininas não tem sido respeitada por partidos políticos, que recorrem a "artimanhas" para fraudá-las.
Segundo Ana Carolina, no mundo corporativo tem sido comum que empresas criem mais postos de gerência e designar mulheres para os cargos. Quando essas posições são analisadas, no entanto, percebe-se que são de "gerentes juniores", por exemplo.
"Isso acaba criando algumas formas de manter uma desigualdade salarial mesmo para postos que seriam iguais.", diz Ana Carolina.