Após um fim de semana de intensas negociações, o UBS anunciou a compra do Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços, US$ 3,25 bilhões, neste domingo. A combinação dos dois arquirrivais suíços vai resultar em um banco com mais de US$ 5 trilhões em ativos totais espalhados pelo mundo.
O histórico negócio foi costurado às pressas nos últimos dias para estancar a crise do Credit Suisse, que ganhou novo capítulo na semana passada, elevando as tensões em relação ao setor bancário, após três bancos fecharem as portas nos Estados Unidos em poucos dias.
O Banco Nacional da Suíça (SNB, o banco central do país), a Finma, principal autoridade de supervisão financeira do país, e o Departamento Federal Suíço de Finanças foram quem iniciaram as conversas e apoiaram a transação, conforme comunicado.
O presidente suíço, Alain Berset, chamou o acordo de "um grande passo para a estabilidade das finanças internacionais". "Um colapso descontrolado do Credit Suisse traria consequências incalculáveis para a Suíça e para todo o sistema financeiro internacional", disse.
EMERGÊNCIA
"Esta aquisição é atraente para os acionistas do UBS, mas, sejamos claros, no que diz respeito ao Credit Suisse, este é um resgate de emergência", disse o presidente do conselho de administração do UBS, Colm Kelleher, em comunicado sobre a aquisição. Segundo ele, a transação vai preservar o valor deixado do Credit Suisse, mas limitará a "exposição negativa" do UBS após as crises enfrentadas pelo banco adquirido.
"Dadas as recentes circunstâncias extraordinárias e sem precedentes, a fusão anunciada representa o melhor resultado disponível", afirmou, por sua vez, o presidente do Conselho de Administração do Credit Suisse, Axel P. Lehmann.
Segundo ele, este tem sido um "momento extremamente desafiador" para o Credit Suisse. "Embora a equipe tenha trabalhado incansavelmente para resolver muitos problemas legados significativos e executar sua nova estratégia, somos forçados a chegar a uma solução hoje que forneça um resultado duradouro", acrescentou.
GIGANTE
O UBS afirmou que o banco resultante da compra do Credit Suisse será um gestor de ativos líder na Europa, na qual ganhará escala, com ativos investidos de mais de US$ 1,5 trilhão. "A combinação apoia nossas ambições de crescimento nas Américas e na Ásia, acrescentando escala aos nossos negócios na Europa, e estamos ansiosos para receber nossos novos clientes e colegas em todo o mundo nas próximas semanas", disse o CEO do UBS, Ralph Hamers.
Pelos termos acertados, os acionistas do Credit Suisse receberão 1 ação do UBS para cada 22,48 ações do Credit Suisse, equivalente a 0,76 franco suíço por ação, em um valor total de 3 bilhões de francos suíços. Na sexta-feira, as ações do Credit Suisse fecharam cotadas a 1,86 franco suíço.
As autoridades suíças também concordaram em conceder uma linha de liquidez de 100 bilhões de francos suíços (US$ 108 bilhões).
O UBS espera que a combinação dos dois negócios gere reduções de custos anuais de mais de US$ 8 bilhões até 2027. Segundo a instituição suíça, a expectativa é de que a transação gere lucro por ação até 2027 e o banco "permaneça capitalizado" bem acima de sua meta de 13%.
O UBS diz que não será necessário submeter a transação aos acionistas do banco. Isso porque o negócio já conta com um pré-acordo do BC da Suíça, da Finma e do Departamento Federal Suíço de Finanças. Mas, segundo Octavio Marenzi, CEO da consultoria Opimas LLC, o modelo governamental de democracia direta da Suíça provavelmente resultará em contestações judiciais m relação ao acordo. (Com agências internacionais)