MERCADO FINANCEIRO

Dólar vai a R$ 5,12 com pessimismo sobre juros e tensão no Oriente Médio

Risco de agravamento nos conflitos no Oriente Médio, com o aumento de tensão entre Irã e Israel, levou a uma forte alta do dólar e a queda da Bolsa de Valores

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Estadão Conteúdo

Publicado em 13/04/2024 às 9:01 | Atualizado em 13/04/2024 às 9:10
Notícia

A percepção de fragilidade das contas públicas brasileiras e a perspectiva de que os juros nos Estados Unidos vão demorar mais tempo para começar a cair deram o tom dos negócios nos últimos dias.

Na sexta-feira, 12, uma nova preocupação ganhou a atenção do mercado financeiro: o risco de um agravamento nos conflitos no Oriente Médio, com o aumento de tensão entre Irã e Israel. O resultado disso foi uma forte alta do dólar e a queda da Bolsa de Valores para seu menor patamar desde 7 de dezembro.

O dólar fechou valendo R$ 5,12, depois de passar a maior parte do dia na casa dos R$ 5,14. A alta foi de 0,6%, levando o acumulado de valorização só nesta semana para 1,1%. No mês, a moeda americana avança 2,11%.

Já fortalecido globalmente pela perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) postergue o corte de juros nos país para o segundo semestre, o dólar subiu mais alguns degraus com os sinais de um eventual ataque do Irã a Israel - que, se confirmado, poderia levar ao envolvimento direto dos EUA no conflito no Oriente Médio. No jargão do mercado, isso provocou um movimento de "fuga para a qualidade". Investidores reduziram posições em ativos de risco para se abrigar nos Treasuries e na própria moeda americana.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes, o índice DXY, que já operava nos maiores níveis desde novembro, chegou a superar os 106,000 pontos, com máxima em 106,109 pontos.

O chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia, afirma que o real, embora sofra menos que divisas pares, teve desempenho inferior ao de outras moedas latino-americanas na semana - o que, segundo ele, pode ser atribuído, em parte, ao aumento dos ruídos políticos locais e à crescente desconfiança em torno do compromisso do governo com o arcabouço fiscal.

"A manobra para mudar o arcabouço e liberar mais recursos neste ano pegou mal. E as questões envolvendo a Petrobras (a crise política que envolveu o presidente da empresa, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira) não ajudam", diz Garcia.

Bolsa

Na mão inversa, o Ibovespa, o principal indicador da Bolsa de Valores, registrou queda de 1,14%, aos 125,9 mil pontos. Na semana, o índice da B3 acumulou perda de 0,67%, após retração de 1,02% no período anterior. Já no mês, o Ibovespa recua 1,69%. Em Nova York, as perdas ficaram entre 1,24% (Dow Jones) e 1,62% (Nasdaq).

Na B3, poucas entre as principais ações escaparam ao dia de correção. Vale (ON -0,37%) e Petrobras (ON -0,81%, PN -0,92%) não ficaram imunes, apesar do avanço ontem nos preços do minério e do petróleo. "O retrato da semana é de muita cautela, principalmente na Bolsa, com falta de atratividade para trazer recursos ao Brasil no momento, o que se reflete na cotação alta do dólar", resumiu Dierson Richetti, sócio da GT Capital.

A preocupação com o cenário global e a maior cautela em relação ao futuro da política fiscal dominaram as discussões que executivos do mercado tiveram ontem com diretores do Banco Central. As reuniões ocorreram na sede da autarquia em São Paulo. Pelo BC, participaram os diretores Diogo Guillen (Política Econômica) e Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos), segundo os relatos.

Os encontros são uma forma de os diretores do BC colherem as avaliações do mercado sobre o cenário econômico, para embasar a formulação dos relatórios trimestrais de inflação. O próximo documento será divulgado em 27 de junho.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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