O português do Salgueiro

HISTÓRICO Com a vitória nos pênaltis sobre o Santa Cruz, técnico português Daniel Neri se tornou o primeiro europeu a conquistar o Estadual

Lucas Holanda
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Lucas Holanda
Publicado em 06/08/2020 às 11:57
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
HISTÓRIA Treinador português Daniel Neri foi campeão pernambucano com o Salgueiro - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
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Mister, mister, mister! Os jogadores do Salgueiro entoaram o grito efusivamente ontem após a conquista do título inédito do Campeonato Pernambucano. A explicação é óbvia: Daniel Neri, treinador do Carcará, é português, assim como Jorge Jesus, o técnico (mister) que fez história no Flamengo antes de voltar ao Benfica este ano.

O técnico esteve em Pernambuco pela primeira vez em 2004, para fazer um intercâmbio justamente no Santa Cruz. Nessa época conheceu uma pernambucana, por quem se apaixonou. Precisou voltar à terra natal para encerrar a faculdade, onde casou com com a amada, construiu família e voltou de vez para o Brasil. 

Nove treinadores estrangeiros já tinham sido campeões pernambucanos. No entanto, dentre os nomes, apenas sul-americanos. Só que isso mudou em 2020. Com o título estadual do Salgueiro, o primeiro da história do clube, o técnico português Daniel Neri, nascido em Amarante, norte de Portugal, escreveu uma nova página na história no futebol pernambucano. Além de ser o comandante que deu a um time do interior a conquista do Estadual, ele se tornou o primeiro europeu a vencer o Estadual.

Na primeira fase, uma campanha que rendeu ao clube o 2º lugar na primeira fase do torneio. Depois, uma goleada diante do Afogados na semifinal. Em seguida, título inédito conquistado com o Salgueiro diante do Santa Cruz, na grande decisão de 2020.

Em 2019, o português Jorge Jesus encantou o futebol brasileiro ao conquistar o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores da América diante do Flamengo. Com um estilo de jogo intenso e em busca do gol o tempo inteiro, o comandante foi peça chave para o clube carioca conquistar o nacional além do bi continental. O técnico do Salgueiro evita comparações não só com Jorge Jesus, que hoje está no Benfica, mas também com outros treinadores lusos.

"Só porque os treinadores portugueses estão em alta, não é por isso que sou bom. E nem porque os técnicos portugueses estão em baixa, eu sou ruim. Então eu descarto isso. Minha formação foi em Portugal. O clube em que eu convivi muito foi o Porto, onde estive seis anos, com José Mourinho à frente da equipe principal e deixou um legado. Essas foram as bases de onde eu realmente apreendi o que era futebol e pensar o futebol", disse Daniel Neri, que completou falando da sua trajetória no futebol brasileiro até o título inédito com o Salgueiro.

"Na prática, onde eu conquistei as coisas em campo foi no Brasil. Não tenho empresário e estou numa final de Campeonato Pernambucano (acabou campeão). Comecei no Porto de Caruaru, com o sub-17 e depois no profissional. Depois no sub-17 e sub-20 do Sport. Em seguida, uma passagem rápida no Flamengo de Arcoverde, clube que eu achei que tinha uma estrutura, mas não tinha. Ali conheci como o futebol do interior tem muitas dificuldades", afirmou o técnico campeão pernambucano.

"O Salgueiro é uma equipe do interior, mas é um clube que o povo da cidade tem um carinho muito grande. É com esse espírito que a gente convive no dia a dia. É um trabalho que representa uma cidade e um clube. Temos uma direção apaixonada pelo clube e pela cidade. E tudo isso vem para dentro de campo. São jogadores pelo clube, pelo presidente e pelas pessoas que encontram no dia a dia. É um clube com uma característica familiar. Uma família que entra dentro de campo e quer vencer", finalizou o treinador português.

Confira todos os técnicos campeões estrangeiros no futebol pernambucano antes de Daniel Neri. Pelo Sport, sete comandantes foram campeões: Carlos Viola (Uruguai) em 1928, Ricardo Díez (Uruguai) em 1941, Valentim Navamuel (Argentina) em 1942 e 1943, Aurélio Munt (Paraguai) em 1945, Salvador Perine (Uruguai) em 1949, José Fiorotii (Uruguai) em 1953 e Dante Bianchi (Argentina) em 1956 e 1958. Pelo lado do Náutico, dois campeões: Umberto Cabelli (Uruguai) em 1939 e Alfredo González (Argentina) em 1963. Pelo lado do Santa Cruz, apenas um: Alfredo González em 1957.

 

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