A direção da Fórmula 1 confirmou os rumores nesta quinta-feira e incluiu uma etapa na Arábia Saudita no calendário de 2021. Segunda maior cidade do país, Jeddah vai sediar uma corrida de rua e noturna. As partes não revelaram o tempo de contrato do país com a categoria, que foi alvo de críticas nos últimos anos ao cogitar realizar uma prova na Arábia Saudita.
"Estamos empolgados em dar as boas-vindas à Arábia Saudita para a temporada 2021 e receber este anúncio oficial após especulações nos últimos dias", disse Chase Carey, CEO da F-1. "Trata-se de um país que está se tornando rapidamente um ponto central para esportes e entretenimento, com grandes eventos sendo realizados lá nos últimos anos."
De acordo com Carey, uma das motivações de levar à F-1 ao país é a sua população jovem. "A região é extremamente importante para nós e 70% da população tem menos de 30 anos. Estamos empolgados com o potencial de alcançar novos fãs e levar os antigos para este local histórico."
A corrida de rua será realizada em estradas na beira do Mar Vermelho. Mas os organizadores já indicaram que pretendem construir um autódromo no país, na capital Riad, até 2030. Nos últimos anos, a Arábia Saudita vem estreitando os laços com a F-1 de forma gradual. A Aramco, empresa estatal de petróleo de gás do país, já se tornou um dos principais patrocinadores da categoria.
Ao mesmo tempo, a F-1 vinha enfrentando críticas por negociar o possível GP, confirmado nesta quinta, em razão das denúncias de crimes contra os direitos humanos no país. O príncipe Mohammed bin Salman chegou a ser acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que criticava o regime em sua coluna no jornal The Washington Post. O crime aconteceu no consulado da Arábia Saudita na Turquia, em 2018.
Para entidades, como a Human Rights Watch, as iniciativas do país em receber eventos esportivos, como a F-1 e a Fórmula E, há alguns anos, é uma "estratégia deliberada de desviar a atenção e mudar a imagem de um violador generalizado dos direitos humanos" Outras falam que o país tenta "lavar as violações".
"Se nós quiséssemos encobrir qualquer coisa, nós não abriríamos nosso país para que as pessoas pudessem vir aqui e ver, e encontrar nosso povo e conversar livremente com ele", disse o príncipe Khalid bin Sultan al-Faisal, presidente da Federação de Automobilismo e Motociclismo da Arábia Saudita.
"Talvez nós façamos as coisas de um jeito diferente, em comparação a outros países do mundo. Mas, para nós, estamos evoluindo. Estamos nos abrindo, não temos nada para esconder, então não há nada para lavar", declarou o dirigente.
No quesito mudanças, o GP saudita terá ao menos uma diferença mais chamativa em comparação aos demais. Não haverá estouro de champagne na comemoração do vencedor no pódio. Isso porque a lei saudita proíbe o consumo de bebida alcoólica no país.
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