racismo no futebol

Mundo do esporte aplaude interrupção de PSG x Basaksehir

Jogadores abandonaram a partida após ataque racista. Jogo foi adiado para esta quarta-feira como novo quadro de arbitragem

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Publicado em 09/12/2020 às 10:30
FRANCK FIFE / AFP
Jogadores dos dois times foram solidários a um membro da comissão técnica do Istanbul - FOTO: FRANCK FIFE / AFP

A histórica interrupção da partida da Liga dos Campeões entre Paris Saint Germain e Basaksehir de Istambul, após o ataque racista do quarto árbitro, recebeu apoio unânime do mundo do esporte. A comunidade esportiva espera agora que a reação represente um marco para eliminar o racismo dos estádios.

O confronto válido pela 6ª rodada do grupo H da Liga dos Campeões será disputado nesta quarta-feira, a partir do momento em que foi interrompido na véspera, aos 14 minutos do primeiro tempo. Não contará com a equipe de arbitragem romena que estava em campo na terça-feira.

Ouvir o quarto árbitro Sebastian Coltescu designar o treinador assistente Pierre Achille Webó como "o negro" em romeno ("negru") provocou a revolta dos jogadores e da comissão técnica do time turco, e depois do PSG, que concordaram em abandonar o gramado após alguns minutos de conversas tensas.

A postura dos atletas foi inédita no futebol. "Um gesto de dimensão sem precedentes e de um impacto incrível", afirma o jornal esportivo francês L'Equipe. "Os jogadores disseram basta!", destaca Le Parisien. "Demos uma lição no árbitro racista", comenta o jornal turco Hurriyet. Ainda na terça-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdohan, condenou o incidente.

Na Espanha, o jogo PSG-Basaksehir ofuscou o reencontro entre os astros Lionel Messi e Cristiano Ronaldo na capa do jornal As: "Stop ao racismo". Para o italiano Gazzetta dello Sport "aconteceu algo inédito e sobretudo muito grave".

Um evento "estranho e particularmente surpreendente que pode ser um ponto de inflexão na luta contra a discriminação no futebol", afirma o britânico The Guardian.

Investigação e novo árbitro

O jogador senegalês Demba Ba pediu explicações ao quarto árbitro: "Por que na hora de falar de um cara branco você diz 'esse cara', e na hora de falar de um cara negro você diz 'esse cara negro'?", perguntou em inglês o atleta do Basaksehir. Em seguida, Mbappé afirmou que não continuaria jogando, se Coltescu permanecesse no gramado. "Não aceitamos. Você é racista", disse o técnico do Basaksehir, Okan Buruk, ao quarto árbitro.

Depois de 10 minutos de discussões, os jogadores seguiram para os vestiários. Duas horas mais tarde, a Uefa anunciou oficialmente o adiamento do jogo.

A entidade anunciou uma "investigação profunda" sobre o tema. O código disciplinar prevê suspensão de pelo menos 10 partidas por comportamento racista, ou discriminatório.

O veterano holandês Danny Makkiele será o árbitro dos 76 minutos restantes de uma partida (0-0), cujo interesse esportivo passou para o segundo plano.

O PSG se classificou para as oitavas de final, graças à vitória do RB Leipzig sobre o Manchester United (3-2). O clube precisa da vitória contra o Basaksehir para terminar como líder da chave.

A partida será recordada em um ano marcado pelo crescente compromisso ativista do mundo do esporte, especialmente no futebol, onde até agora a Uefa desejava manter a política o mais longe possível dos estádios.

A indignação de muitos atletas americanos contra a injustiça racial, dentro do movimento Black Lives Matter, provocou ações do outro lado do Atlântico.

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