O anúncio nesta quinta-feira por diversos meios de comunicação da demissão de seu treinador, Thomas Tuchel, é uma reviravolta inesperada: depois de duas temporadas e meia e uma derrota na final da Liga dos Campeões, o Paris Saint-Germain parece querer confiar seu futuro a um velho conhecido da casa, o argentino Mauricio Pochettino.
Anunciada pelos franceses L'Equipe e RMC e também pelo jornal alemão Bild, a demissão não foi confirmada nem negada pelo clube. Um porta-voz do PSG disse à AFP que "não tinha ideia" de quando uma declaração oficial seria divulgada.
A vitória de quarta-feira sobre o Strasbourg (4-0) parecia garantir um feriado tranquilo, deixando em segundo plano os rumores de um desentendimento persistente entre Tuchel, de 47 anos, e o diretor esportivo brasileiro Leonardo. Mas algumas horas depois veio o terremoto.
Pela segunda vez na 'era Catar' (que começou em 2011), depois de Antoine Kombouaré em dezembro de 2011, o PSG teria decidido trocar de treinador durante uma temporada em curso, pondo fim a dois anos e meio de relacionamento muitas vezes complicado com o treinador alemão.
Desse modo, Tuchel teria sido convidado a fazer as malas na véspera de Natal, depois de ter obtido a classificação para as oitavas de final da Champions, conquistada com muito suor, um trunfo que parecia sugerir sua continuidade à frente do time até o final de seu contrato, em junho de 2021.
Segundo informações dos canais franceses RMC e Téléfoot, Pochettino, que atualmente está sem clube, vai comandar a equipe na volta aos treinos, no dia 3 de janeiro.
Assim como o alemão, o técnico argentino foi afastado do Tottenham em novembro de 2019, cinco meses depois de chegar à primeira final de Champions da história do clube londrino, que acabou perdendo para o Liverpool (2-0).
Falta de reconhecimento
Da mesma geração de 'TT', Pochettino tem uma vantagem: ao contrário do ex-jogador do Borussia Dortmund, ele é muito popular entre os torcedores. Jogou dois anos e meio como zagueiro central do PSG, entre 2001 e 2003, deixando uma imagem imaculada de capitão.
Tuchel, por sua vez, sempre se queixou de falta de reconhecimento. Em entrevista ao canal alemão Sport1 transmitida na quarta-feira, ele admitiu se sentir "um pouco triste ou desgostoso" devido a essa decepção, apesar de ter conquistado os quatro títulos nacionais na temporada passada.
Ele também explicou os detalhes que seu cargo exigia: "Durante os primeiros seis meses, me perguntei: ainda sou um treinador ou um ministro dos esportes?".
"Foi uma piada em alemão", defendeu ele em uma entrevista coletiva naquela noite. Mais um mal-entendido que poderia ter custado caro a ele... "Mas o que Tuchel está jogando?", perguntou o jornal Le Parisien na manhã desta quinta-feira.
Esses mal-entendidos fazem parte de seu legado, com seis títulos, mas também alguns erros crassos.
Por um lado, o treinador caloroso, próximo aos jogadores, que devolveu o sorriso ao super astro Neymar, que não se dava bem com seu antecessor, Unai Emery. O famoso "espírito" foi um dos motores da jornada épica em Lisboa, até a final perdida diante do Bayern de Munique (1-0).
"Ele conseguiu criar um grupo muito sólido. É um jovem treinador, tem ideias, tem um carácter muito bom conosco", resumiu o meia Marco Verratti no dia 1º de dezembro.
Duas viradas traumáticas
Por outro lado, Tuchel é o homem da segunda virada traumática, sofrida contra o Manchester United em março de 2019, quando perdeu em casa a partida de volta da Liga dos Campeões por 3 a 1 (após vencer na ida por 2 a 0). "Minha pior lembrança", admitiu mais tarde.
Ultimamente, seu confronto com Leonardo sobre o mercado de contratações, que lhe rendeu um puxão de orelha público do dirigente, mostrou um treinador isolado.
Este início de temporada em que a equipe ainda não decolou tem pesado na balança. Desde o clássico perdido para o Olympique de Marselha (1-0) em setembro até a derrota diante do Lyon pelo mesmo resultado em dezembro, o PSG viveu quatro meses difíceis, pontuados por muitas lesões.
Terceiro na Ligue 1, apenas um ponto atrás do líder Lyon, ainda tem grandes chances de conquistar o décimo título de campeão francês. O time também é um dos favoritos nas oitavas de final da Champions, onde vai enfrentar o Barcelona de Lionel Messi em fevereiro e março. Mas Tuchel não deverá estar presente nesses jogos.
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