Atletismo

Sem pista para treinar, Erica Sena luta contra dificuldades por sonho de medalha em Tóquio-2021

Pernambucana é a única atleta do Estado garantida nos Jogos Olímpicos do Japão

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Luana Ponsoni

Publicado em 13/01/2021 às 10:31 | Atualizado em 13/01/2021 às 10:37
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Se nos Jogos do Rio-2016 Pernambuco bateu recorde de representantes, com 13 atletas, às vésperas de Tóquio-2021 apenas Erica Sena está garantida no maior evento poliesportivo do mundo. A marchadora conquistou o índice estipulado pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) em abril de 2019, um ano antes da pandemia do coronavírus forçar a interrupção do calendário competitivo mundial. Nem por isso, Erica vive dias tranquilos. Com a meta de conquistar uma medalha no Japão, lida com limitações estruturais, de logística e até questões emocionais para não desviar do grande objetivo. 

"Eu sofri muito com tudo isso, todo mundo sofreu. Eu tive muitos problemas psicológicos pela incerteza dos Jogos Olímpicos. Não saber se íamos ter os Jogos em 2020 e talvez nem em 2021 acabou comigo. Pensei em parar muitas vezes e, graças ao meu treinador, Andrés Chocho, eu não parei. Ainda temos dificuldades para treinar, estou sem pista e tenho que treinar de máscara. Pra mim, ainda continua igual de ruim", contou Erica que obteve o inédito sétimo lugar para a marcha atlética feminina do Brasil na Rio-2016.

Radicada em Cuenca, no Equador, Erica passou o auge da pandemia trancada em casa, como muitos atletas. Foram três meses adaptando exercícios em espaço limitado. Depois ela pode ganhar as ruas da cidade onde mora, mas tendo que se acostumar com a intensidade da modalidade ao uso das máscaras. Só após dois meses nessa rotina vivenciou dias mais tranquilos de preparação em uma pista de atletismo na cidade de Rio Mar, em Portugal. Erica também teve a possibilidade de disputar o Troféu Brasil, em São Paulo. Mas segue sem um local fixo de treino.

"Se aqui no Equador continuar assim, tenho que sair para poder fazer minha preparação da melhor forma, sem limitações, por exemplo sempre no meu período de base eu faço muito natação, esse ano eu não nadei nem um dia. Quero poder treinar sem usar máscara, meu treinador está vendo a possibilidade de fazer um camping fora. Queremos fazer algumas competições antes dos jogos", contou.

Enquanto o calendário de competições não é totalmente normalizado, tampouco as condições de treinamento da pernambucana no Equador, ela vem usando o perfil no Instagram como grande fonte de motivação. Nas postagens, o tom de luta e busca por um sonho - medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio -  são uma constante.

"Rio-2016 foram os meus primeiros Jogos Olímpicos, e foi em casa, totalmente sem experiência em competir uma prova dessa, tão importante. Tive alguns problemas antes da prova, o que provavelmente diminuiu o meu rendimento. Mas, apesar de tudo, fiquei feliz com minha participação (inédito sétimo lugar para o Brasil), apesar de querer um pouco mais. Aprendi muitas coisas não só com Rio-2016, mas com todas as competições do ciclo olímpico. Chego a Tóquio uma atleta totalmente diferente.

DEMAIS PERNAMBUCANOS

 Primeira atleta do Brasil a se qualificar aos Jogos Olímpicos de Tóquio-2021 no atletismo, a pernambucana Erica Sena é a única do Estado a ter presença garantida no evento até o momento. Mas ela acredita que o cenário vai mudar nos próximos meses. Mesmo faltando pouco menos de 200 dias para o maior evento poliesportivo do mundo. Em Tóquio, a marchadora acredita que terá a companhia ainda de conterrâneos como a saltadora Keila Costa, o lançador do Martelo Wagner Domingos, da goleira Bárbara e da nadadora Etiene Medeiros.

"Eu acredito que vamos ter mais pernambucanas nos Jogos como Etiene, Bárbara, Wagner (Domingos) e quem sabe a Keila (Costa). Talvez por tudo isso que está acontecendo (covid-19). Não ter provas para competir está travando um pouco a classificação. Tivemos também alguns atletas que se aposentaram como Cisiane (Dutra, também da marcha atlética) e Joanna (maranhã, da natação) que participaram dos Jogos do Rio", analisou.

 

 

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