Final da Eurocopa marcada pela variante Delta, que preocupa G20 e EUA
Horas antes do jogo, centenas de torcedores ingleses se aglomeravam perto do Estádio de Wembley, cantando alto e bebendo cerveja
A progressão da variante Delta do coronavírus, altamente contagiosa, levanta preocupações de que as comemorações pela final da Eurocopa, neste domingo (11), na Inglaterra, espalhem ainda mais a doença, que "preocupa" o G20 e os Estados Unidos.
Itália e Inglaterra se enfrentam a partir das 16h00, no horário de Brasília, diante de mais de 60 mil espectadores no Estádio de Wembley, próximo à capital britânica, cuja capacidade subiu para 75% neste dia já histórico para o seleção da Inglaterra, na final de uma competição pela primeira vez desde 1966.
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"Algumas pessoas estão preocupadas que alguns não estejam usando máscaras", disse à AFP Yvette Reinfor, uma professora de 49 anos que mora perto do estádio. "É irritante, mas também tem um bom ambiente", acrescentou.
No centro de Londres, na Trafalgar Square, uma "fan zone" se preparava para receber, respeitando as regras do distanciamento, 1.500 sortudos que ganharam uma entrada na internet.
Não é o estádio que mais preocupa os especialistas, mas sim as reuniões, sobretudo em espaços fechados, que o evento esportivo vai gerar, principalmente no Reino Unido, onde quase todas as restrições foram levantadas e onde foram registados 30 mil novos casos diariamente na semana passada.
"É possível, até provável, que regiões pouco afetadas pela epidemia no Reino Unido sejam semeadas pelos torcedores que retornarem de Londres", alertou Antoine Flahault, diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Genebra.
"A variante Delta está chegando ao continente europeu, parece difícil de conter porque é muito transmissível, e a Eurocopa não ajuda", disse ele à AFP.
As infecções por novas variantes do coronavírus representam um perigo para a economia mundial, segundo os Estados Unidos e o G20.
"Estamos muito preocupados com a variante Delta e outras variantes que podem surgir e ameaçar a reativação", disse a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, à margem do G20 neste domingo em Veneza.
"Temos uma economia global conectada, o que acontece em uma parte do mundo afeta todos os outros países", acrescentou.
Uma advertência idêntica foi emitida no dia anterior pelos ministros das Finanças do G20.
A principal preocupação é a variante Delta, que apareceu na Índia e está se espalhando rapidamente, causando surtos na Ásia e na África e aumentando o número de casos na Europa e nos Estados Unidos.
Os líderes dos 20 países mais ricos pediram uma aceleração da vacinação em todo o mundo e prometeram fazer mais para apoiar os países em desenvolvimento.
Em alguns países desenvolvidos, 70% da população já está vacinada, mas o índice é inferior a 1% em alguns países de baixa renda, destacou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
A União Europeia atingiu sua meta de ter doses suficientes para vacinar 70% de sua população adulta de cerca de 366 milhões de pessoas, anunciou no sábado a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
Outras regiões do mundo têm menos sorte.
Bangladesh assinou acordos para 17,5 milhões de doses adicionais de vacinas contra a covid-19, anunciou o ministério da Saúde no sábado. O país de 169 milhões de habitantes registra recordes de mortalidade e já ultrapassou um milhão de casos.
Sua população está sujeita ao confinamento mais severo desde o início da pandemia. O Exército patrulha as ruas para manter as pessoas em casa.
Muitos países, como Espanha, Holanda ou Tailândia, decidiram reintroduzir restrições sanitárias.
O presidente francês, Emmanuel Macron, pode anunciar medidas semelhantes na segunda-feira devido à variante Delta, e a Argentina estendeu suas restrições até o início de agosto.
A partir de quarta-feira, Malta fechará suas fronteiras para viajantes não vacinados, tornando-se o primeiro país da Europa a adotar essa medida.