Parafraseando o frevo Voltei Recife, de Luiz Bandeira, o breaking entra na cabeça, depois toma o corpo e acaba no pé. A nova modalidade olímpica tem tudo para cair no gosto popular e um pernambucano está focado em carimbar o passaporte para as Olimpíadas de Paris em 2024. Autodidata e com movimentos rápidos, José Ailton Santiago, ou melhor bboy Flash, faz parte da primeira Seleção Brasileira de breaking da história. Foram convocados 12 dançarinos, divididos entre masculino e feminino.
Mas, afinal, o que é o breaking? Essa pergunta deve se repetir bastante nos próximos dois anos, já que a modalidade será a primeira dança esportiva a fazer parte do programa olímpico. De acordo com o Conselho Nacional de Dança Desportiva (CNDD), órgão que promove, orienta, regula e realiza campeonatos, o novo esporte desenvolve manobras acrobáticas conforme as batidas da música, tendo como um dos pilares a cultura Hip Hop.
Na disputa, os bboys e bgirls, como são conhecidos os dançarinos, competem em batalhas, com a música sendo escolhida na hora pelo DJ. Os critérios para escolher o vencedor são a criatividade, personalidade, técnica, variedade, performance e musicalidade, isso dentro de uma subjetividade característica.
Para acelerar a preparação dos atletas brasileiros, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) estreitou laços com o CNDD e a primeira seleção foi convocada. Foi aí que o pernambucano José Ailton, de 25 anos, natural de João Alfredo, no Agreste do Estado, ganhou mais notoriedade. “Eu sou um caso meio louco. Aprendi a dançar sozinho, em 2009, assistindo a DVDs. Comecei a treinar na marra e fiquei até hoje perseverando", conta o dançarino, que é professor formado em geografia pela Universidade de Pernambuco (UPE) e cursa educação física na Universidade Federal.
A pandemia acabou impulsionando a carreira de José Ailton, que recebeu o apelido de Flash por conta da velocidade nos movimentos. “Os campeonatos começaram a ser online e tive a oportunidade de participar e ganhar vários. Foi aí que explodi e tive reconhecimento nacional”, destaca o dançarino da seleção brasileira, que vivenciou uma verdadeira imersão pelo mundo olímpico, no Centro de Treinamento do COB. “Estou focado e treinando como nunca, com foco de chegar à Olimpíada e conquistar uma medalha”, detalha.
O próximo desafio do bboy Flash será o WDSF BfG Challenge Series Breaking, em Cali, na Colômbia, no próximo dia 4 de junho.
Quais são as chances do Brasil conquistar medalha nas Olimpíadas?
O diretor-técnico de breaking do CNDD, José Bispo de Assis, mais conhecido como Bispo SB, acredita que o pernambucano tem potencial e já é uma realidade. “Ele tem velocidade, criatividade e musicalidade, que são atributos muito importantes para um campeão olímpico, segundo critérios da arbitragem internacional”, destacou. “O Flash é um dos mais novos e está em nível de competir com os melhores do País. Ele tem muito caminho de crescimento até para participar das Olimpíadas em 2028”, acrescentou.
Para além do esporte, o breaking também é um estilo de vida e tem a capacidade de envolver crianças e adolescentes. Não à toa, a modalidade encantou o público dos Jogos da Juventude Buenos Aires 2018, chamando, assim, a atenção do Comitê Olímpico Internacional. Com isso, José Aílton espera expandir a sua capacidade de educar para além da geografia. “Tenho o objetivo de plantar a semente da modalidade na minha cidade e montar um projeto”, planeja.
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