AFP
O sonho do segundo título mundial consecutivo para a França de Kylian Mbappé, um feito que não acontece desde os tempos de Pelé, terá nesta quarta-feira (14) um desafio de alta exigência nas semifinais da Copa do Mundo, contra o Marrocos, surpresa do torneio e que no Catar joga praticamente em casa.
Especialistas em reverter situações complicadas, entre elas a lesão do Bola de Ouro Karim Benzema e de outros nomes como Paul Pogba e N'Golo Kanté, a seleção de Didier Deschamps enfrenta os 'Leões de Atlas' que, em solo árabe, souberam se profissionalizar na arte de derrubar gigantes.
Embora expressem abertamente sua admiração pela seleção marroquina, uma equipe defensiva impenetrável que só levou um gol na competição e que tem um contra-ataque mortal, os franceses preferem se concentrar em não perder uma oportunidade histórica.
Se os 'Bleus' levantarem o troféu no estádio Lusail no domingo (18), a França será a primeira seleção a repetir o feito do Brasil de Pelé, Zagallo e Garrincha, que faturaram duas edições de forma consecutiva, em 1958 e 1962.
"Quanto mais avançamos na competição, mais nos aproximamos de algo forte e grande, todos queremos levar essa aventura o mais longe possível. Isso exige uma extrema concentração", disse o capitão francês Hugo Lloris aos jornalistas nesta terça (13).
- Oponente de alto risco -
Para "continuar a aventura", em que já quebrou a 'maldição dos campeões' e sobreviveu a uma chuva de lesões, a França terá que encontrar um caminho para furar a defesa de aço da seleção marroquina, a menos vazada da competição, com apenas um gol sofrido em cinco jogos.
Para tal desafio, Deschamps tem à disposição o astro Mbappé, que já tem cinco gols no Mundial, Olivier Giroud, o maior artilheiro da história dos 'Bleus' com 53 gols e que anotou quatro no Catar e os armadores Antoine Griezmann e Ousmane Dembélé, que somam cinco assistências para a equipe.
Destaque na competição pelas suas defesas e simpatia, o goleiro marroquino Yassine Bounou só levou um gol até agora na competição, contra o Canadá, país onde nasceu.
"Quando um time é capaz de superar Bélgica, Espanha e Portugal, e terminar em primeiro lugar no grupo, é muito difícil. Há muitas qualidades dentro de campo e certamente fora dele, em termos de coesão e espírito de equipe. Será um adversário formidável”, avaliou Lloris.
O embate desta quarta também tem contornos para além das quatro linhas: a influência do Estado francês na região do Magrebe, antes da independência do Marrocos, em 1956. Um histórico que traçou laços de dominação e amizade que tornam este encontro muito simbólico para os milhares de marroquinos que vivem em território francês.
"Continua sendo uma partida de futebol, mesmo que haja história e muita paixão", disse Didier Deschamps em coletiva de imprensa na véspera do confronto.
- Recuperação e apoio da torcida -
A expectativa é que o estádio Al-Bayt seja um caldeirão de torcedores do Marrocos, a primeira seleção africana a alcançar uma semifinal de Copa do Mundo, que se tornou referência em seu continente e conta com o apoio de muitos fãs no primeiro Mundial organizado no mundo árabe.
Essa atmosfera é vital para injetar energia e força a uma equipe que vem crescendo na competição, mas que sofre dificuldades para administrar um elenco com jogadores lesionados, sobretudo pelo intenso ritmo da fase final, como na prorrogação e disputa de pênaltis nas oitavas contra a Espanha.
O lateral-direito Achraf Hakimi tem jogado com problemas físicos desde o início do torneio e a dupla de zagueiros, formada por Nayef Aguerd e Romain Saïss, é dúvida para a semifinal, embora o treinador Walid Regragui tenha tranquilizado a torcida nesta terça ao dizer que o time titular está "recuperado e sem baixas".
"Temos muitos lesionados, mas estão se recuperando bem, temos uma equipe médica de alto nível, todo dia nos dão boas notícias", disse Regragui aos jornalistas.
O vencedor da partida enfrenta quem passar da outra semifinal, entre a Argentina de Lionel Messi e a Croácia de Luka Modric, no estádio Lusail, na grande final.
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