Apesar de o elenco do Santa Cruz ser bastante enxuto e ainda carecer de peças para algumas posições - lateral esquerda e atacante de velocidade -, o técnico Itamar Schulle vem conseguindo extrair o melhor do plantel. Muitas vezes, por sinal, os jogadores são acionados em funções que não são suas originárias. E, mesmo assim, os resultados estão acontecendo em campo e o Tricolor do Arruda já está invicto há 12 partidas: sete vitórias e cinco empates. Entretanto, além da versatilidade de vários jogadores corais, a comissão técnica tem exercido um papel fundamental na formatação do estilo de jogo para que essa versatilidade seja evidenciada e, principalmente, que as carências apresentadas não sejam exploradas pelos adversários.

Em conversa com o repórter João Victor Amorim, da Rádio Jornal, o auxiliar técnico do Santa Cruz, Lucas Isotton, detalhou a importância de estabelecer um planejamento tático e também do rápido entendimento do elenco à filosofia de trabalho de Itamar Schulle. "Nosso trabalho tático é feito através de análise do que vamos fazer na equipe. Além disso, trabalhamos a periodização quando temos tempo, como foi no início do ano e no período antes da volta do futebol, após a paralisação por conta da pandemia. Trabalhamos em cima de vídeos e isso é levado para dentro do campo para que possamos treinar. Não adianta ter a teoria e não aliar tudo isso a prática. Nós procuramos avaliar o trabalho da nossa em cinco pilares importantes: organização ofensiva, organização defensiva, transição defensiva, transição ofensiva e bolas paradas. Isso tudo analisamos dos nossos adversários também e em cima da nossa equipe. Fazemos sempre uma análise após os jogos da nossa equipe, como nos comportamos e o que precisamos melhorar nesses aspectos citados. E, antes do jogo, analisamos tudo isso dos adversários, aliando a estratégia de jogo específica para o confronto, além das variações de sistemas que podem ocorrer durante a partida", explicou Isotton.

Nas últimas partidas da Série C, o Santa Cruz tem utilizado uma formação com mais atletas no setor de meio de campo - André, Paulinho, Didira, Chiquinho e Jáderson -, que possuem características de posse e toque de bola. E tem surtido efeito, já que o time venceu os últimos confrontos. Algo que tende a ser repetido nas próximas rodadas. "Sempre costumo falar que trabalhamos em cima de conceitos. E eles estão bem elaborados a esse planejamento que trabalhamos desde o início do ano. Em cima disso, trabalhamos variações e encaixe de sistemas de jogo. Mas pra que isso aconteça precisa de tempo e de atletas com as características que precisamos e buscamos. A chegada do Jáderson foi muito importante... Por isso batemos tanto na situação dos extremos (de contratar atacantes de velocidade). A recuperação de Chiquinho também foi fundamental. Tudo isso pode nos possibilitar fazer uma equipe forte. Pra construir um time sólido precisa de repetição. Em cima disso, precisamos construir a nossa ideia de jogo e buscar as variações dentro do jogo com as características dos atletas que temos e não sermos uma equipe previsível", contou o auxiliar de Itamar Schulle.

ENCAIXE DEFENSIVO

Sem dúvida alguma, e os números comprovam isso, o setor defensivo é o que compreendeu bem a metodologia de trabalho da comissão técnica tricolor e vem obtendo um encaixe perfeito ao longo da temporada, sendo uma das defesas menos vazadas do Brasil - sofreu 15 gols em 27 jogos disputados em 2020. "Analisamos os números e a parte defensiva do nosso time, a organização e a transição foram satisfatórias. Mesmo com a saída de Fabiano, um atleta importante e que nos dava uma segurança defensiva, além de já estar entrosado. Agora estamos buscando encontrar esse encaixe para manter isso", declarou Lucas Isotton.